domingo, 12 de dezembro de 2010

Pensatas

Foi no mínimo estranha a entrevista de Francis Ford Copola (foto acima) a Jô Soares. O entrevistador estava tenso. Tensão esta que aumentava na medida em que o entrevistado não ria de suas “piadinhas”... Copola é reconhecidamente um homem fechado e de pouca conversa. Alem do mais, estar frente a frente com um Monstro Sagrado nada bem humorado não é fácil! Foram momentos de suspense e falta de graça dos maiores a que assisti na TV. Um verdadeiro “Apocalipse”...

Publiquei esta semana uma postagem sobre as fronteiras de Israel. Pesquisando posteriormente, constatei que na verdade quem mais perdeu territórios em 1967 foi o Egito. Nasser, apressadamente e com nenhuma estratégia declarou que iria atacar Israel, o que provocou uma reação imediata dos israelenses. Estes sim, desfecharam um ataque pelo ar, pegando a poderosa força aérea do Egito no chão e destruindo praticamente todo o poderio de fogo de sua esquadrilha. Alem de, claro, o objetivo interno de conquistar Jerusalem por inteiro. Tanto que de imediato transferiram sua capital para aquela cidade.

Seguem aqui os números mais recentes do icasualties publicados ontem sobre a guerra no Afeganistão: os estadunidenses já mandaram para casa este ano os corpos de 479 soldados. Contra 317 no ano passado. A diferença numérica entre os anos de 2009/10 (ainda não terminado) já supera o total de vítimas de 2008 (155). E o pior de tudo é que no final da guerra – que eles não vão ganhar – poderão ainda surgir versões mentirosas e ufanistas como as que existem hoje sobre o Vietnam, e que simplesmente, pasmem, cantam a vitória dos Estados Unidos sobre o pequeno país asiático que no espaço de pouco mais de 25 anos venceu duas potências mundiais, inclusive eles. A outra foi a França.

Ainda do Afeganistão, segundo relatório da ONU, 2.412 civis perderam a vida em 2009 naquele país vitimados pelos conflitos entre forças da OTAN e guerrilheiros.

E o WikiLeaks? Bom, prenderam Julian Assange, alcançando o objetivo inicial de (tentar) calar o incômodo site. Mas o que ficou provado é que o mundo entrou numa era em que os “segredos de estado” estão condenados a não existir mais... Sinal dos tempos! E tratem de medir as suas palavras em suas correspondências top secret, senhores embaixadores...

Imagem incrível a do veículo que transportava o príncipe Charles e Camila Parker Bowles em meio à manifestação de estudantes londrinos a protestar pelo aumento das anuidades universitárias na Inglaterra, que, por acaso deram de cara com a limosine Real, tendo inclusive, quebrado o seu vidro. A expressão do príncipe herdeiro não deu para ver porque estava meio desfocada. Mas a dela era muito nítida; e de um pavor digno dos velhos filmes de horror da Hammer.
Mas como Camila é pavorosa mesmo, não é nada difícil imaginar a cena...

4 comentários:

André Setaro disse...

Lendo a sua pensata de hoje, lamentei não ter tido a oportunidade de assistir a entrevista de Coppola no 'talk show' de Jô Soares.

Considero Coppola um dos maiores cineastas da segunda metade do século passado. A trilogia 'O poderoso chefão' ('The godfather') é genial. Não faço distinção entre os filmes. Alguns gostam mais do primeiro, outros do segundo, a maioria acha o terceiro o mais fraco. Na minha opinião é um único filme.

A sequência do terceiro, já em 1990, o 'grand finale' na ópera - que é dirigido por um 'expertise' como Franco Zefirelli - é, numa palavra, magistral, um dos grandes momentos do cinema em todos os tempos. Enquanto a ópera é apresentada, há uma montagem simultânea para mostrar os assassinatos. E, na escadaria, quando a filha de Al Pacino é morta, este dá um grito - e grito de tragédia grega, mas Coppola tira o áudio e nada se ouve. Apenas a expressão de dor do personagem. E o espectador não se dá conta, tal a força da 'mise-en-scène' da falta do áudio.

A vida de Coppola também se compõe de elementos de tragédia. Pelo que li, "Tetro" é um filme bastante pessoal, uma espécie de exorcismo pessoal, que reflete a vida e o cinema.

Jô, algumas vezes, quer ser engraçado demais. Não seria o caso com o realizador de "Apocalypse Now!"

Jonga Olivieri disse...

Você não perdeu grandes coisas. Na verdade a entrevista não foi nada esclarecedora, pois o Jô ficou sem ação, meio desconcertado frente ao Monstro Sagrado.
Houve um momento em que ele se contradiz, pois primeiro afirmou ter assistido o filme de Copola e instantes depois perguntou se ele era somente"produtor" do filme...
Ridículo!

Stela Borges de Almeida disse...

Novas Pensatas no desafio. De Francis Ford Coppola, passando pelas Fronteiras de Israel, noticiando a Guerra do Afeganistão, a devassa do Wikileaks, até Charles e Camila Parker Bowles. Sobrou para a Camila, que lembrou os velhos filmes de horror. Jonga, você anda meio preconceituoso com a moça (risos) qual o filme lembrado, de Fritz Lang?
Acabei de ler Said, a paz do Oriente Médio depende da visão humanista e corajosa de poucos como êle, que diz:
"Ainda acredito que é nosso papel procurar a paz com justiça para fornecer uma visão baseada na igualdade e na inclusão, em vez de no apartheid e na exclusão[...]
Sedex em tramite, espero que você ouça a música e goste do filme, abração.

Jonga Olivieri disse...

Aguardo ansiosamente... Tantoa a música quanto o filme.
Obrigado!