segunda-feira, 30 de julho de 2018

Festival LulaLivre





O que particularmente encantou no Festival LulaLivre é que ele não foi uma iniciativa do PT.

Partiu de um grupo de admiradores de Lula. Marcelo Laffitte, cineasta, Lucélia Santos e Silvia Buarque, atrizes, Chico Diaz, ator, Adair Rocha e Eric Nepomuceno, intelectuais e outros poucos, que fizeram tudo, tiveram a ideia, formataram, redigiram o manifesto, conseguiram a adesão de Chico, Gil, Beth Carvalho e os demais, e só então veio o PT e endossou, empoderou, possibilitou a infraestrutura, com palco, som, tendas. Ou seja, uma manifestação do povo, para o povo e pelo povo.

Talvez, justamente por essa legitimidade, a adesão tenha sido tão espetacular. Não houve ônibus fretado nem convocação de sindicato. Foi o povo, o povão, mobilizado pelas manifestações culturais que compareceu em massa.

Na postagem abaixo a íntegra dessa GRANDE manifestação ocorrida nos Arcos da Lapa pela LIBERTAÇÂO de LUIS INÁCIO (LULA) DA SILVA.­

Devido a sua longa duração disponibilize um tempinho, mas garanto que compensa. Portanto, assista como se lá estivesse...



Festival Lula Livre A VOZ DO POVO

domingo, 22 de julho de 2018

Pensatas de Domingo


Um dia de Copa do Mundo na cidade do Salvador-Bahia de todas as igrejas e de todos os Santos

Jorge Vital de Brito Moreira

Quando Bromeu colocou os olhos na Avenida Sete, as rodas do ônibus azul de ar condicionado bateu num buraco. Deu um grito de dor, mexendo a cintura dolorida na cadeira do coletivo. Enquanto o ônibus avançava pela avenida vazia, pousou os olhos nas portas das lojas comerciais que se encontravam fechadas em visível processo de deterioração. “Triste Bahia! Ó quão dessemelhante”, dizia Gregorio de Matos, o poeta.
Na Avenida Sete ninguém transitava. Na praça Castro Alves quase ninguém. Na rua Chile também ninguém. Tudo estava fechado, porém Bromeu podia enxergar os mendigos que dormiam pelas calcadas das ruas do centro da cidade. “Quanta decadência! ”, constatava Bromeu.
 O vazio tomou conta do olhar de Bromeu a vinte minutos do jogo na TV entre o Brasil e a Sérvia, na Rússia, pela Copa do Mundo de 2018, pois ninguém tinha lhe informado que no dia do jogo do Brasil a cidade do Salvador pararia.
Desceu do ônibus na parada final e, do alto do Elevador Lacerda, olhou para  a cidade baixa e para o Mercado Modelo. Surgiu-lhe a ansiedade de ver gente baiana viva, caminhando, e a vívida esperança de poder comprar no Mercado lembranças para parentes e amigos. Mas o Mercado Modelo também estava fechado e já quase ninguém circulava pela cidade baixa. Resignado, Bromeu dirigiu-se à Praça da Sé para ir ao Pelourinho.
Descendo a ladeira do Pelô, Bromeu olhava às pessoas e ouvia o tremendo ruído dos batuqueiros do Olodum que acompanhava o frenesi e o movimento da população local. Dançavam, cantavam, e gritavam, assistindo e torcendo pelo  Brasil no jogo contra a Sérvia. Naquele descompasso, lembrou-se da imagem que um antropólogo baiano amigo lhe evocou quando lhe disse:
“- Bromeu, a Bahia é uma África!”.
Acuado e desacostumado com a explosão populacional no Pelô, Bromeu, inconfortável e inseguro, procurou um restaurante onde pudesse comer, beber, e assistir pela TV ao jogo do Mundial. Conseguiu uma mesa com cadeira onde  sentou-se para tomar um guaraná com batatas fritas. A tela da TV era pequena, mas o restaurante estava apinhado de gente grande com  camisas verdes e amarelas da seleção brasileira. Cada vez que o Brasil ameaçava fazer um gol, as bombas e os foguetes pipocavam estrondosamente pelas ruas do Pelourinho, assustando a Bromeu e parte dos torcedores que tentavam enxergar alguma coisa na minúscula tela em frente da mesa. O baticum do Olodum completava a poluição sonora deixando aos assistentes ébrios e zonzos com tanta bebida, tantos ruídos e  tanta zazoeira.
Terminado o jogo com a vitória da seleção brasileira por 2 x 0, as lojas e tendas fechadas, abriram-se novamente, e os soldados da policia militar apareceram nas ruas estreitas. Bromeu, pagou a conta e saiu para tomar sorvete de açaí e comer coxinha de galinha com queijo catupiry na sorveteria Cubana que ficava ali em frente.
O sorvete foi servido numa casquinha e, a quente coxinha de galinha, numa servilheta. Quando Bromeu pediu um prato de porcelana para colocar a quente coxinha, a atendente respondeu cheia de júbilo:
-          Não meu senhor. Hoje não podemos servir nada em prato de
porcelana.
-          E por que não? perguntou Bromeu.
-          Porque  hoje, você ou qualquer outro cliente, pode quebrar o prato e
usar o pedaço quebrado como uma arma para cortar a cara das outras pessoas. Como já aconteceu em várias ocasiões.
-          Puxa vida! Quem diria? Tá bem minha senhora, pode ficar com seu
prato de porcelana, disse Bromeu, compreendendo a possibilidade daquela perigosa situação.
Comeu rápida e ansiosamente indo para o Terreiro de Jesus em busca de tranquilidade de espírito. Caminhando pelo Terreiro, decidiu entrar na Igreja de São Francisco para olhar os azulejos coloniais e os altares dos santos folheados a ouro da sua infância ainda presentes na sua imaginação.
Na saída, um mendigo (cuja cabeça, tronco, e membros atrofiados se
encontravam metidos numa cadeira de roda) pediu:
- “Uma esmola pelo amor de Deus!”.
 Enquanto Bromeu tratava  de encontrar alguns trocados num dos bolsos
da bermuda negra, o mendigo, insistiu  no pedido:
- “Please mister,  give me some money!”
Surpreendido pelo inglês bem falado do mendigo baiano, Bromeu atendeu ao pedido dando-lhe um nota de 20 reais, que era todo o trocado que tinha.
 “Mendigo baiano falando inglês, quem diria? Mas tudo isso faz o mais completo sentido no Brasil: um país escandalosamente empobrecido pela corrupção e alienação das igrejas, dos partidos políticos nacionais, e de todos os que vivem submetidos à  gula internacional do imperialismo anglo-sionista que chega no nosso país para sugar o nosso petróleo e as nossas riquezas”.
Enquanto o ônibus azul de ar condicionado regressava (pelo Porto e pelo Farol da Barra) para o bairro da Pituba, Bromeu, com a cintura dolorida, dialogava consigo mesmo,  num tom de profeta desesperado:
- O nosso país está piorando a cada dia que passa; e vai chegar o dia em que  todos nós, o povo brasileiro (sem Deus,  nem Salvador) vamos acabar pedindo esmolas.
- “Mas a quem?” gritou Bromeu sentindo o novo golpe na cintura dolorida quando as rodas do ônibus azul de ar condicionado batia num outro buraco da cidade das igrejas da Bahia de todos os santos.

domingo, 15 de julho de 2018

Pensatas de Domingo. Uma esperança para as Américas


Há algumas semanas atrás publiquei neste blogue uma pensata sobre Manuel López Obrador, na ocasião recém eleito presidente do México. Publico aqui mais dados de seu perfil que seguem abaixo.
Apesar de Obrador não ser considerado um candidato da esquerda tradicional, ele é um político que surge das bases do chamado “nacionalismo revolucionário mexicano”, representado pelo ex-presidente Lázaro Cardenas, que governou o México entre 1934 e 1940, e promoveu reformas importantes no estado.

O discurso esquerdista de Obrador está relacionado sobretudo ao setor econômico. Ele afirma que as riquezas naturais do país, como o petróleo e a água, continuarão sob o controle do Estado mexicano. O presidente Peña Nieto propôs em 2014 uma reforma energética, que privatizou parte do setor elétrico. Também permitiu maior abertura no setor petroleiro para entrada de empresas estrangeiras no setor de exploração e produção, que hoje é controlado pela empresa estatal Pemex. ”Vou frear as privatizações e recuperar a PEMEX para os mexicano”, disse Obrador.

Outro aspecto origressista de sua campanha é a proposta relacionada à produção de alimentos do país. No dia 10 de abril, o candidato se reuniu com 5 mil camponeses no estado de Zacatecas, na região central do país, onde assinou um documento onde reafirma seu compromisso de implementar o “Plano de Ayala do Século 21”, que propõe uma série de políticas de produção agrícola direcionada aos pequenos produtores rurais e comunidades indígenas. "Vamos devolver ao México a soberania alimentar que perdeu com os governos neoliberais", garantiu Obrador.

Para tentar ganhar essas eleições, Andrés Manuel López Obrador chegou com um discurso mais moderado, fez acordos com o setor financeiro e empresarial. De acordo com o Morena, alianças como essas foram necessárias para garantir a presença em certos setores que Obrador não tinha espaço. Além disso, por ser um partido pequeno e com apenas três anos de registro eleitoral, o Morena não possui atuação massiva em todo o país. A aliança com outros partidos também é vista como importante para garantir presença de testemunhas eleitorais em todas as mesas de votação e assim diminuir as possibilidades de fraude.

No entanto, é preocupante a segurança de um governo com este formato frente à máquina gigantesca da direita, no poder por décadas e à vizinhança tão próxima do agressivo imperialismo estadunidense.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Pensatas de Domingo na segunda-feira


Pretendia publicar neste domingo algo sobre Andrés Manuel López Obrador e sua eleição como o primeiro presidente de esquerda eleito no México... uma quebra no viciado poder oligárquico do PRI (Partido Revolucionário Institucional), pelo partido que criou para vencer as eleições, o Movimento Regeneração Nacional (Morena) com 53,6% dos votos. Mas infelizmente somente hoje pude obter dados sobre esta espetacular vitória.

É a terceira alternância em 18 anos. Após 12 anos de domínio da PAN (Partido Acción Nacional), o PRI reconquistou a presidência e o Parlamento em 2012. Mas, desta vez, o que acontece é muito mais do que uma alternância. É um terremoto que, para os analistas, constitui a maior ruptura na história moderna do México. O PAN está dilacerado por divisões provocadas por alianças que Anaya fez e o PRD está em vias de ser esvaziado em benefício do Morena. 

Obrador é conhecido por ser um firme crítico da elite governista, a quem chama de “máfia do poder”, e em sua campanha, prometeu erradicar a corrupção e pacificar o país assolado pela violência. Vamos aguardar seus passos. E torcer!