Desgraça 1: um assalto. Desgraça 2: um seqüestro. Desgraça 3: um arrastão. Desgraça 4: uma menina é esfaqueada pelo pai. Desgraça 5: uma outra menina cai da janela do prédio. E de desgraça em desgraça, os jornais televisivos vão aprimorando a sua marcha irreversível rumo à sua característica de imprensa marrom.
É impossível se assistir um noticiário na televisão aberta e não se deparar com este quadro sinistro. Uma desgraça se somando à outra numa escalada alucinante. Parece que não se consegue dar uma linha, uma “noticiazinha” boa. Não que o mundo seja cor de rosa. Sabemos da dureza da vida e não estamos a fim de uma saída alienada e “escapista” da realidade que nos cerca. Mas...
Fora as distorções impostas pela mídia na construção de mitos. A paulicéia é tão ou mais violenta que o Rio de Janeiro. Eu não assisti, porém me contaram um dia desses que um jornalista de uma rede paulista teria dito abertamente que em São Paulo, as favelas não são (como no Rio), dominadas pelo tráfico. E as ações do PCC? E a guerra de facções criminosas ligadas à distribuição das drogas que pararam a capital daquele estado – a maior cidade do país – por inteiro durante mais de três dias, cerca de dois anos atrás? Existe um esforço destes setores da mídia para classificar a terra carioca como o único fenômeno da violência em todo o país.
O que aconteceu em Paraisópolis, favelão com 100 mil moradores incrustrado em pleno Morumbi, foi conseqüência de uma ação da polícia contra setores do tráfico. Uma resposta direta a essas ações. Acontece que em Sampa, a maioria dos bairros paupérrimos estão no entorno da cidade, na chamada periferia. O que acontece ali, pouca repercussão tem sobre o que as classes mais privilegiadas presenciam no seu dia a dia. No caso de Paraisópolis (o nome diz tudo), os acontecimentos assumiram características de uma revolta popular liderada por “excluídos”, como as que vimos em anos recentes nos subúrbios de Paris. Até porque esta comunidade está no meio da cidade, vizinha a bairros “chics”.
Mas existe um telejornal que se diferencia de tudo isto. É o “Repórter Brasil” da TV Brasil, ex-TVE do Rio de Janeiro (1). Este programa jornalístico esmera-se em dar notícias variadas, aborda as questões citadas acima, mas também nos ilustra com análises sobre elas com entrevistas e depoimentos de especialistas, tais como sociólogos, psicólogos e outros. Para além disso, nos informa outras atividades mais construtivas da sociedade civil e seu empenho em superar problemas sociais que vivemos neste mundo cão de um país terceiromundista que somos.
Quando vejo um informativo como aquele, penso sempre o quanto podem ser mescladas boas e más notícias. Não como “fuga”, mas como conhecimento do que possa estar acontecendo. Para um lado e para o outro. E chego à conclusão que nem tudo está perdido. Que existe a possibilidade de se informar com isenção e em todos os níveis. Uma esperança de que um dia possam haver noticiários que mostrem o que o país é como um todo. O que se destrói, mas muito importante, também o que pode ou está a ser construído por nós, o povo brasileiro, em ações de cidadania visando o equilíbrio e uma melhoria das condições de todos que habitam este país.
(1) Não sei em quantos estados está funcionando a TV Brasil, que começou como Canal Brasil. Sabe-se, no entanto que ela é transmitida em vários locais dentro das programações das TVs Educaticas ou Universitárias locais, sendo emissoras abertas e de fácil acesso a todos.
É impossível se assistir um noticiário na televisão aberta e não se deparar com este quadro sinistro. Uma desgraça se somando à outra numa escalada alucinante. Parece que não se consegue dar uma linha, uma “noticiazinha” boa. Não que o mundo seja cor de rosa. Sabemos da dureza da vida e não estamos a fim de uma saída alienada e “escapista” da realidade que nos cerca. Mas...
Fora as distorções impostas pela mídia na construção de mitos. A paulicéia é tão ou mais violenta que o Rio de Janeiro. Eu não assisti, porém me contaram um dia desses que um jornalista de uma rede paulista teria dito abertamente que em São Paulo, as favelas não são (como no Rio), dominadas pelo tráfico. E as ações do PCC? E a guerra de facções criminosas ligadas à distribuição das drogas que pararam a capital daquele estado – a maior cidade do país – por inteiro durante mais de três dias, cerca de dois anos atrás? Existe um esforço destes setores da mídia para classificar a terra carioca como o único fenômeno da violência em todo o país.
O que aconteceu em Paraisópolis, favelão com 100 mil moradores incrustrado em pleno Morumbi, foi conseqüência de uma ação da polícia contra setores do tráfico. Uma resposta direta a essas ações. Acontece que em Sampa, a maioria dos bairros paupérrimos estão no entorno da cidade, na chamada periferia. O que acontece ali, pouca repercussão tem sobre o que as classes mais privilegiadas presenciam no seu dia a dia. No caso de Paraisópolis (o nome diz tudo), os acontecimentos assumiram características de uma revolta popular liderada por “excluídos”, como as que vimos em anos recentes nos subúrbios de Paris. Até porque esta comunidade está no meio da cidade, vizinha a bairros “chics”.
Mas existe um telejornal que se diferencia de tudo isto. É o “Repórter Brasil” da TV Brasil, ex-TVE do Rio de Janeiro (1). Este programa jornalístico esmera-se em dar notícias variadas, aborda as questões citadas acima, mas também nos ilustra com análises sobre elas com entrevistas e depoimentos de especialistas, tais como sociólogos, psicólogos e outros. Para além disso, nos informa outras atividades mais construtivas da sociedade civil e seu empenho em superar problemas sociais que vivemos neste mundo cão de um país terceiromundista que somos.
Quando vejo um informativo como aquele, penso sempre o quanto podem ser mescladas boas e más notícias. Não como “fuga”, mas como conhecimento do que possa estar acontecendo. Para um lado e para o outro. E chego à conclusão que nem tudo está perdido. Que existe a possibilidade de se informar com isenção e em todos os níveis. Uma esperança de que um dia possam haver noticiários que mostrem o que o país é como um todo. O que se destrói, mas muito importante, também o que pode ou está a ser construído por nós, o povo brasileiro, em ações de cidadania visando o equilíbrio e uma melhoria das condições de todos que habitam este país.
(1) Não sei em quantos estados está funcionando a TV Brasil, que começou como Canal Brasil. Sabe-se, no entanto que ela é transmitida em vários locais dentro das programações das TVs Educaticas ou Universitárias locais, sendo emissoras abertas e de fácil acesso a todos.
6 comentários:
Os tele-jornais estão cada vez mais insuportáveis, mais inassistíveis.
Você tem toda razão quando diz "estão ficando", porque a cada dia que passa têm piorado assustadoramente.
As notícias são cada vez mais focadas na "miséria humana". Caspt!
Continuando as desgraças. desgraça 6 – seqüestro leva a morte, desgraça 7 – desfalque na repartição tal foi de bilhões e por aí afora nas notícias que já até sabemos, só mudam os personagens. Mais as notícias sem nenhuma importância que são importantes nesses telejornais. Um absurdo Concordo que o da Tv Brasil é muito melhor no sentido de dar notícias mais significativas e as trágicas com menos sensacionalismo.
E o papel do jornalismo é levar as notícias a leitores, ouvintes, telespectadores.
Mas notícias isentas de senscionalismos, notícias que acrescentem algo à nossa informação.
Notícias que, mesmo sendo escândalos ou crimes possam ser ingeridas sem uma dose de exageros.
O resto é "imprensa marrom".
Faltou a desgraça 8 que tem que estar relacionada com a droga. Esqueceram disso?
Mas falando sério, os jornais de televisão comercial são tétricos. Eu graças a Deus não gosto nem tenho hábito de assistir nenhum.
E não perde muita coisa.
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