quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A contrario sensu *

Fiquei esses dias a pensar sobre uma questão que me incomoda há bastante tempo.
Tudo começou quando recebi neste blogue o comentário de uma amiga – que aliás considero muito –, e que falava sobre posicionamentos, vamos dizer... “politicamente corretos” ou não.
O fato reforçou o quanto tenho profunda repulsa não só pela expressão, como principalmente pelo que há por trás dela. Sim porque na verdade ficar a dizer que um “preto” é “afro-descendente”, ou que “diversidade sexual” define “viadagem”, na minha modesta opinião, é uma tremenda duma idiotice.
E para completar, é a mais pura hipocrisia. A questão é que o preconceito leva a este tipo de subterfúgio. Aliás, não é de admirar que “politicamente correto” é um conceito que surgiu nos Estados Unidos, sem dúvida a sociedade “puritana” mais depravada da história da humanidade.
Temos que considerar que, desde que não seja de forma pejorativa, chamar alguém do que ele é, não significa que se está a ofendê-lo. Aliás, eu diria que, muito pelo contrário, tentar disfarçar ou trocar designações é que demonstra um profundo preconceito. Afinal, tive amigos negros que a gente chamava de “Negão” ou “Crioulo” e jamais se ofenderam com isso. Simplesmente porque eram mesmo.
Por essas e outras, confesso que jamais terei uma postura politicamente "correta".

(*) Em sentido contrário. Argumento de interpretação que considera válido ou permitido o contrário do que tiver sido proibido ou limitado.

6 comentários:

Ieda Schimidt disse...

Difícil este negócio de politicamente correto. Mas é puro modismo.
Falar nisto o crioulo parece que ganhou nos Estados Unidos.
Vistes?

Jonga Olivieri disse...

É isso aí, Ieda!

Anônimo disse...

Politicamente correto ou não, Barack chegou la´.

Jonga Olivieri disse...

A vitória de Obama vai deixar algumas marcas significativas.
Primeiro porque qualquer novo comando (pós-Bush) será bem melhor do que aquilo que está lá.
Mas, certamente, o cheque-mate no neoliberalismo pode abrir novos horizontes.

André Setaro disse...

Concordo com você, caro Jonga, sobrinho do Dr. Durvalito, em gênero, número e grau, pois detesto tudo que seja politicamente correto. Chico Anysio, numa recente entrevista, disse que atualmente é impossível se fazer humor, pois qualquer piada, qualquer insinuação, que 'bula' com alguma minoria, é logo rejeitada e o comediante repudiado. Vivemos numa sociedade de consumo desenfreada e nunca, creio, na História da Humanidade se registou época tão medíocre. A mediocridade bafeja em todos os lugares em que você vai, ela incomoda, faz com que não sintamos mais vontade de sair de casa. As pessoas estão muito certinhas, comungam numa mesma cartilha comportamental. Não há mais o desvario, a anarquia, a esculhambação, às vezes necessárias para dar uma certa graça a nossa existência. Sou pelo livre arbítrio, pela total liberdade, a pessoa deve ter até o direito de se matar. O fumante, hoje, é olhado de esguelha, de soslaio, como se o ato de fumar fosse coisa feia (bem entendido, não estou a defender o cigarro, mas o direito, a liberdade do fumante, que deve ser total).

E DIGO EM ALTO E BOM SOM: QUE OS POLICAMENTE CORRETOS VÃO, E LOGO, ÀS PUTAS VAGABUNDAS QUE LHES PARIRAM.

Jonga Olivieri disse...

Falou e disse, André. É isso aí...