O país vive uma onda conservadora. “Há um “modernismo”
reacionário, que sempre é favorável ao sistema capitalista, por mais que
critique esse ou aquele aspecto da vida política, como a corrupção e a má
administração.
É o que avalia Michael Löwy(1), sociólogo
paulista radicado em Paris, que em conjunto com o estadunidense Robert Sayre(2),
está lançando no Brasil “Revolta e Melancolia”.
Para Löwy, o elemento mais preocupante da extrema
direita conservadora no país, sem paralelo com a que existe na Europa, é o
apelo aos militares. “O saudosismo da ditadura militar é o aspecto mais
sinistro da recente agitação de rua conservadora no Brasil”, diz.
Alinhado com a esquerda, ele advoga que outras
organizações, como o PSOL ou o PSTU não conseguiram ocupar o espaço que havia
sido do PT, ainda que possam vir a fazê-lo no futuro. As semelhanças com o
movimento de direita europeu surgem, segundo ele, na ideologia repressiva, no
culto à violência policial –como na “bancada da bala” nos parlamentos– e na
intolerância com as minorias sexuais. Do outro lado do espectro político, Löwy
relaciona a crise do PT com a “perda de seu horizonte radical”. Afirma que o
partido perdeu contato com suas bases populares, aderiu ao receituário
neoliberal e fez desaparecer de seu programa a tese socialista.
“Quem vai decidir se haverá uma saída para a
esquerda serão os movimentos sociais: os sem-terra, os sem-teto, os
sindicalistas, os ecologistas, os indígenas, os afrobrasileiros”, opina.
Löwy tem toda razão quando ressalta o “saudosismo
da ditadura militar como o aspecto mais sinistro” (sic) de setores da direita
brasileira. Eu mesmo lembro-me um caso que aconteceu comigo há cerca de três
anos atrás, numa fila de supermercado em que ao conversar com um vizinho de
espera sobre a lentidão no atendimento o sujeito disparou a falar agressiva e
veementemente dos tempos da ditadura, afirmando que naqueles tempos as “coisas
não aconteciam assim”... Eu fiquei a fita-lo atônito, como que não acreditando
naquilo e preferi calar-me.
É certo que são minorias da extrema direita, mas,
de qualquer maneira há golpe e golpe: o militar e o político. Este último em
claro andamento.
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