domingo, 19 de março de 2017

Pensatas de Domingo. Trotsky e sua atualidade para as lutas atuais



Gilson Dantas – “Esquerda Diário”

Neste ano, em que debatemos em torno dos cem anos da Revolução Russa, o legado de Trotsky para a moderna revolução proletária nos parece mais que candente, começando pelo fato de que Lenin e Trotsky defenderam a estratégia para a luta pelo poder que se revelou não superada até os nossos dias, a estratégia dos sovietes.

Naquela palestra procurou-se levantar, dentre outras, as seguintes questões: que lições tirar da Revolução Russa? Que lições tirar da degeneração da Revolução Russa diante do nazi-fascismo e da II Guerra? Uma direção política que não desenvolva, desde antes do poder, os órgãos de autoatividade de massas, a democracia proletária de base, pode conduzir à transição ao socialismo? Pode a economia em um país pós capitalista evoluir sem a democracia proletária, sem a democratização da economia pela base? Pode existir socialismo em um só país? E o socialismo pode ser pensado sem o internacionalismo proletário orgânico, ativo? Ou, por outra, é possível pensar em conduzir a luta pelo poder e a construção da sociedade revolucionária sem inserção orgânica no proletariado e a estratégia onde ele seja o sujeito político?

Por fim, queremos tomar a liberdade de acrescentar que, para o debate político do Brasil atual, das lutas de resistência contra o golpista Temer, uma das mais importantes formulações de Trotsky, a da ação comum dos trabalhadores pela base, procurando formas adequadas de autorganização, através de comitês de ação, da tática de frente única operária [tudo ao contrário das alianças dos operários com a patronal e seus partidos] é mais que atual, é urgente. Para dar um exemplo de outro momento e circunstância: Hitler teria sido varrido caso a esquerda de então recorresse a essa tática, que unisse socialistas e comunistas pela base, no combate, golpeando juntos o projeto nazista.

Ou como argumenta C. Castillo, dirigente do PTS argentino [La actualidad de Trotsky, 2002], “em Trotsky, a ideia do desenvolvimento de sovietes ou outros tipos de organismos de democracia direta está formulada da maneira menos dogmática possível, podem surgir de mil maneiras. No entanto, este problema passou a ser secundário nas correntes trotskistas do pós-guerra e na crítica que elas realizaram a correntes como o guevarismo ou o maoísmo [...] E segue, acrescentando “a corrente à qual pertenço desenvolveu [na crítica ao trotskismo de então, NT] a necessidade de colocar no centro a luta por organismos de democracia direta”.

Esse é o Trotsky tantas vezes “esquecido”.


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