Mais uma postagem do Professor Jorge Moreira (Jorge Vital de Brito Moreira), ver resumo de currículo ao lado, diretamente dos Estados Unidos...
Aqui nos EUA (o país imperialista mais perigoso que a história (des)humana já produziu) da administração Barack Obama, vivemos bombardeados pelas noticias que o discurso oficial (do governo e da mídia corporativa) tem propagado para, através do medo e da intimidação, manipular a consciência da opinião publica mundial no sentido de se posicionar a favor de uma nova guerra, a que Israel e EUA querem empreender contra o Irã.
Recentemente, três graves notícias chamaram a atenção e despertaram, mais uma vez, nossa preocupação com o futuro destino dos seres (humanos e não humanos) que vivem neste planeta. Elas foram:
1- O relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU sobre o programa nuclear do Irã que provocou uma resposta beligerante das potências ocidentais aos supostos “avanços” iranianos para usar energia nuclear para fins bélicos.
2- Um microfone ligado, registrou o momento em que o presidente francês Nicolas Sarkozy (num diálogo com o presidente dos Estados Unidos, B. Obama durante um encontro do G20 em Cannes) chamou o premier israelense Benjamin Netanyahu de mentiroso. 3- No último artigo escrito para o The New Yorker intitulado "Irã e o Organismo Internacional de Energia Atômica", o destacado escritor Seymour Hersh (um dos mais importantes jornalistas estadunidenses), sustenta que “o recente informe da AIEA da ONU é um documento político, não é um estudo científico”. Hersh também denúncia que a propaganda que se usava antes do inicio da guerra no Iraque está voltando a ser usada para o programa nuclear em Irã.
Para os que não o conhecem, informo que Seymor Hersh é um jornalista de investigação norteamericano especializado em geopolítica, atividades dos serviços secretos militares dos Estados Unidos que revelou, em novembro de 1969, o “massacre de May LaI” (1) no Vietnam, o que lhe valeu o Prêmio Pulitzer (2) de 1970.
Analisadas conjunta e criticamente as três noticias mencionadas indicam que EUA e Israel projetam uma nova guerra contra o Oriente Médio a curto ou mediano prazo. Desta vez, a guerra será dirigida contra o segundo maior pais petroleiro da Ásia: o Irã. Assim, o militarismo terrorista dos EUA e Israel (com a ajuda da OTAN, ONU e da Arábia Saudita) buscam conquistar e submeter o Oriente Médio e outras regiões do mundo.
Dado o anterior, o primeiro que deveríamos perguntar nos é: como é possível que tanta gente inteligente e decente possa continuar acreditando na “veracidade” dos relatórios da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU?
Será que já esquecemos da cumplicidade da AIEA, da ONU com o governo do ex presidente George W. Bush?; com a elaboração das justificativas para o inicio da guerra contra o Iraque?; justificativas que, como sabemos, foram fundadas nas mentiras propagadas pela EUA e que resultaram na destruição do pais e no assassinato de milhões de Iraquianos?
Dado a caracterização que, inclusive o presidente Sarkosy (um representante da direita política francesa) faz de Benjamin Netanyahu como um primeiro ministro mentiroso, podemos inferir que Netanhyahu (um reconhecido e perigoso manipulador político) será capaz de fazer qualquer coisa (whatever it takes) para expandir os interesses sionistas pelo mundo afora, mesmo que seja ao preço de conduzir os seres humanos do planeta a uma terceira guerra mundial.
Devido a antecedentes, outras questões decisivas estão sendo levantadas por aquelas pessoas que têm observado com horror o caráter hipócrita e cínico da política externa (foreign policy) dos EUA e Israel para submeter os países do terceiro mundo. Duas dessas questões decisivas são:
- Porque a AIEA da ONU ainda não foi, nem é capaz de elaborar (até hoje), nenhum relatório para informar a opinião publica sobre as duas centenas de bombas nucleares que possui Israel com a cumplicidade dos EUA?
- Porque a AIEA da ONU continua a proceder cinicamente acusando o Irã de planejar a construção de armamento nuclear, sem mencionar as gritantes evidencias de que Israel, EUA e Inglaterra estão armando uma guerra contra aquele pais?; uma guerra que nos conduziriam à beira de uma III Guerra mundial (a guerra nuclear), a última, onde já não existirão vencedores, nem vencidos, já que a espécie humana desapareceria do planeta Terra?
Enquanto o governo e a mídia começam a tocar os tambores de guerra, a maioria da população estadunidense (através da comemoração do mito e ritual denominado “Thanksgiving Day”, o “Dia da Ação de Graças”) parece manter-se distante, inconsciente e alienada da sua historia contemporânea.
Na semana passada, cada família da “maioria silenciosa” deste país, atuou simbolicamente, participando na devoração de uma ave (um enorme peru) que os índios da região, conforme a legenda, presentearam aos primeiros brancos europeus que passavam fome quando imigraram para os EUA.
Para aqueles que não estão informados desta historia, esclareço que no início da colonização européia, os indígenas deste país ajudaram os imigrantes brancos a obter os alimentos adequados à sua sobrevivência, pois eles ignoravam que tipo de alimentação tinham que encontrar para não morrer de fome em terras da América.
Apesar disso, em troca (retribuição à sua cândida generosidade) os indígenas receberam de presente dos europeus, inumeráveis guerras de conquista de suas terras, mesmo que tais guerras de ocupação resultassem no quase extermínio dos nativos norteamericanos.
É por essa razão que ainda hoje muitos perguntam: será que a maioria dos estadunidenses tratam de esconder-se do seu passado terrorista, imaginando, através da celebração do “dia de ação de graças”, que existiu e vai existir nos EUA uma harmonia entre brancos e índios que na realidade nunca aconteceu?
Mas voltando aos usos e abusos políticos militares que os EUA têm feito dos relatórios da agência da ONU, muitos brasileiros ainda devem lembrar do que Celso Amorim (ministro das Relações Exteriores) disse durante o governo do ex presidente Luiz Inácio da Silva: “O presidente Lula assinou ‘contrariado’ o decreto que regulamenta uma nova rodada de sanções econômicas contra o Irã, aprovada pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas em junho”.
É dentro deste marco político militar que jamais deveríamos esquecer que durante o período do governo George W. Bush, os neo conservadores, ou neo cons (new conservatives, news cons) sob a orientação dos sionistas Paul Wolfowitz e Richard Perle, foram os responsáveis pela elaboração do projeto de expansão militar de Don Rumsfeld (secretario de defesa dos EUA) para mudar os países do Oriente Médio através de guerras neo coloniais.
Ainda recordo quando o General Wesley Clark, surpreendido e chocado com o caráter extremista do projeto militar dos new cons, disse, numa entrevista de televisão, que ele teve acesso a um memorando da oficina do Secretário de Defesa que dava uma lista dos países que os EUA planejavam atacar e destruir: ”Nós vamos atacar e destruir os governos de sete paises em cinco anos. Nós vamos começar com o Iraque e logo vamos para Siria, Libano, Libia, Somalia, Sudão e Irã”
(“We’re going to attack and destroy the governments in seven countries in five years. We’re going to start with Iraq and then we’re going to move to Syria, Lebanon, Libya, Somalia, Sudan and Iran” )
Para todos aqueles indivíduos que observam aos países que tem sido vitimas recentes de guerras e da ocupação militar dos EUA durante a atual administração, não parece haver dúvida de que o governo de Barack Obama tem atuado sistematicamente (com a cumplicidade da ONU, da OTAN e de Israel) para realizar cabalmente o sonho, o delírio, a demência ou pesadelo infernal que foram projetados pelo grupo dos neo cons desde o governo de George W. Bush.
Assim, acreditamos que é imprescindível que perguntemos: o que podemos fazer para impedir que, mais uma vez, nos enganem com a mesma propaganda que se usava para justificar a guerra no Iraque, e que atualmente estão voltando a utilizar com o propósito de atacar o programa nuclear do Irã com o objetivo de legitimar uma nova guerra no Oriente Médio?
1) My Lai é o nome da aldeia vietnamita onde em 16 de março de 1968 centenas de civis, na maioria mulheres e crianças, foram executados por soldados do Exército dos Estados Unidos, no maior massacre de civis ocorrido durante a Guerra do Vietña
Antes de serem assassinadas, algumas das vítimas foram estupradas e abusadas sexualmente, torturadas e espancadas. Alguns dos corpos também foram mutilados.
Condenado à prisão perpetua, o tenente William Calley (o comandante do pelotão) foi perdoado dois dias depois da divulgação da sentença pelo ex Presidente Richard Nixon, cumprindo uma pena alternativa de três anos e meio em prisão domiciliar na base militar Fort Benning, na Geórgia.
2) Seymour Hersh revelou sua extraordinária integridade, honradez e destemor quando fez (como mencionamos) a revelação do massacre de My Lai, no Vietnã. Hersh continuou mostrando as suas extraordinárias qualidades quando trabalhou como correspondente para United Press International e Associated Press, alem de escrever para o diário The New York Times e para a revista New Yorker.
No The New York Tim.es, por exemplo, Hersh exibiu as atividades secretas e ilícitas da Agência Central de Inteligância (CIA) na década de 1970. No final do século XX, Hersh destapou as manobras de Israel para obter as armas nucleares. Em 2001, ele ventilou as ações militares do Pentágono sobre o Afeganistão. Em 2003, através da revista New Yorker, ele denunciou que Richard Perle (neo cons da “Junta para a Programação da defesa do Pentágono”), tinha se aproveitado da guerra no Oriente Médio em beneficio próprio. Em 2004, na revista New Yorker gerou um escândalo mundial ao revelar as torturas contra iraquianos na prisão de Abu GhraIb, mostrando a responsabilidade do Secretário (ministro) de Defesa, Donald Rumsfeld e da Casa Branca (Bush e Cheney) na autorização das torturas.
5 comentários:
Apesar de detestar o regime atual do Irã, creio que a advertência contida no artigo do Professor Jorge Moreira é grave e destinada à reflexão. Até que ponto os Estados Unidos, sob o pretexto de que o Irã está fabricando armas nucleares, não querem, com essa manobra midiática, a justificação de uma nova guerra no Oriente Médio?
Vamos por partes, como diria o estripador: antes de mais nada por que a maioria das pessoas "detestar o regime atual do Irã"?
Por força da mídia mesmo.
Note bem, caro professor Setaro, não sou islâmico mas tambem não sou cristão (e o mais engraçado é que o "deus" é exatamente o mesmo*); portanto não tomo partido no sentido religioso da questão.
Quanto ao segundo item de seu comentário, você tem absoluta razão. Em outras palavras: os EUA, os sionistas e o grande capital que alimenta o “complexo Industrial Militar” querem uma nova (e lucrativa) guerra naquela região. E já estão montando este “bote” há algum tempo.
O que nos leva a uma triste conclusão, existe o grande perigo de uma hecatombe ou uma nova guerra mundial...
(*) todos têm origem em Jeová, Javé e outras nominações que tenha o deus do povo hebráico...
Mais uma vez um brilhante (e embasado) ensaio do professor!
O Professor Moreira é um intelectual prparado e com a vantagem de estar lá nos EUA observando in loco tudo o que está acontecendo.
Gente, até já falei com o professor sobre estes comentários dirigidos a ele. Ele agradece penhoradamente...
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