Outro dia, conversando com meu filho sobre “O rato que ruge” (The Mouse That Roared – 1959) de Jack Arnold, um excelente filme em que Peter Sellers interpreta três papéis, cada um melhor do que o outro, evoluímos o nosso papo e acabamos falando também sobre “A dança dos vampiros” (The fearless vampire killers – 1967) de Roman Polanski, outra excepcional comédia.
A questão é que eu comecei a achar muito engraçado que a língua bretã tenha algumas características interessantes, como tratar “corajosos” como “não medrosos”. Posto que a tradução ao pé da letra seria mais ou menos “os corajosos caçadores de vampiros”.
“Forma complicada de pensar”, disse-lhe eu.
Meu filho, que, para além de formado na língua inglesa, também se graduou em latim clássico na UFRJ e conhece bastante de português e de lingüística, retrucou dizendo que em nossa língua o filme poderia perfeitamente ter-se chamado “os destemidos caçadores de vampiros” ao invés de “os corajosos...”. Parei para pensar o quanto destemido era semelhante a fearless. Ou seja, o sufixo “des” é a negação (ou a ausência), no caso específico, de temor. Em outras palavras: ausência de temor. Algo semelhante à expressão inglesa. Daí vem des-acreditar, des-ligar e tantas outras. Senti-me o torto a falar do aleijado.
Às vezes, ou grande parte das vezes, dizemos palavras sem sentir, ou sem nos preocuparmos com a sua morfologia. Falamos por falar e esquecemos o que há por detrás dela.
Palavras, leva-as o vento... mas nem tanto. Prestemos atenção. Vale a pena.
A questão é que eu comecei a achar muito engraçado que a língua bretã tenha algumas características interessantes, como tratar “corajosos” como “não medrosos”. Posto que a tradução ao pé da letra seria mais ou menos “os corajosos caçadores de vampiros”.
“Forma complicada de pensar”, disse-lhe eu.
Meu filho, que, para além de formado na língua inglesa, também se graduou em latim clássico na UFRJ e conhece bastante de português e de lingüística, retrucou dizendo que em nossa língua o filme poderia perfeitamente ter-se chamado “os destemidos caçadores de vampiros” ao invés de “os corajosos...”. Parei para pensar o quanto destemido era semelhante a fearless. Ou seja, o sufixo “des” é a negação (ou a ausência), no caso específico, de temor. Em outras palavras: ausência de temor. Algo semelhante à expressão inglesa. Daí vem des-acreditar, des-ligar e tantas outras. Senti-me o torto a falar do aleijado.
Às vezes, ou grande parte das vezes, dizemos palavras sem sentir, ou sem nos preocuparmos com a sua morfologia. Falamos por falar e esquecemos o que há por detrás dela.
Palavras, leva-as o vento... mas nem tanto. Prestemos atenção. Vale a pena.
10 comentários:
Às vezes falamos palavras de vereda e nem pensamos qual a sua origem. Porém se prestarmos um pouquito de atenção vamos notar de onde elas vêem.
"A dança dos vampiros", vi-o com Vossa Excelência, em junho de 1968, no saudoso Metro Copacabana. Em 1973, num encontro com Polansky, no Hotel da Bahia, em entrevista para a 'Tribuna da Bahia', ele me disse que o renegava, pois o produtor cortou uma hora do filme, mas, assim mesmo, porque 'dono' do filme, deixou o nome dele. A mesma coisa que aconteceu com Zé Umberto e seu "Revoada". Mas mesmo assim gosto muito do filme.
Se prestarmos atenção a gente fala é muita besteira.
Otávio
Apenas um pouquito...
Vi tantas vezes "A dança..." que já nem me lembrava que esta havia sido a primeira. Mas deve ter sido mesmo.
Aliás, os diretores hollywoodianos têm um nome que usam para casos em que não querem assinar um filme, mas agora eu não me lembro. Certamente você sabe.
Por isso mesmo, às vezes é bem melhor a gente ficar calado.
De fato tem muitas palavras que falamos no nosso dia-a-dia que esquecemos ou nem sabemos de onde vem. Mas se pararmos um pouco para pensar, começamos a ver de onde se originam.
E por vezes não damos atençaõ ao que falamos mesmo!
Palavras, pra que te quero!
Hummm!
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