No dia 14, publiquei neste Bogue uma postagem sobre os nove
meses do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes, e
insistia que as conclusões são poucas e pouco convincentes. Dois dias depois, continuo
a achar a mesmíssima coisa, apesar de tentarem dizer que não!
Alegam que uma testemunha revelou à polícia
que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o chefe de milícia de Curicica,
Orlando Oliveira de Araújo, tramaram as mortes dos dois. Mas esta história não
é de hoje! Prosseguindo: em quatro depoimentos — um feito à Polícia Federal,
dois ao Exército, e outro à Delegacia de Homicídios (DH) — a citada (e
desconhecida) testemunha disse ter presenciado quatro conversas entre Siciliano
e Orlando, conhecido como “Orlando de Curicica”, desde junho de 2017. Quatro
meses depois, Orlando foi preso, mas mesmo de dentro de Bangu 9 continuou a
mandar na milícia. Em uma das conversas, a testemunha disse que Siciliano
encontrou Orlando, que já estava foragido, e xingou Marielle, associando seu
nome ao do deputado estadual Marcelo Freixo (1). Na ocasião, disse:
"precisamos resolver isso logo".
Segundo a versão, foi de dentro da
penitenciária que Orlando teria dado a ordem para matar a vereadora. Um mês
antes da execução, o plano começou a ganhar corpo com a clonagem do carro
utilizado no crime. Além disso, quatro homens foram indicados para participar
da execução.
A testemunha não soube afirmar com certeza
qual seria o motivo da rixa entre Marielle e Siciliano. Mas disse que supõe que
tenha sido a expansão das ações comunitárias da vereadora em comunidades na
Zona Oeste, áreas majoritariamente dominadas pela milícia, algumas ainda sob
influência do tráfico. Investigadores da DH descartaram a hipótese de queima de
arquivo na morte do PM reformado Anderson Claudio da Silva, 48 anos, atingido
por tiros de fuzil no Recreio dos Bandeirantes.
Inicialmente, a testemunha procurou a Polícia
Federal e foi encaminhada para a Polícia Civil. Apesar dos depoimentos,
ela ainda não entrou no programa de Proteção à Testemunha, pois seus relatos
ainda não foram feitos judicialmente. A testemunha informou a policiais que estava
saindo do Rio de Janeiro.
Na época da morte de Marielle, Siciliano
divulgou uma nota de luto. "Durante o tempo em que esteve conosco, ela fez
tudo pela sua localidade e estava sempre disponível para ajudar no que fosse
necessário. Me solidarizo com a dor dos familiares e amigos. Podem contar
comigo para ajudar no que for preciso", disse o parlamentar.
Em nota, Sicilliano negou as acusações.
"Expresso aqui meu total repúdio a acusação de que eu queria a morte de
Marielle Franco. Ela é totalmente falsa. Não conheço 'Orlando da Curicica' e
acho uma covardia tentarem me incriminar dessa forma. Marielle, além de colega
de trabalho, era minha amiga. Tínhamos projetos de lei juntos. Essa acusação
causa um sentimento de revolta por não ter qualquer fundamento. Eu, assim como
muitos, já esperava que esse caso fosse elucidado o mais rápido possível.
Agora, desejo ainda mais celeridade".
Gente, li tudo isso fazem alguns meses. Não quero dizer com
isso que não tenham sido eles os autores da bárbara ação. Pelo menos, até o
momento foi o que de mais possível e crível foi divulgado. Mas sabemos o que o
poder das milícias e sua força política é capaz de ocultar evitando que se
cheguem aos verdadeiros mentores e executores do que de fato ocorreu no
Estácio, na sangrenta noite de 14 de março deste ano. Afora o sigilo que cerca
a investigação que não permite que se saia aos quatro ventos falando de nomes
suspeitos com a finalidade de não afugentá-los. Isso procede e nos obriga a uma
espera mais paciente.
O que virá por aí?
1. Freixo também foi ameaçado de
morte esta semana, porém o plano para matá-lo foi descoberto a tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário