Continuando... Ou
entrando no outro lado das invasões estadunidenses. Desta feita no México!
A Guerra Mexicano-Americana (1846 e
1848) foi o primeiro grande conflito impulsionado pela idéia do “Destino
Manifesto” (1), e teve enormes consequências para o futuro das nações
envolvidas. Como resultado, Estados Unidos ampliaram o seu território em mais de
um quarto, enquanto México perdeu aproximadamente metade do seu. Na época, a
guerrac hegou a ser objeto de grande controvérsia moral dentro dos Estados
Unidos.
Ela teve duas causas básicas. Primeiro, o desejo dos EUA em se
expandir em todo o continente norte-americano em direção ao Oceano Pacífico
causou conflito com todos os seus vizinhos: dos britânicos no Canadá e Oregon aos
mexicanos no sudoeste e, é claro, com os americanos nativos, estes praticamente
aniquilados em todo o país...
Desde a aquisição, feita por Jefferson do território da Louisiana em
1803, os estadunidenses migraram para o oeste, em números cada vez maiores,
muitas vezes em terras que ainda não pertenciam aos Estados Unidos. Desde o
momento em que o chamado “Destino Manifesto” criou raízes, a ideia de que os
EUA detinham um direito “divino” para ocupar e “civilizar” todo o continente
ganhou força cada vez maior entre os colonos, que se estabelecerem em terras a
oeste. O fato de, na maioria dessas áreas, já estarem ocupads era geralmente
ignorada, com a desculpa que os descendentes dos colonizadores ingleses, com
seus ideais e a “ética cristã” protestante, faria um trabalho melhor do que os
nativos americanos ou os mexicanos católicos. Em 1835 e 1845, os Estados Unidos
tentaram comprar a Califórnia do México, por US$ 5 milhões e US$ 25 milhões,
respectivamente. O governo mexicano recusou.
Um outro conflito marcante foi a da Independência do Texas, que inicialmente
se constituiu num república e a sua posterior anexação aos Estados Unidos. O
México não reconheceu a anexação e reivindicou a região, alegando que o Texas era
um Estado mexicano rebelde. Mas apesar da forte pressão da opinião pública do
México para a guerra, de início não houve resistência armada. A guerra só
começaria com a tentativa dos Estados Unidos de expandir as fronteiras do
território anexado para além dos limites do antigo Departamento de Tejas
mexicano.
Mas a Guerra
Mexicano-Americana foi um grande conflito convencional travado por
exércitos tradicionais utilizando táticas estabelecidas em estilo europeu. Como
as forças ianques penetraram no coração do México, algumas das forças de defesa
recorreram a táticas de guerrilha para perseguir os invasores, mas estas forças
irregulares não conseguiram influenciar o resultado da guerra.
Após o início das hostilidades, os militares dos EUA embarcaram em
uma estratégia destinada a tomar o controle do norte do México. Dois exércitos se
moveram para o sul do Texas, enquanto uma terceira força sob o comando do
coronel Stephen Kearny viajou para o oeste do Novo México e posteriormente para
a Califórnia. Em uma série de batalhas o exército do general Zachary Taylor derrotou
as forças do México e começou a mover-se para o sul após inúmeras vitórias Em
julho e agosto de 1846, a Marinha dos Estados Unidos tomaram Monterey e Los Angeles,
na Califórnia. Em setembro de 1846, o exército de Taylor lutou contra as forças
do general Ampudia para o controle da cidade mexicana de Monterey em uma
batalha de três dias sangrentos. Após a captura da cidade pelos estadunidenses,
seguiu-se uma trégua temporária que permitiu os dois exércitos a se recuperar
da desgastante batalha de Monterey. Durante este tempo, o ex-presidente Samta
Anna voltou para o México do exílio e criou um novo exército de mais de 20.000
homens para se opor aos invasores. Apesar das perdas de grandes extensões de
terra, e a derrota em várias batalhas, o governo mexicano recusou-se a fazer a
paz. Tornou-se evidente que apenas uma vitória completa no campo de batalha proporcionaria
o fim da guerra.
Em nove de março de 1847, o general Scott desembarcou com um
exército de 12.000 homens nas praias de Veracruz. A partir deste ponto, de
março a agosto, Scott e Santa Anna lutaram uma série de sangrentas e duras
batalhas do interior em direção a costa. As batalhas mais importantes desta
campanha incluem as batalhas de18 de abril, 20 de agosto, oito e 13 de setembro.
Finalmente, em 14 de setembro, o exército destadunidense entrou na Cidade do
México. A população da cidade ofereceu alguma resistência para os ocupantes,
mas até meados de outubro, os distúrbios tinha sido debelados e o Exército dos
EUA desfrutou controle total. Após a ocupação da cidade, Santa Anna renunciou à
presidência, mas manteve o comando do seu exército. Ele tentou continuar as
operações militares contra os EUA, mas suas tropas, derrotadas e desanimadas,
se recusaram a lutar. Seu governo logo pediu a sua demissão. Operações de
guerrilha contra as linhas levaram Scott de volta a Veracruz.
Em 02 de fevereiro de 1848, foi assinado o Tratado de Guadalupe
Hidalgo, depois de ser ratificado pelos congressos dos dois países. O tratado
previa a anexação de partes do norte do México aos Estados Unidos. A guerra
custou aos Estados Unidos mais de US$ 100 milhões, e matou 13.780 militares dos
EUA, que derrotou o seu vizinho.
Ao final da guerra, o México foi obrigado a ceder grandes regiões
do norte do país para os Estados Unidos. Estas regiões compreendem as áreas
totais dos atuais Estados da Califórnia, Nevada, Texas, Utah, Novo México,
Arizona, Colorado e Wyoming. As relações entre os Estados Unidos e o México
permaneceram tensas durante muitas décadas, com vários confrontros militares na
fronteira. O general Zachary "Old
Rough and Ready" Taylor usou sua fama como um “herói de guerra” para
ganhar as eleições presidenciais em 1848.
A Guerra entre México e Estados Unidos foi tambem um dos fatores
que precipitaram a Guerra Civil nos EUA. A constituição mexicana não admitia
escravidão. Portanto, os novos territórios incorporados aos Estados Unidos eram
estados livres. Isso perturbou o frágil equilíbrio de poder existente no
congresso entre os estados escravagistas e os livres, e foi um dos fatores
determinantes que impulsionaram o sul dos EUA para a sua frustrada busca da
independência.
1. A crença
de que os Estados Unidos tinham um direito dado por deus: o destino de expandir
as fronteiras do país de "costa a costa".
4 comentários:
Um quarto do território mexicano apropriado pelos Estados Unidos? Bem se a sua fúria expansionista. No mais, como de hábito, post que esclarece e ensina aos incautos.
Excelente complemento! Ou melhor: introdução às invasões (rs).....
Pobre México MESMOOOOOOO !
O argumento de que as terras mexicanas seriam melhor aproveitadas pelo laboriosos e empreendedores americanos não foi esgrimido apenas pelos ingleses defensores da 'ética protestante', mas também por Karl Marx, que escreveu a favor da vitória americana no conflito.
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