domingo, 25 de dezembro de 2011

Pensatas de domingo e meus livros de cabeceira

A coleção em foto realizada e trabalhada graficamente por mim
Há precisos dois anos eu recebia de meu primo e amigo o Professor André Olivieri Setaro, a sua excelente coleção composta de três tomos... Foram um verdadeiro presente de natal, os livros, então recem lançados na Bahia. Com direito a dedicatória e os escambáu!
De lá para cá, criei uma série de peças (publicitárias) para divulgação na internet; tanto no meu blogue, quanto no seu bem cuidado “Setaro’s Blog”, uma das melhores publicações sobre cinema que existem por este mundo afora. Até porque o considero uma das maiores autoridades competentes sobre a matéria neste país. E qualquer dúvida, perguntem a, nada mais nada menos que o cineasta Carlos (Carlão) Reichenbach...
E... Como num passe de mágica a gente
aprende cinema com Setaro
Mas me ocorreu que ainda não havia escrito nada sobre estes três livros de sua coleção.
Neste ínterim comentei aqui sobre o “Memorial da Ilha”, do Professor Jorge Moreira, e, mais recentemente sobre o trabalho de meu cunhado Marcio Fonseca Mata acerca da “Auto hemo terapia”... Acontece que a obra de André Setaro eu não acabei de ler até hoje. Simplesmente pelo fato de serem os meus livros de cabeceira, aqueles que a gente lê num momento qualquer, seja numa manhã sonolenta ou numa tarde pachorrenta. Ou ainda melhor, numa noite gostosa... Aquela chuvinha a repicar na janela, acompanhados de um cachimbinho e tabaco escolhidos a dedo. 
Escritos sobre cinema – Trilogia de um tempo crítico, é uma coletânea que traz para os leitores um valioso acervo de informações, análises e reflexões sobre a arte cinematográfica, produzidas ao longo de 34 anos de crítica de cinema em jornais baianos. O projeto editorial é de três volumes: o primeiro traz depoimentos, crônicas, artigos e resenhas críticas sobre filmes, atores e diretores representativos do cinema, no Brasil e em diversos países.
O segundo é dedicado integralmente ao cinema baiano, e é um documento relevante sobre a arte cinematográfica na “terra de Glauber Rocha e Walter da Silveira (1)”. Aliás, considero Setaro, sucessor deste último...
E o terceiro é voltado para a linguagem cinematográfica e consiste em um subsídio teórico para todos aqueles que quiserem entender o cinema enquanto forma de expressão artística. 
O Professor Setaro acende
o seu cigarrinho
A coleção de André é uma importante contribuição ao “entender o cinema como um todo”, pois este desde os sete anos de idade apaixonou-se pela temática dedicando-se quase que integralmente ao assunto.
Uma leitura permanente, persistente e atenta para que, humildemente possamos saber um pouco mais sobre a sétima arte!

1. Filho de dona Elvira Raulina da Silveira e Ariston Augusto Corte Imperial da Silveira, que juntos tiveram seis filhos. Nascido a 22 de julho de 1915 em Salvador, diplomado pela Faculdade de Direito da Bahia em 1935, foi advogado dos operários e favelados, professor, crítico, ensaísta, pesquisador, cineclubista, um dos mais lúcidos e ativos dos teóricos do cinema. Walter da Silveira produziu seu primeiro artigo sobre cinema aos vinte anos de idade, no jornal da Associação Universitária da Bahia, sob o título “O Novo Sentido da Arte de Chaplin”, numa reflexão crítica a respeito do filme “Tempos Modernos”.
Walter Raulino da Silveira, mais do que um crítico, foi um grande ensaísta, com várias obras publicadas sobre cinema, o criador e grande animador do Clube de Cinema da Bahia, fundado em 1950, conseguiu programar, durante longos anos, as sessões matinais as 10 horas de cada sábado, no cinema Guarany (hoje Glauber Rocha) de filmes eruditos e de validade artística obtidos por seu prestigio nas mais longínquas e diversas cinematecas. Walter consegue do exibidor Francisco Pithon, um espaço para exibir a um público composto de universitários, intelectuais, estudantes secundaristas, as obras primas de um cinema que atinge, nesta época, a plena maturidade de sua linguagem.
Autor de inúmeros artigos sobre cinema e estética, exerceu com mestria a crítica cinematográfica em quase todos os jornais de Salvador, em periódicos do Sul do país e exterior, contribuindo decisivamente para o florescimento do cinema baiano. Faleceu em Salvador, a 5 de novembro de 1970, vitimado por um câncer, abrindo uma vaga na cadeira número 13 da Academia de Letras da Bahia.
Obras Publicadas: A Importância de Ser Juiz 1960; “Fronteiras do Cinema” Rio, Tempo Brasileiro, 1966; “Imagem e Roteiro de Charles Chaplin” Salvador, Mensageiro da Fé, 1970; “História do Cinema Vista da Província” Salvador, Fundação Cultural do Estado da Bahia, 1978. (org. José Umberto Dias - Textos: Guido Araújo e Jonicael Cedraz); “Walter da Silveira - O Eterno e Efêmero” (org. e notas José Umberto Dias), 2006.
  
Renata Maria - Pedagoga, Pesquisadora e Produtora Cultural.

6 comentários:

Joelma disse...

O professor Setaro, além de tudo é um figuraço!

Jonga Olivieri disse...

Põe "figuraço" nisso!
E é um sujeito que leva a sério o seu trabalho, Jô querida!
Por isto mesmo sabe tanto de cinema...

Mário disse...

Curioso, mas não conhecia nada deste Walter da Silveira.
Isso é uma merda porque mostra o quanto o Brasil é mesmo um arquipélago.
Fiquei surpreso com o que ele fez pelo cinema, não somente o baiano como o brasileiro. em uma vidas não tão longa
Quanto ao prof. Setaro, este é nosso velho conhecido.
Falar nisso ele não comentou nada hoje. Será a modéstia?

Jonga Olivieri disse...

Sim, a Bahia o conheceu bem. Mas a velha província até hoje é meio isolada... Setaro que o diga!
Olha, conheci o Walter da Silveira pessoalmente quando andei pela velha Bahia nos anos 1960.
Ele passou coisas surpreendentes para a época (até no circuito Rio/São Paulo).
Como os filmes de Norman McLaren, maravilhosas animações produzidas pelo inovador diretor escocês no Canadá!

André Setaro disse...

Belo presente de Natal, Jonga, é esta bela postagem a respeito de meus escritos sobre cinema.Os livros, na verdade, tirante o terceiro volume, são uma amostra de minhas colunas espalhadas pelos jornais baianos, principalmente a Tribuna da Bahia, onde comecei com uma coluna diária em 1974 (há 37 anos, portanto) e continuo a escrever neste jornal até hoje (mas somente às quintas).

Agradeço novamente o excelente trabalho de divulgação dos livros, as fotos, os gadgets. E, por falar em Walter da Silveira, lembro-me como se fosse hoje que, no primeiro semestre de 1967 (joga tempo nisso!), estivemos no Convento do Carmo, quando conhecemos Walter da Silveira. Ele estava ali para uma mostra de Norman McLaren, cujos filmes foram projetados na parede numa altura imensa. Ficamos sentados numa espécie de estrado que tinha no meio do jardim do convento. Walter estava entusiasmado e, antes da projeção, como era seu hábito, discorria sobre o filme e o realizador. Em outra ocasião, na reinauguração do cine Popular, encontramos-nos com ele quando da exibição de "Uma lição de amor", de Ingmar Bergman, e, para surpresa nossa, ele veio nos cumprimentar com certa efusividade.

Jonga Olivieri disse...

A homenagem é apenas uma questão de justiça a quem tem competência e se estabelece, caro primo!
Quando digo (ou proponho) que você é o sucessor de Walter da Silveira, é porque simplesmente --ao lado do nosso Zé Umberto--, você é a pessoa que mais está 'inside' do cinema baiano.
Mas Walter foi quem foi. E você, mais do que ninguem sabe disso. Quando se recorda dele no "Convento do Carmo" exibindo curtas desenhados a mão (quadro a quadro) por McLaren eu fico até emocionado...
E lembro gtambem do momento em que ele (na moral) interropmpeu a exibição devido a uma conversa no auditório...
Grande Walter da Silveira. Um homem que, como você, levaca a sério o cinema... Em toda sua extensão!