sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Chanchadas à parte...


Cresci a ouvir, quase que uníssono, os adultos de então a “cair de pau” nas populares ”chanchadas” da Atlântida, em seus atores e suas produções, segundo eles vergonhosa. Enquanto isso as filas nos cinemas eram enormes. O povo gostava do gênero e o prestigiava. “Mau gosto”, “cafonice”, “ignorância”, diziam alto e bom som os preconceituosos pequeno-burgueses que criticavam os chamados irônica e pejorativamente de “filmes nacionais”.
Esses dias revi no YouTube  Nem Sansão nem Dalila com Oscarito, direção do excelente Carlos Manga (1), obra que vem a provar o contrário de tudo isso. Diz a sinopse do filme: “O barbeiro Horácio sofre um insólito acidente e vai parar no Reino de Gaza, no século IV antes de Cristo. Lá conhece Sansão, dono de uma força descomunal que vem de uma milagrosa peruca. Horácio, porém, troca a peruca de Sansão por um isqueiro, transforma-se num homem forte e poderoso e passa a reinar em Gaza”... muito bom, esbaldei-me de rir; valeu a pena!
Gente, aquilo era comédia, a mais pura comédia!!! E mais, todas eram grandes comédias em sua essência. Alem do que em conjunto com a produção da Vera Cruz, com estúdios em São Bernardo do Campo (SP), a carioquíssima Atlântida era uma parte ativa da indústria cinematográfica brasileira.
Podemos citar películas como Sai de Baixo, Matar ou Correr, Batedor de Carteiras, Pé na Tábua, O Homem do Sputnik, Os Dois Ladrões, Barnabé Tu És Meu, Carnaval Atlântida, Os Apavorados, Matemática Zero - Amor Dez, Vamos com Calma e tantos outros, estrelados por Grande Otelo, Fada Santoro, Cyll Farney, Violeta Ferraz, Ankito, Eva Todor, Colé, Renata Fronzi, Zé Trindade, Eliana Macedo, José Lewgoy, Virginia Lane, Zezé Macedo e o genial Oscarito, só pra citar algumas como exemplos de filmes e intérpretes engraçados e que marcaram um período em que o Brasil ainda tentava ser uma democracia, apesar dos Lacerdas, Magalhães Pintos e outros fiasdaputa da época. Sim, porque o espírito político dominante determinava mentes sãs em corpos sãos.
Chanchadas à parte, vamos lembrar que outras comédias como Quanto Mais Quente Melhor (Billy Wilder) ou Divórcio à Italiana (Pietro Germi), tambem podem ser consideradas chanchadas. E não foram realizadas pela Atlântida...

1. conheci Carlos Manga em 1988 quando dirigiu um filme/comercial criado por mim e Marcos Vinícius Ferraz para o Procel (Programa de Economia de Energia Elétrica) da Eletrobras, na VS Escala em que o Manga habilmente reproduziu o clima de “Janela Indiscreta” de Hitchcock, de acordo com nosso roteiro (assista clicando no link abaixo).


    

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O imperialismo acelera o bote para um golpe militar na Venezuela


A mídia internacional burguesa desgasta o governo Maduro e esconde o dedo dos EUA em uma crise provocada pelo capital ianque, suas sanções e boicotes à Venezuela. Alem de toda a propaganda canalha desta imprensa ligada aos setores mais próimperialistas – que não se acanham em chamar Maduro de ditador -, o imperialismo já disparou uma série de boicotes contra a Venezuela. E com esses boicotes, os estadunidenses não somente esperavam levar a economia Venezuelana à ruína, como estão de fato conseguindo.

Aqui no Brasil a grande mídia comenta enfaticamente a evasão de venezuelanos (mormente os que migram para o país (1) – via Roraima), as prateleiras vazias em supermercados e farmácias, e a inflação de 1.000.000%. Para alem disso, o desgaste da imagem de Maduro, colocando-o como um ridículo “bobo da corte”, enquanto na verdade ele já provou sua força por resistir aos criminosos governos estadunidenses (Obama e Trump) ao longo dos últimos anos.

O imperialismo, embora tenha conseguido depor muitos governos nos últimos anos, como o do Brasil e o de Honduras, ainda não conseguiu derrubar o presidente Nicolás Maduro. As investidas golpistas teem sido várias; no entanto, ainda não surtiram o efeito esperado. Embora já colecione derrotas nos confrontos contra o chavismo, o imperialismo continua tentando desgastar cada vez mais o governo legítimo da Venezuela.

Enquanto isso, um porta-voz da extrema direita no Congresso estadunidense pediu descarada e publicamente um golpe militar contra o governo de Nicolás Maduro. A ameaça contra o povo venezuelano é tambem uma ameaça a todos os povos latinoamericanos e um reforço à direita e aos militares fascistas que pretendem executar um novo golpe no Brasil antes das próximas eleições presidenciais, caso não consigam números suficientes nas pesquisas (2) para eleger Bolsonaro, seu candidato.

O senador do Partido Republicano, Marco Rubio, declarou recentemente que “o mundo apoiaria um golpe militar” na Venezuela. Ao falar em nome do “mundo”, é preciso que fique claro, Rubio se referia ao imperialismo ianque, o dono do mundo. A condição para este apoio, segundo ele, seria o comprometimento dos militares com a “proteção do povo” e o “restabelecimento da democracia, removendo um ditador”.

Ele apelou abertamente as forças armadas venezuelanas a se “rebelar”. “O regime de Maduro é um governo ilegítimo que trouxe sofrimento e miséria para o povo da Venezuela”, disse. “Enquanto ele permanecer no poder não há esperança para o retorno da democracia”. O republicano do estado da Flórida é um expoente do “Tea Party”, a ala de extrema direita dentro do Partido de Donald Trump.

Dias antes, Rex Tillerson discursou na Universidade do Texas dizendo que “na história da Venezuela e dos países sulamericanos, os militares frequentemente são agentes da mudança quando as coisas estão tão ruins e os governos não servem mais ao povo”. e “Quando a paciência do povo acaba, os militares conduzem uma transição pacífica”. Na ocasião, Trump acenou com a possibilidade de uma operação militar. “Uma opção militar pode ser conduzida”, disse. O Pentágono, é claro, negou que estivesse planejando um golpe (rs).

O Partido Democrata, por sua vez, reforça esta política. O senador pelo estado de Nova Jérsei, Bob Menendez, reivindicou mais sanções do governo à Venezuela como resposta à suposta repressão do governo Maduro contra a oposição. As declarações não deixam dúvidas. O governo dos Estados Unidos, os serviços de inteligência, a CIA estão organizando ativamente um golpe militar na Venezuela.

Os representantes do imperialismo falam em “restabelecer a democracia”, o que significaria impor um governo constitucional após o golpe. Para eles, é desejável estabelecer um regime de tipo ditatorial sob uma fachada parlamentar, legal. Seria mais fácil controlar a situação, mas trata-se de uma operação complexa, que depende do nível de tensão política. Dada a situação na Venezuela, em que claramente a maioria da população está ao lado do governo nacionalista de Nicolás Maduro, um golpe militar teria que se desenvolver em uma ditadura militar para esmagar a resistência das organizações do movimento operário e popular.

Uma intervenção como esta pode levar a uma crise total na Venezuela e não se pode descartar também a possibilidade de uma guerra civil. A direita vem conseguindo avanços desde o impeachment de Dilma Rousseff e a eleição de Maurício Macri na Argentina. E conseguiu impedir que Rafael Correa se reelegesse no Equador.

Esta mobilização em torno ao golpe militar na Venezuela é também parte preparação para um novo golpe de Estado no Brasil e, com isso, a abertura da possibilidade de novos golpes militares em todo o continente. Na medida em que a tensão aumenta, em que a perspectiva de reação popular coloca um obstáculo ao plano de golpes sob a via “legal”, o imperialismo deixa claro que o caminho está desimpedido para um golpe militar e sua consequência mais provável, uma ditadura militar. A via “institucional”, em tese indolor, é preferível, mas as evidências de que uma operação de força está em preparação são incontestáveis.

As ditaduras não estão excluídas do repertório do imperialismo para controlar a crise política em todo o continente latinoamericano. Não se trata simplesmente de um esforço para manter sua dominação sobre a economia destes países. É uma questão de sobrevivência, que se mede apenas pela relação entre o custo de uma ditadura e o de deixar que a situação política fique fora de controle.

A única defesa dos povos latinoamericanos contra o imperialismo é a sua mobilização, a luta política travada pelas massas nas ruas contra a direita golpista.



1. apesar do rebu sobre a “invasão” de venezuelanos no Brasil, apenas uma pequena parte deles vem para cá, enquanto a grande maioria vai para a Colômbia, o Equador e o Peru. Até pela facilidade da língua espanhola que facilita sua adaptação a um novo país, enquanto aqui falamos o português.



2. no momento, o “capitão” Jair Bolsonaro está à frente nas pesquisas de intenção de votos sem a participação do ex presidente Lula, mas nada impede que este quadro se altere pois dia 31/08 é o início da propaganda eleitoral gratuita na TV.

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

E não é que o Rio de Janeiro continua lindo?


E continua mesmo! Aliás, sempre foi e torço, sempre será... Comprovei esta máxima no sábado, quando tive que ir à cidade para comprar um pacote de folhas adesivas para imprimir um trabalho  urgente. Na volta decidi conhecer a Linha 2 do VLT (1) que sai da Praça XV e passa, entre outros pontos pela Confeitaria Colombo, o Gabinete Português de Leitura, a SAARA, Central do Brasil, Gamboa e Santo Cristo, terminando na Rodoviária.
Pra começo de conversa, o VLT é um tipo de transporte muito agradável. Principalmente para quem, como eu, foi do tempo dos bondes – que saudade!  Alem do mais é melhor do que o metrô por ser um modal de superfície, nos deixando visualizar detalhes dos locais pelos quais passamos. Na rota citada destaca-se o casario mais antigo... lindo, muito lindo mesmo. E o silêncio? Uops, vale a pena...
De quebra ainda passamos ao largo de diversas oficinas de escolas de samba, do novo e gigantesco aquário oceanográfico da cidade e algumas bucólicas pracinhas ali situadas. Se não tivesse pressa de chegar em casa, faria o percurso de volta somente pra curtir tudo aquilo.
Sou “fanzoca de auditório” dos modernos transportes de massas (2). Conheci metrôs e VLT’s em todas as cidades em que estive, como São Paulo, Belo Horizonte, Buenos Aires, Lisboa, Paris, Londres, Valencia, Barcelona e Madri. E só não andei no da cidade do Porto, onde morei por três anos, porque na época ainda não existia o metrô local.
Mas o importante em tudo isso é sentir que apesar da fase difícil pela qual passa o nosso Rio de Janeiro, esta cidade continua sendo aquela maravilhosa que conhecemos e amamos!
Clique na imagem para amplia-la

1. encontra-se em construção uma terceira linha do VLT, porem as duas atuais teem extensão de 28 quilômetros atendendo basicamente o centro e a zona portuária.
2. o contraponto ao transporte individualizado desenvolvido nos EUA a partir do famigerado Henry Ford e da visão burguesa do “cada um por si e o resto que se dane”, comprovadamente um dos principais fatores da poluição que hoje assola o nosso planeta.

domingo, 26 de agosto de 2018

Complemento às Pensatas de Sábado e Domingo

Durvalito ao lado de meu pai (seu irmão) em foto, na ocasião já acometido da doença que o levou

Sobre meu tio Durvalito, com muito prazer acrescento aqui um caso memorável que presenciei e do qual me orgulho, já que, obviamente sou seu fã de carteirinha.
Aconteceu nos idos dos anos 1960 quando ele mudou-se para São Paulo após conturbados acontecimentos que o levaram a separar-se de sua primeira esposa (tia por quem, aliás, eu tinha grande carinho). Mas não vou entrar em detalhes sobre isto, até porque citei o ocorrido apenas para situar a época e as razões que o levaram a mudar-se de Salvador.
Na ocasião eu morava em Sampa e o recebi com toda atenção e carinho necessários. Não somente a ele, como à sua então companheira, pivô de todo o embroglio e um filho dela de cerca de quatro anos, sendo que os hospedei no apartamento em que residia, lhes ajudando a encontrar um hotel adequado para acomoda-los enquanto procuravam um local para morar. 
Ele logo conseguiu um emprego no excelente hospital da Santa Casa de São Paulo, até pelo desempenho que tivera no hospital da entidade em Salvador.
Aí aconteceu o tal caso. Ele tinha pouco tempo de casa quando houve a visita de um renomado médico estrangeiro (não me lembro da nacionalidade do dito cujo) que realizou um workshop com os profissionais do hospital.
Em determinado momento do referido acontecimento o renomado “medalhão” lançou uma pergunta para a sua plateia. Poucos se habilitaram a responder. Porem, ao final daquelas respostas o dr.
Foto da formatura
Durval Olivieri levantou-se dizendo que nenhuma delas estava certa, descrevendo o seu ponto de vista. Foi aquele espanto geral, o que gerou reações que culminaram em ofensas pessoais... como referir-se ao “baiano”, pois para paulistas preconceituosos, “baiano” é sinônimo de burro, ignorante, e por ai afora.
Resumo da ópera: ao final da polêmica, o renomado gringo tomou a palavra e confirmou que quanto à questão, o “baiano” era o único que estava certo.
A partir daquele instante o respeito ao dr. Durval Olivieri consolidou-se e seu conceito cresceu, tornando seu nome respeitado.
Quanto a mim, como mero espectador fiquei muito feliz com o que presenciei.