Conheci Antoni Tàpies na Fundação
Serralves no Porto, Portugal, em excelente exposição retrospectiva de sua obra
no ano de 1991, quando morava naquela cidade. E, confesso, foi uma surpresa
deveras agradável admirar aquele belos, ousados e enormes quadros que pintava.
Tàpies (Marquês de Tàpies), filho
de Josep Tàpies Mestres e Maria Puig Guerra nasceu em Barcelona no dia 13 de
dezembro de 1923, vindo a falecer na mesma cidade em 6 de fevereiro de 2012, sendo considerado como um dos mais
importantes artistas do século XX.
Em 1942,
devido a uma doença pulmonar, passa algum tempo a convalescer num sanatório em
Puig d’Olena. Durante este período, dedicou-se a copiar obras de artistas como
Picasso ou Van Gogh. Leu Nietzche, Dostoievsky e filosofia oriental,
nomeadamente o Budismo Zen; ao mesmo tempo, ouvia a música do romantismo e
Wagner. E estudou Direito na Universidade de Barcelona.
Ao mesmo tempo
que estudava Direito, dedicou parte do seu tempo à pintura e colagens, de conteúdo
existencialista e surrealista (p.ex. Figura de Papel de Jornal e Fios,
1946-1947), sendo influenciado por pensamentos de filósofos como Sartre e
Heidegger.
Em 1945,
abandona os estudos e, no ano seguinte, instala-se no seu estúdio em Barcelona.
Os anos seguintes são de contato com diferentes artistas e intelectuais, e de
crescente reconhecimento da sua obra. Simpatizante da causa catalã (expressa em
algumas pinturas como O Espírito Catalão, de 1971), apoia alguns
movimentos de protesto ao franquismo, que o levam à prisão por breves períodos,
no final dos anos 1960, princípios de 1970. A década de 1970 é de prestigio
internacional. A obra de Tàpies foi exposta em todo o mundo, nos principais
museus de arte moderna. Doutorado por diversas vezes Honoris Causa, recebeu inúmeros prêmios, dos quais se destacam a Medalha
de Ouro da Generalidad da Catalunha (1983), e o Prémio Príncipe das
Astúrias das Artes (1990).
Em 1990, é
inaugurada a Fundação Antoni Tàpies, instituição fundada pelo próprio para
divulgar a arte contemporânea.
Em 1948, expõe pela primeira vez no Salão de
Outubro de Barcelona. Faz contatos com artistas e intelectuais vanguardistas, e
funda, juntamente com o poeta Joan Brossa, os pintores Joan Ponç e Modest
Cuixart, o impressor Joan Tharrats e o filósofo Arnau Puig, o movimento Dau Al
Set, e uma revista com o mesmo nome, de conteúdo Surrealista e influências
dadaístas.
A obra inicial de Tàpies é influenciada pelo
surrealismo, conforme se pode constatar em A Ocultação de Wotan (1950), principalmente pelos pintores
Paul Klee e Joan Miró. Em 1950, Tàpies faz a sua primeira exposição individual
nas Galerias Laietanes de Barcelona. Após ter obtido uma bolsa de estudo viaja
para Paris onde se relaciona com Picasso. As suas exposições prosseguem em
Madri, Veneza e Nova Iorque, na galeria de Martha Jackson.
O casamento, em 1953, com Teresa Barba, influencia
a sua vida pessoal, e de artista, e muda progressivamente de estilo. Passa a
utilizar nas suas pinturas, materiais como cordas, papel ou pó de mármore.
Tàpies acompanha assim a corrente européia do informalismo, caracterizada por
pinturas em que a tinta ganha espessura e consistência. A sua obra, neste
período, é apoiada pelo crítico francês Michel Tapié, e trabalha, durante a
década de 1950 e 1960, com outros informalistas espanhóis como Enrique Tábara,
Antônio Saura e Manolo Millarees. Exemplo desta nova fase é o quadro Branco
com Manchas Vermelhas (1954),
Grande Pintura Pinzenta (1955)
ou Corpo de Matéria e Manchas de Côr Laranja (1968).
As décadas de 1950 e 1960
reconhecem o seu trabalho a nível internacional. O final da década de 1960 e a
década de 1970 trazem a Tapiès as influências da Arte Povera, e incorpora nos seus
trabalhos objetos mais sólidos comomobiliário ou roupa (Trapos e Cordéis
Sobre Tábua, de 1967, Palha e Madeira, de 1969, Peça de Roupa,
de 1973).
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