A sociedade
está em constante mudança. A história tenta catalogar e explicar estas
mudanças. Mas, quais são as leis que comandam a mudança histórica? Existem
estas leis? Se não existissem, a história humana seria completamente
incompreensível. Contudo, os marxistas não veem a história desta maneira. Da
mesma forma que a evolução da vida tem leis inerentes explicáveis, e que foram
explicadas, primeiro por Darwin e, mais recentemente, pelos rápidos avanços no
estudo da genética, também a evolução da sociedade humana tem suas leis
inerentes e estas foram explicadas por Marx e Engels.
O marxismo
sustenta que o desenvolvimento da sociedade humana ao longo de milhões de anos
representa o progresso, mas este nunca seguiu uma linha reta, como
equivocadamente acreditavam os vitorianos (que tinham uma visão vulgar e
antidialética da evolução). A premissa básica do materialismo histórico é que a
fonte decisiva do desenvolvimento humano é o desenvolvimento das forças
produtivas. Esta é a conclusão mais importante, porque é a única que nos pode
permitir chegar a uma concepção científica da história.
Antes de
Marx e Engels, a história para a maioria das pessoas era uma série de
acontecimentos desconectados ou, para usar um termo filosófico, “acidentes”.
Não havia uma explicação geral para este processo porque supostamente a
história não tinha leis internas. Uma vez que se aceite este ponto de vista, a
única força motriz dos acontecimentos históricos é o papel do indivíduo, os
“grandes homens” (ou mulheres). Em outras palavras, caímos numa visão idealista
e subjetiva do processo histórico. Este era o ponto de vista dos socialistas
utópicos, os quais, apesar de sua grande perspicácia e penetrante crítica da
ordem social existente, não conseguiram compreender as leis fundamentais do
desenvolvimento histórico. Para eles, o socialismo era somente uma “boa ideia”,
uma ideia atemporal, válida tanto há mil anos quanto amanhã pela manhã. Se
tivesse sido inventado há mil anos, a humanidade teria economizado muitos
problemas!
Foram Marx e
Engels os primeiros que explicaram que, basicamente, todo o desenvolvimento
humano depende do desenvolvimento das forças produtivas e, deste modo,
proporcionaram bases científicas ao estudo da história. A primeira condição da ciência
é que sejamos capazes de ver além do particular para chegar às leis gerais. Por
exemplo, os primeiros cristãos eram comunistas (ainda que seu comunismo fosse
utópico, baseado no consumo e não na produção). Suas primeiras experiências com
o comunismo não os levaram a nenhuma lugar, e tampouco era possível, porque o
desenvolvimento das forças produtivas naquele momento não permitia o
desenvolvimento de um verdadeiro comunismo.
A história
humana não é uma linha ininterrupta rumo ao progresso. Ao longo da linha ascendente,
existe outra linha descendente. Na história teem ocorrido períodos em que, por
diferentes razões, a sociedade retrocedeu, o progresso foi detido e a
civilização e a cultura foram minadas. Este foi o caso da Europa depois da
queda do Império Romano, durante o período conhecido, pelo menos em inglês,
como a Idade das Trevas. Recentemente, tem surgido uma tendência da parte de
alguns acadêmicos de reescrever a história e apresentar os bárbaros a partir de
um ponto de vista mais favorável. Isto não é “mais científico” ou “mais
objetivo”, simplesmente é pueril.
Foi Marx que
assinalou que havia duas possibilidades para a espécie humana: socialismo ou
barbárie. A democracia formal, que os trabalhadores europeus e estadunidenses
consideram como algo normal, na realidade é uma estrutura muito frágil que não
duvidará de empreender o caminho à ditadura no futuro. E sob a fina camada de
cultura e civilização modernas, há forças que se assemelham à pior das barbáries.
Os acontecimentos nos Bálcãs nos anos 1990 são uma lembrança disto. As normas
civilizadas podem-se romper facilmente e os demônios do passado podem ressurgir
inclusive nas nações mais civilizadas. Sim, a história conhece uma linha
ascendente e outra descendente!
A questão,
portanto, coloca-se em termos absolutos. No próximo período, ou o funcionamento
da sociedade, substitui o decrépito sistema capitalista por uma nova ordem
social baseada na planificação harmoniosa e racional das forças produtivas e no
controle consciente de homens e mulheres de sua própria vida e destino, ou
enfrentaremos o espantoso espetáculo do colapso social, econômico e cultural.
Durante
milhares de anos a cultura tem sido monopólio de uma minoria privilegiada,
enquanto que a grande maioria da humanidade tem ficado excluída do
conhecimento, da ciência, da arte e do governo. Inclusive agora isto é assim.
Apesar de todas as nossas pretensões, não somos realmente civilizados. Nosso
mundo não merece esse nome. É um mundo bárbaro, habitado por pessoas que não
superaram ainda seu passado bárbaro. A vida ainda é uma luta cruel e implacável
pela existência para a maioria do planeta, e não somente no mundo
subdesenvolvido, como também nos países capitalistas desenvolvidos.
Contudo, o
materialismo histórico não nos permite tirar conclusões pessimistas, pelo
contrário. A tendência geral da história humana tem sido na direção de um maior
desenvolvimento de nosso potencial produtivo e cultural. Os grandes
acontecimentos dos últimos cem anos pela primeira vez criaram uma situação em
que todos os problemas enfrentados pela humanidade podem ser resolvidos
facilmente. O potencial para uma sociedade sem classes já existe em escala
mundial. É necessário produzir um plano racional e harmonioso das forças
produtivas para que este imenso potencial, praticamente infinito, possa ser
realizado.
Sobre a base
de uma revolução real da produção, seria possível conseguir tal nível de
abundância que homens e mulheres já não teriam de se preocupar por suas
necessidades cotidianas. As preocupações humilhantes e os temores que afligem a
todos os homens e mulheres desaparecerão. Pela primeira vez, os seres humanos
livres serão os donos de seu destino. Pela primeira vez, serão realmente
humanos. Somente então começará a história real da raça humana.
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