Este blogue é uma miscelânea de pensamentos sobre os mais variados assuntos. Tem recuerdos, críticas variadas, abordagens da situação política e social no Brasil e no mundo, pensamentos diversos, contos, lixo cultural. Tudo sem sequência e sem compromisso de continuidade.
terça-feira, 30 de setembro de 2014
domingo, 28 de setembro de 2014
Pensatas de domingo e as verdades e mentiras sobre o Estado Islâmico
Documentos
vazados recentemente do Wikileaks
revelam que os EUA armaram grupos radicais islâmicos na Síria. Bashar al-Assad
tentou se aproximar de Washington em 2010 para conter a Al-Qaeda e o ISIS, mas
Obama continuou financiando seus opositores.
E de fato, o
Estado Islâmico brotou do financiamento ocidental a alguns grupos sunitas, que se apresentaram para
combater o gerenciamento de Bashar Al-Assad na Síria, no contexto da contenda
interimperialista entre EUA e Rússia, que atirou aquele país em uma sangrenta
guerra civil. Grande parte do armamento inicialmente utilizado pelo ISIS (Estado Islâmico do Iraque e do Levante, hoje somente Estado Islâmico) veio de grupos armados
pelos EUA e depois cooptados por Abu Bakr al-Baghdadi, o auto-proclamado Califa Ibrahim, líder do EI.
A fundação do Estado Islâmico está vinculado à agenda
dos EUA para retalhar o Iraque e a Síria em mais dois territórios separados:
uma república islâmica árabe e a República do Curdistão. Esse projeto conta com
apoio dos israelenses e das ditaduras e monarquias absolutas do Kuwait, Catar,
Arábia Saudita e Emirados.
Assim, ascensão do EI é o resultado direto da intervenção imperialista na região. Mais
uma vez, são os estadunidenses e os sionistas
israelenses que desencadearam o “extremismo” no Oriente Médio. Depois da
invasão do país em 2003, e da queda do sunita
Saddam Hussein, trataram de estimular a violência sectária entre sunitas e xiitas para conseguirem controlar a situação. Em 2007, diante de
uma iminente derrota militar, que levaria a uma retirada humilhante, os EUA
entraram em acordo com as milícias xiitas
e com o Irã (de maioria xiita). Os
guerrilheiros xiitas foram
incorporados ao Estado iraquiano, e, com ajuda do Irã, os EUA conseguiram
manter alguma estabilidade no território ocupado. Por isso que, agora, enquanto
os EUA já bombardeiam o Estado Islâmico, a
coalizão que já existe (na prática) é com o Irã. Justamente o Irã, o maior “inimigo”
do imperialismo na região; que viu-se obrigado a se aliar ao Irã porque este
acabou se tornando o país mais estável da região.
Mas, no centro da luta no Oriente Médio se
encontra o controle do petróleo. As monarquias do Conselho do Golfo Pérsico,
lideradas pela Arábia Saudita, vendem o petróleo em dólares devido a acordos
que datam da década de 1970. Sobre essa base se sustenta a ditadura do dólar em
escala mundial, que por sua vez sustenta os lucros dos monopólios estadunidenses.
O governo dos Estados Unidos emite enormes volumes de moeda sem lastro,
impactando em cheio as pressões inflacionárias no mercado mundial.
Por outro lado os discursos “humanitários” e
“democráticos” de Obama são intoleravelmente hipócritas, já que proveem do
líder de uma potência imperialista que há cerca de um século saqueia e promove
genocídios em todo o mundo árabe. Barack Obama, cuja “falta de ação” estava
sendo duramente criticada pelos falcões
republicanos e até ex-colaboradores democratas (como a anterior secretária de
Estado Hillary Clinton), anunciou, às vésperas do 13º aniversário dos ataques
de 11 de setembro, uma ofensiva “para
meses, talvez anos” contra o EI.
O mais gritante, no entanto, é a parcialidade da
grande mídia burguesa quanto às notícias dessas ofensivas imperialistas na
região e mesmo do que é o EI em sua essência.
Tal e qual à época do movimento xiita no
Irã, não se sabe mais o que é real ou apenas fruto de uma massiva “propaganda”
política (de guerra). Lembremo-nos que, para nós que pouco conhecemos o islamismo, foi construida uma (muitíssimo)
falsa ideia do que é ser xiita!
Imprensa que, aliás, tem sido de tamanha
parcialidade pró-EUA que não deixa nenhuma margem a debates e/ou questionamentos.
E isso tudo, envolto em brumas e mistérios quanto às origens do movimento,
claro que procurando ocultar o envolvimento imperialista em seu surgimento,
como já o fora quanto à Al-Qaeda.
domingo, 14 de setembro de 2014
Pensatas de domingo e o pensamento da direita sem disfarces
Longe de mim estar defendendo o PT, mas de forma
muito clara, há algum tempo está em andamento uma campanha, encabeçada pela grande
imprensa burguesa, de ataques ao governo e de desgaste da presidente, na
verdade da candidata Dilma. A disputa eleitoral, que deveria se transformar num
embate entre projetos, não aparece desta forma, mas como um contínuo martelar
de acusações contra o governo federal: a corrupção, o aparelhamento da máquina
pública, a má gestão, o centralismo, o descontrole das obras públicas, a mansidão
com manifestações sociais que atentam contra a propriedade privada e quebram
bancos e lojas.
A crítica ao governo federal deve ser feita, mas
os problemas apontados precisam ser enfrentados na raiz, isto é, na própria
forma como o sistema de representação política brasileira foi capturado pelo
poder econômico. Nas últimas eleições para o Congresso Nacional, parlamentares
eleitos foram financiados majoritariamente por empresas que se engajaram em
algum tipo de financiamento eleitoral. E isso tem um preço.
O presidencialismo cobra seu preço e as
distorções no nosso sistema político representativo são reais. Mas o que se vê
é a manipulação da opinião pública. Ocorre que a verdadeira agenda da direita
concentradora tem de ficar escondida do eleitorado. Como ela ganharia a eleição
prometendo privatizações, arrocho salarial e desemprego? E já que os
verdadeiros interesses não podem ser apresentados, o foco passa a ser o combate
à corrupção, a necessidade de honestidade, a maior capacidade de gestão para
aperfeiçoar o desempenho do Estado.
Segundo os ideólogos da direita, a
economia vai mal e o país está sendo levado para uma fase ruim. O PIB é baixo.
A inflação é alta. As exportações fraquejam. A balança comercial vai para o
vermelho. O investimento caiu. Os ativos na Bolsa de Valores e as taxas de juros
caíram. Os aumentos reais de salários e o maior investimento nas políticas
sociais pressionam os custos. O superávit primário está ameaçado e o país
caminha para um cenário de baixo crescimento que precisa ser evitado. Esse é o
discurso formulado pelo capital, especialmente pelo setor rentista.
A proposta, na realidade é aumentar os juros
da dívida pública e o superávit primário. Em seguida, reduzir salários e os
benefícios previdenciários, e flexibilizar os contratos de trabalho,
destituindo direitos. O aumento do desemprego para pressionar os salários é
desejável. Haverá também privatizações, aumento nas tarifas públicas e cortes
no orçamento das políticas sociais, abrindo espaço para as empresas privadas
ampliarem sua presença no setor. Como anunciado, o novo governo eleito assinará
tratados de livre comércio para internacionalizar nossa economia, isto é, abrir
o mercado brasileiro ainda mais para as grandes corporações transnacionais,
destruindo a indústria nacional, o pequeno e médio empresário. Essa abertura
envolve a redução de tarifas de importação e a livre circulação dos fluxos de
capitais, tão a gosto do capital especulativo financeiro.
Essas propostas estão sendo aplicadas na Grécia,
na Espanha, em Portugal, na Itália, e não teem nada de original. Elas obedecem
aos interesses e ao comando das grandes corporações multinacionais e da
acumulação financeira. Qualquer veleidade de autonomia ou de projeto de desenvolvimento
deve ser engavetada.
Mas, contrariando a análise, o brasileiro está
melhor do que antes, há mais empregos, seu salário melhorou, as políticas
sociais melhoraram. O motor da economia é, e sempre foi, o mercado interno. A
novidade não está no andar de cima, com seu consumo de elite. A novidade está
no ingresso de dezenas de milhões de brasileiros no mundo do consumo,
alimentando um mercado de produtos de massa, circuitos curtos de produção e consumo,
gerando emprego e bem estar. Tudo isso implicou a redução do ganho dos rentistas.
E para tudo isso é necessário ganhar as eleições
e assegurar o controle do Estado.
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