Documentos
vazados recentemente do Wikileaks
revelam que os EUA armaram grupos radicais islâmicos na Síria. Bashar al-Assad
tentou se aproximar de Washington em 2010 para conter a Al-Qaeda e o ISIS, mas
Obama continuou financiando seus opositores.
E de fato, o
Estado Islâmico brotou do financiamento ocidental a alguns grupos sunitas, que se apresentaram para
combater o gerenciamento de Bashar Al-Assad na Síria, no contexto da contenda
interimperialista entre EUA e Rússia, que atirou aquele país em uma sangrenta
guerra civil. Grande parte do armamento inicialmente utilizado pelo ISIS (Estado Islâmico do Iraque e do Levante, hoje somente Estado Islâmico) veio de grupos armados
pelos EUA e depois cooptados por Abu Bakr al-Baghdadi, o auto-proclamado Califa Ibrahim, líder do EI.
A fundação do Estado Islâmico está vinculado à agenda
dos EUA para retalhar o Iraque e a Síria em mais dois territórios separados:
uma república islâmica árabe e a República do Curdistão. Esse projeto conta com
apoio dos israelenses e das ditaduras e monarquias absolutas do Kuwait, Catar,
Arábia Saudita e Emirados.
Assim, ascensão do EI é o resultado direto da intervenção imperialista na região. Mais
uma vez, são os estadunidenses e os sionistas
israelenses que desencadearam o “extremismo” no Oriente Médio. Depois da
invasão do país em 2003, e da queda do sunita
Saddam Hussein, trataram de estimular a violência sectária entre sunitas e xiitas para conseguirem controlar a situação. Em 2007, diante de
uma iminente derrota militar, que levaria a uma retirada humilhante, os EUA
entraram em acordo com as milícias xiitas
e com o Irã (de maioria xiita). Os
guerrilheiros xiitas foram
incorporados ao Estado iraquiano, e, com ajuda do Irã, os EUA conseguiram
manter alguma estabilidade no território ocupado. Por isso que, agora, enquanto
os EUA já bombardeiam o Estado Islâmico, a
coalizão que já existe (na prática) é com o Irã. Justamente o Irã, o maior “inimigo”
do imperialismo na região; que viu-se obrigado a se aliar ao Irã porque este
acabou se tornando o país mais estável da região.
Mas, no centro da luta no Oriente Médio se
encontra o controle do petróleo. As monarquias do Conselho do Golfo Pérsico,
lideradas pela Arábia Saudita, vendem o petróleo em dólares devido a acordos
que datam da década de 1970. Sobre essa base se sustenta a ditadura do dólar em
escala mundial, que por sua vez sustenta os lucros dos monopólios estadunidenses.
O governo dos Estados Unidos emite enormes volumes de moeda sem lastro,
impactando em cheio as pressões inflacionárias no mercado mundial.
Por outro lado os discursos “humanitários” e
“democráticos” de Obama são intoleravelmente hipócritas, já que proveem do
líder de uma potência imperialista que há cerca de um século saqueia e promove
genocídios em todo o mundo árabe. Barack Obama, cuja “falta de ação” estava
sendo duramente criticada pelos falcões
republicanos e até ex-colaboradores democratas (como a anterior secretária de
Estado Hillary Clinton), anunciou, às vésperas do 13º aniversário dos ataques
de 11 de setembro, uma ofensiva “para
meses, talvez anos” contra o EI.
O mais gritante, no entanto, é a parcialidade da
grande mídia burguesa quanto às notícias dessas ofensivas imperialistas na
região e mesmo do que é o EI em sua essência.
Tal e qual à época do movimento xiita no
Irã, não se sabe mais o que é real ou apenas fruto de uma massiva “propaganda”
política (de guerra). Lembremo-nos que, para nós que pouco conhecemos o islamismo, foi construida uma (muitíssimo)
falsa ideia do que é ser xiita!
Imprensa que, aliás, tem sido de tamanha
parcialidade pró-EUA que não deixa nenhuma margem a debates e/ou questionamentos.
E isso tudo, envolto em brumas e mistérios quanto às origens do movimento,
claro que procurando ocultar o envolvimento imperialista em seu surgimento,
como já o fora quanto à Al-Qaeda.
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