Postado em março de 2007 no “Pensatas”.
Fico pensando como o cachimbo foi desaparecendo da mídia! Até porque o anti-tabagismo tornou-se uma verdadeira obsessão.
Antigamente, era comum assistir um filme e encontrar um Gary Cooper, ou um Cary Grant com um belo e charmoso cachimbo pendurado na boca. Naquela época era charme. Hoje em dia... só em filmes de Sherlock Holmes. Ou do Inspetor Maigret. Mas até estes heróis estão fora de moda.
Estava a assistir um documentário no History Channel sobre Grand Prix dos tempos de Fangio, quer dizer décadas de 1950 ou 1960. E lá estavam eles. Técnicos, donos de escuderias, até mecânicos, às dezenas fumando uma “pipa”. Era rara a cena em que não aparecesse um cachimbeiro. Nem que fosse ao fundo.
Tinha anúncio de cachimbos Dr. Plumb em revistas estadunidenses. E, aqui no Brasil vi muitos anúncios da Souza Cruz anunciando os seus fumos “Royal Club”, “Timoneiro”, “Tilbury” e Buldog”. O Jacinto de Thormes, que era o colunista social mais “chic” da época, aparecia em propagandas de cachimbos.
O negócio é que, de repente começou a ficar meio fora de moda mesmo.
E isso se reflete em várias vertentes. A começar pelas tabacarias. Houve um tempo em que cada esquina do centro do Rio tinha uma biboca expondo cachimbos e cheias de tabacos importados. Pode parecer exagero, mas era isso mesmo. Eram dezenas de pequenas lojas espalhadas da Cinelândia à Praça Mauá.
Sobraram algumas. Mas somente as grandes, como a Tabacaria Africana na Praça XV, aberta ao público desde os tempos do império. E algumas outras tradicionais, como a Griphus, na Buenos Aires com o Mercado das Flores, uma outra na Senhor dos Passos, claro que de “turcos”, ou aquela da galeria na rua 13 de Maio. E finalmente a do subsolo do Edifício Avenida Central.
Resquícios.
Daí, concluo que sou um animal em vias de extinção. Pelo cachimbo, e, claro, também pelos meus 34 anos (1) de casado com a mesma mulher. Coisa mais demodée!!!
Adendo em dezembro de 2008
Bem a propósito, ontem fui a Copacabana e encontrei uma excelente Tabacaria na altura do Lido, mais precisamente na Avenida Prado Júnior, no quarteirão da praia. Trata-se da Mr. Smoker. Taí, gostei da variedade de tabacos e charutos da casa.
(1) Hoje, 36 anos.
Fico pensando como o cachimbo foi desaparecendo da mídia! Até porque o anti-tabagismo tornou-se uma verdadeira obsessão.
Antigamente, era comum assistir um filme e encontrar um Gary Cooper, ou um Cary Grant com um belo e charmoso cachimbo pendurado na boca. Naquela época era charme. Hoje em dia... só em filmes de Sherlock Holmes. Ou do Inspetor Maigret. Mas até estes heróis estão fora de moda.
Estava a assistir um documentário no History Channel sobre Grand Prix dos tempos de Fangio, quer dizer décadas de 1950 ou 1960. E lá estavam eles. Técnicos, donos de escuderias, até mecânicos, às dezenas fumando uma “pipa”. Era rara a cena em que não aparecesse um cachimbeiro. Nem que fosse ao fundo.
Tinha anúncio de cachimbos Dr. Plumb em revistas estadunidenses. E, aqui no Brasil vi muitos anúncios da Souza Cruz anunciando os seus fumos “Royal Club”, “Timoneiro”, “Tilbury” e Buldog”. O Jacinto de Thormes, que era o colunista social mais “chic” da época, aparecia em propagandas de cachimbos.
O negócio é que, de repente começou a ficar meio fora de moda mesmo.
E isso se reflete em várias vertentes. A começar pelas tabacarias. Houve um tempo em que cada esquina do centro do Rio tinha uma biboca expondo cachimbos e cheias de tabacos importados. Pode parecer exagero, mas era isso mesmo. Eram dezenas de pequenas lojas espalhadas da Cinelândia à Praça Mauá.
Sobraram algumas. Mas somente as grandes, como a Tabacaria Africana na Praça XV, aberta ao público desde os tempos do império. E algumas outras tradicionais, como a Griphus, na Buenos Aires com o Mercado das Flores, uma outra na Senhor dos Passos, claro que de “turcos”, ou aquela da galeria na rua 13 de Maio. E finalmente a do subsolo do Edifício Avenida Central.
Resquícios.
Daí, concluo que sou um animal em vias de extinção. Pelo cachimbo, e, claro, também pelos meus 34 anos (1) de casado com a mesma mulher. Coisa mais demodée!!!
Adendo em dezembro de 2008
Bem a propósito, ontem fui a Copacabana e encontrei uma excelente Tabacaria na altura do Lido, mais precisamente na Avenida Prado Júnior, no quarteirão da praia. Trata-se da Mr. Smoker. Taí, gostei da variedade de tabacos e charutos da casa.
(1) Hoje, 36 anos.
8 comentários:
Eu me lembro que antigamente o cachimbo tinha outro apelo.
Como tu bem definistes, artistas de cinema comumente eram vistos fumando. Ou pelo menos fotografados com um cachimbinho pendurado. Puro charm, puro merchandising.
O próprio cigarro tinha um apoio visível de astros nas telas. Como lembro do Jean-Paul Belmondo com aquele cigarrinho na boca.
Era muito comum, comentava-se, preencherem momentos meio sem sentido de filmes com pessoas fumando.
Realmente assisti muitos filmes em que o cigarro era a vírgula, a interrogação e as aspas entre diálogos fraquíssimos...
Caramba, dá vontade de fumar cachimbo só de ler esses seus papos de cachimbeiro. Valeu!
A Tabacaria Africana existe desde o Século 19. É muito tempo.
A Griphus eu não conheço. Ou nunca reparei, pois sempre passo meio apressado por ali.
Mas e aquela que tinha no Café Pérola na Galeria dos Empregados do Comércio, não existe mais?
Otávio
Olha-se de esguelha, de soslaio, e de cima para baixo, aquele que fuma. Obriga-se o fumante a ficar, nos aeroportos, num fumódromo a puxar a sua fumaça em frente a outras pessoas numa espécie de quiosque. O fumante, hoje, é um ser marginalizado. Ao contrário de décadas atrás, quando era 'chic' se acender um cigarro, 'saber' fumar, e as mulheres, nos bailes, nas festas, usavam cigarreiras folheadas a ouro, com os cigarros em fila como numa parada militar. Revendo, recentemente 'O homem de Alcatraz' ('The birdman'), de John Frankenheimer, reparei, e admirado, que em todas as tomadas, mas em todas as tomadas mesmo, o protagonista principal, Burt Lancaster, está com um cigarro na boca. Em um determinado filme de Minnelli, 'Esta loura vale um milhão', em cinemascope, há um plano de conjunto no qual se vê cinco ou seis personagens entre homens e mulheres e todos, todos mesmos, estão a fumar. Quando entrei na faculdade, anos 70, escondia minha carteira de cigarro numa das meias, porque se a colocasse no bolso meus colegas iriam 'filá-la' inteiramente. Hoje, numa escola, ninguém fuma e as pessoas se escandalizam com um pobre coitado que venha a acender seu cigarrinho. Detesto esta psicose antitabagista, creio que a liberdade é fundamental. Se o sujeito quer fumar que fume à vontade. Mas o politicamente correto está a arruinar a tudo e a todos. João Ubaldo Ribeiro conta numa crônica recente que foi convidado para fazer uma palestra numa universidade dos Estados Unidos e, no intervalo, perguntou se podia fumar. Veio um funcionário, e, com a gentileza peculiar aos politicamente corretos, atravessou, com ele, uma vasta extensão do 'campi' e o deixou numa pequena estrada. Ele sentiu, ao fumar, como se estivesse a fazer alguma coisa feia.
Ainda bem. Fumar cachimbo é das melhores coisas da vida depois das melhores que são comer e comer.
Ih, essa foi grossa!
Essa da Galeria dos Empregados do Comércio (êta nomezinho longo e chato!) acabou já faz tempo, sô!
O fumo foi estimulado pelo cinema ao extremo. Tanto que tem gente que processa os fabricantes por incitarem ao vício.
Idem quanto ao cachimbo, que, claro, também vem a ser fumo.
Mas esse negócio de esconder cigarro era muito comum. Tinha o famoso fumante das marcas "simidão" ou "sitifilo". Nos tempos de ginásio, eu levava um pro recreio e outro para a hora da saída. E fim de papo!
O antitabagismo (do jeito que o conhecemos), segundo dizem as "boas" línguas, surgiu na Alemanha hitlerista. E depois nos Estados Unidos pós-New Deal... claro! Tem tudo a ver!
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