domingo, 30 de setembro de 2018

Angela Maria... uma singela e sincera homenagem


A notícia me chegou muito cedo nesta manhã de domingo: Angela Maria, a nossa “Sapoti”, apelido que lhe foi dado por Getúlio Vargas (1) havia nos deixado para sempre! A sua voz impecável estava definitivamente calada... então, meus olhos marejaram e as lágrimas escorreram!

Recordando, Angela Maria nasceu em 1929, no distrito de Macabu (Macaé), que, em 1952 foi emancipado tornando-se a cidade de Conceição de Macabu. De família muito humilde, sua mãe era dona de casa e seu pai pastor evangélico. Por isso, desde pequenina cantava no coral de uma igreja Batista próxima à sua casa, e assim foi aprendendo a amar a música e o universo das melodias.

Durante sua juventude trabalhou em uma fábrica de lâmpadas e foi operária tecelã em uma indústria de tecidos, mas sempre quis ser cantora. Sonhava com a vida nas rádios e com o sucesso, mas seu pai era contra por ser muito religioso, querendo que a filha se dedicasse à igreja evangélica e casasse cedo. Angela não tinha o desejo de viver assim, e correu atrás do seu grande sonho, que era cantar.

Angela sempre contou em entrevistas ter sofrido na vida pessoal. Nunca pode ter filhos, por problemas no útero que ela soube ainda na adolescência. Foi constantemente alvo da mídia, que sempre tocava no assunto ou inventava boatos deixando-a magoada, pois ela sempre quis ser mãe. E apesar de ter feito inúmeros tratamentos, nunca conseguiu engravidar. A cantora foi casada seis vezes, teve muitos namorados, e revelou que sempre sofreu na mão de todos eles com humilhações e até agressões físicas.

A cantora revelou que certa vez tentou o suicídio. Contou que quase perdeu tudo, já que seu patrimônio era administrado por seus assessores, que não pagavam suas contas e a roubavam constantemente. Em 1967, desesperada com sua vida, foi para São Paulo, porém continuava a topar com empresários golpistas e namorados desonestos e oportunistas. Apesar de ter ficado muito tempo vivendo em grande pobreza, cantando em boates para sobreviver, deu a volta por cima anos depois. Angela Maria revelou que seu melhor amigo sempre foi Cauby Peixoto (2) e que tinha uma grande admiração por Dalva de Oliveira.

Em 1979, com 50 anos, conheceu um homem que mudaria sua vida: Um rapaz de dezoito anos que mexeu com seu coração. Ele era noivo. Porém o garoto, chamado Daniel D'Angelo, gostou de Angela, terminou com a noiva, os dois passaram a ter um envolvimento amoroso intenso, e foram morar juntos com poucos meses de namoro. Até que em 13 de maio de 2012, no dia do seu aniversário de 83 anos (ele com 51) casaram-se oficialmente. Ela foi pedida em casamento dias antes, e aceitou. A celebração do matrimônio foi realizada com uma grande festa para os familiares e amigos.

Angela dizia que ele havia sido o único homem que lhe fez verdadeiramente feliz. A cantora era casada com Daniel desde 1979 e adotaram quatro filhos: Ângela Cristina, Lis Ângela, Rosângela e Alexandre.

1. Getúlio a apelidou de "Sapoti" porque, alegou, para além de sua coloração morena, sua voz era tão doce como a fruta.

2. Assisti um maravilhoso show de Angela e Cauby no “Cabaré Mineiro”, casa noturna de Belo Horizonte (MG) no ano de 1986. Além do mais ela foi sepultada ao lado do grande amigo.


Angela Maria, a voz que se cala para sempre!

Pensatas de Domingo. Foi mesmo um espetáculo


Enquanto o tempo corre para o dia 7 de outubro e todos só falam em eleições, nós das Casas de Convivência e Lazer para Idosos comemoramos os seus 10 anos de existência com uma festança na Sala Baden Powell, antigo cinema Ricamar (1), em Copacabana.
   
Olha, valeu a pena! Foram apresentações impecáveis, algumas delas dignas de um verdadeiro show. Nós cantamos Fly me to the moon, Smile e New York New York pela Oficina de Inglês, sob a direção de nossa professora. E, importante, ela gostou demais das performances dos mais de 30 intérpretes.

A sala estava repleta e pessoas se acotovelavam pelos corredores ao lado das filas de cadeiras. Um a um subiram ao palco os grupos de todas as Casas. Um desfile de variedades, desde corais a poetas, passando por apresentações folclóricas, todas bastante interessantes e muito aplaudidas.
   
Um verdadeiro espetáculo de muitas luzes e grandes talentos da 3ª idade!


1. Frequentei muito o simpático cinema Ricamar, tendo assistido ali filmes como “De repente no último verão” (Suddenly, Last Summer), de 1959, dirigido por Joseph L. Mankiewicz, com roteiro de Gore Vidal e Tenessee Williams, interpretado por Elizabeth Taylor e Montgomery Clift.
 


sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Da série BOLSO HITLER nº 3

Sem palavras...


Lembre-se:


José Dirceu: “O problema do Bolsonaro é do PSDB e DEM. Sem Lula, temos Ciro e Haddad”

Ex-ministro de Lula viaja de ônibus pelo país, para lançar livro escrito enquanto estava preso, e diz que não pretende participar do Governo se o PT ganhar a eleição. “A elite que reze para que eu fique bem longe”

Parcialmente (1) transcrito de matéria publicada em “Brasil-El País”, acompanhamos a seguir o que está a acontecer, no momento, com este que é, no meu entender, o mais coerente e honesto daqueles que compuseram o núcleo central do primeiro governo do PT. Vamos lembrar que Pallocci, por exemplo, tornou-se um dedo duro na Lava Jato.

“Prazer, sou Zé Dirceu. Desculpe o atraso”. Assim o homem que já foi o mais poderoso do Governo Lula, condenado a mais de 30 anos de prisão, chegou, atrasado mais de uma hora, para a entrevista concedida ao EL PAÍS dentro de um ônibus leito em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife. É nesse ônibus que José Dirceu (Passa Quatro, 1946), ex-ministro-chefe da Casa Civil, está viajando desde o início de setembro para divulgar seu livro Zé Dirceu – Memórias volume 1 (editora Geração). Assessores, o editor, a mulher, a filha de sete anos e a sogra acompanhavam a viagem do petista naquela semana, que incluiu Sergipe, Maceió, Pernambuco e Paraíba. A expectativa é visitar todos os Estados do país até o final de novembro.
O primeiro volume do livro – que vendeu 25.000 exemplares e está na segunda impressão – foi escrito durante os quase dois anos e meio em que o fundador do PT esteve detido, no total, entre os processos no âmbito do mensalão e da Lava Jato. Enquanto esteve preso, era conhecido por sua disciplina militar. Assim que chegou ao Complexo da Papuda pela primeira vez, em 2013, quis entender das regras locais, para não violar nenhuma. Realizava diariamente uma rotina de exercícios e evitava entrar em qualquer discussão. "Na cadeia, todo mundo sabe o limite de discussão sobre religião, futebol, política, todo mundo conversa até um certo ponto", diz, com propriedade.
Preso três vezes - uma pelo mensalão, condenação pela qual recebeu indulto, e duas pela Lava Jato - o ex-ministro afirma estar “sempre preparado para o pior”, embora acredite que não voltará à cadeia novamente. Bem humorado, bronzeado e com alguns quilos a mais d
esde que deixou a prisão pela última vez, em junho deste ano, falou sem parar por mais de uma hora. “O que dei de entrevista até agora, se juntar tudo dá um livro de 500 páginas”, afirmou, no dia seguinte ao lançamento de seu livro no Recife. O evento encheu o auditório do Sindicato dos Bancários com militantes, que o chamam de “comandante”.
O segundo volume do livro já está em fase de produção com detalhes que ele vem anotando durante a viagem. Luiz Fernando Emediato, dono da Editora Geração, que o está acompanhando na caravana, diz que a expectativa com as vendas é alta. “O piso dele são 300.000 exemplares”.

1. Parcialmente porque não reproduzi a longa entrevista de Dirceu ao jornal.


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

De Elis, eleições, direita, esquerda e outros bichos


Quando postei Elis Regina cantando Dois pra lá dois pra cá, esta música sensacional de João Bosco e Aldir Blanc foi porque: primeiro, estava deveras envolvido com esta obra-prima da música brasileira, pelo simples fato de que iria interpretá-la em dueto com minha mulher na Casa de Convivência para Idosos da qual participamos. E o fizemos, embora sem o brilhantismo dela, mas com sucesso.
   
Em segundo porque, genteee, Elis é Elis! E desde que ela nos deixou nem eu nem milhões de brasileiros não nos conformamos com isso. Porque, convenhamos, ela foi a nossa maior intérprete, a nossa musa cantora.

Mudando de assunto sem trocar de contexto, as eleições que assolam o país e que refletem o grau de radicalismo que a luta de classes alcançou por terras tupiniquins, pelo fato de a extrema direita ter um candidato, coisa que não ocorrera em eleições anteriores, torna-se um grave acontecimento que requer uma também “extrema” atenção.
   
Sim, o bolsonarismo reflete, no momento, esta realidade com a qual nos deparamos. Uma realidade que nos remete ao surgimento e consolidação do fascismo nos anos 30/40 do século passado, quando as camadas médias reacionárias das populações urbanas europeias buscavam alternativas à tendência natural de um caminho para o socialismo.
  
Enquanto isso, a esquerda brasileira não se afina, cada qual falando aleatoriamente, sem procurar uma identidade nacional que a identifique nestas eleições.

E outros bichos que afetam o nosso dia a dia, como por exemplo, a falta de perspectiva de sairmos desta que é a pior e maior crise por que já passamos em nossa história...
   
Pois bem, tenho dito!