domingo, 16 de abril de 2017

Pensatas de Domingo. “Errar é humano, insistir no erro é americano, acertar no alvo é muçulmano”



Jorge Vital de Brito Moreira

Na cidade de Madison, capital do estado de Wisconsin, Romeu de Oliveira e Egroj Russell, dois amigos brasileiros que vivem atualmente nos EUA, sentam-se num bar mexicano para beber margaritas, provar o tira gosto de carnitas, e comentar as últimas notícias. Egroj pergunta:
- E aí Romeu, o que você achou da justificativa dos EUA para o ataque alucinado do presidente Donald Trump à Síria? O ataque do Trump lhe pegou de surpresa?
- Não, meu amigo... o ataque de Trump não me pegou de surpresa porque eu estava prevendo que ele ia lançar mão desse acostumado recurso terrorista dos EUA para aumentar a sua popularidade e a sua credibilidade que estavam em declínio.  Mas o ataque com 59 mísseis Tomahawk, ordenado pelo presidente Trump contra o Aeroporto Shayrat da Síria, não passou de mais uma exibição da estupidez, da arrogância e da prepotência do governo imperial dos EUA, pois a justificativa de Trump para atacar a Síria é mais uma escandalosa mentira como podemos verificar pelas denúncias da Rússia, da Síria, da Bolívia e de outros países que insistiram na falta de provas para apoiar a acusação dos EUA sobre a utilização de armas químicas pelo governo da Síria. Assim, voltamos para aquele mesmo ditado que foi criado depois da derrubada das torres gêmeas de Nova York, e que diz: “errar é humano, insistir no erro é americano, acertar no alvo é muçulmano”.
-Queria lhe informar, Romeu, que li as últimas declarações da organização dos Doutores Suecos pelos Direitos Humanos (SWEDHR) sobre o assunto e a SWEDHR responsabilizou a organização “White Helmets” (Cascos Brancos) e os “terroristas moderados” financiados pelos EUA, por esta encenação do uso de armas químicas na Síria. Aliás, a SWEDHR já tinha denunciado os “White Helmets” por terem sidos os responsáveis pelo assassinato de crianças da Síria e usarem as imagens das crianças mortas como propaganda visual contra o governo da Síria.
-Sim, Egroj, também li estas informações. E elas também revelavam que os “White Helmets” é uma organização financiada pelo bilionário estadunidense George Soros, pelos EUA e pela Inglaterra; uma organização que está associada à CIA (Central de Inteligência dos EUA), a Hollywood, e a determinados setores da indústria cinematográfica estadunidense. Aliás, esta associação entre os “White Helmets”, a CIA, Hollywood, Netflix e o ator e diretor George Clooney, foi denunciada recentemente depois que o documentário “White Helmets” ganhou o premio Oscar de Hollywood de 2017.
- Essa associação entre a presidência, Hollywood, a CIA, o Pentágono, os militares e a mídia corporativa, não é uma coisa nova Romeu! Foi revelada para o público em 1977 de uma forma muito inteligente pelo filme (comédia) estadunidense intitulado “Wag the Dog” que foi exibido no Brasil com o título de “Mera Coincidência”.
- De que trata este filme?
- O filme conta a história do presidente dos EUA que se vê  envolvido num escândalo sexual. Diante do escândalo sexual, da queda da credibilidade e da popularidade do presidente, um dos seus assessores (Roberto de Niro) ligado a CIA, contrata um produtor de Hollywood (Dustin Hoffman)  para inventar um filme (um filme dentro do filme) sobre uma guerra no estrangeiro, para salvar o presidente do escândalo sexual. Através desse filme produzido por Hollywood, o presidente dos EUA foi capaz de desviar a atenção pública para a “guerra inventada” cinematograficamente em vez do escândalo sexual. O filme produz uma representação muito realista do que se passa politicamente nos EUA do passado, do presente e do futuro.
Egroj mordeu um taco mexicano de carnitas e logo perguntou:
- Existem outras razões porque você estava esperando este ataque terrorista de Donald Trump?
- Claro meu caro Egroj. Aqui estão as razões. Em primeiro lugar, o Donald Trump estava sendo submetido à constante e sistemática acusação do Partido Democrata, da mídia corporativa (CNN, MSNBC, New York times, Washington Post...), dos órgãos de inteligência, de ter sido beneficiado pela Rússia; que a Rússia ajudou Trump a ganhar as eleições presidenciais dos EUA.
Romeu, bebeu um gole de margarita, logo continuou:
- Em segundo lugar, o Trump estava sendo acossado por sucessivas derrotas: tanto no Congresso (pela rejeição de seu projeto para eliminar o Affordable Care Act, o “Obamacare”), como na Justiça dos EUA (pela rejeição dos seus “Decretos-leis” que queriam impedir a imigração da população de sete países aos EUA).
Romeu, mordeu um pedaço do taco de carne mexicana, e, logo prosseguiu:
-Em terceiro lugar,  Donald Trump estava sendo pressionado pela queda no seu índice de aprovação (de 46 para 38 por cento) nas últimas semanas diante da opinião pública dos EUA. Ou seja, bastava iniciar uma nova guerra (ou continuar com as guerras intermináveis nos países pobres) para Trump imediatamente parar a queda  de sua popularidade e da sua credibilidade no país; para imediatamente criar o consenso entre os estadunidenses.
Estimulado pela argumentação de Romeu, o amigo Egroj pondera:
- Por isso, o Donald Trump, decidiu apelar para a mesmo tipo de mentira, o mesmo tipo de farsa e o mesmo recurso terrorista que tem sido efetivo para todos os presidentes (republicanos e/ou democratas) anteriores a ele. Desta vez, o pretexto de Trump para bombardear a Síria foi a acusação (sem provas) da utilização de “armas químicas” por parte do governo Sírio.
- É isso aí! O governo Trump está usando o mesmo tipo de pretexto mentiroso, o mesmo tipo de farsa que foi usado antes pelo governo de George W. Bush contra o Iraque (a acusação de que Saddam Hussein possuía armas de destruição massivas, bombas atômicas), ou seja, como recurso terrorista para invadir o Iraque e iniciar a guerra contra este país.
Egroj sintetiza seu pensamento:
- Em poucas palavras, o novo presidente dos EUA (supremacista, racista e militarista), não fez mais do que dar continuidade (através do ataque terrorista à Síria de Bashar al-Assad), a longa história e a perene tradição dos governos estadunidenses: propagar mentiras para enganar a opinião pública de dentro e fora dos EUA e atacar países e população dos países pobres do Oriente Médio. Uma tradição que tem sido intensificada pelas últimas presidências de governantes terroristas e genocidas como os ex-presidentes George W. Bush, Barack Obama.
- O discurso de Trump durante as primeiras semanas no poder enganaram parte da opinião pública. As aparências indicavam que ele como presidente atuaria de forma  diferente dos presidentes anteriores; que ele faria uma política independente dos poderes estabelecidos. Recentemente, Trump trocou seu discurso em 180 graus: Antes, no seu discurso, a OTAN não prestava pra muita coisa. Agora a OTAN é imprescindível nos seus planos de governo.  Antes, no seu discurso, a Rússia era uma nação imprescindível e que era necessário ter uma boa relação com Putin para resolver os problemas mundiais. Agora, no discurso dele, as relações entre a Rússia e os EUA chegaram ao seu ponto mais baixo.
- Qual é a conclusão que podemos tirar de toda essas mudanças do Trump?
- A conclusão que podemos tirar é que o presidente Donald Trump, como todos os presidentes anteriores foi finalmente submetida ao poder do estado profundo dos EUA. Em poucas palavras, de agora em diante, o presidente Trump, vai ouvir, obedecer e fazer a mesma politica que todos os presidentes fizeram antes dele; ou seja: vai se submeter as decisões do Complexo Industrial Militar e das agencias de espionagem e inteligência (CIA, FBI, NS), às diretrizes ideológico e políticas dos Newcons (novos conservadores), às exigências financeiras econômicas de Wall Street e das corporações multinacionais do imperialismo dos EUA. Em resumo, no essencial não vai mudar absolutamente nada com o governo de Trump.
- Okay mano. Vamos ter que parar este papo por aqui! Vamos tomar a última margarita, a saideira,  e vamos embora imediatamente porque não podemos dirigir embriagados neste país de merda!
- See you later, aligator.
- After awhile crocodile.

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