domingo, 9 de janeiro de 2011

Domingueiras

Postei esta semana uma matéria sobre o pensamento golpista da direita brasileira. Falei da UDN e de Carlos Lacerda, o político que provocou a crise que levou Vargas ao suicídio, e que foi um dos mentores do golpe de 1º de abril de 1964.
Na verdade a famigerada UDN, ancorada na pequena burguesia daquele período –tambem chamada de classe média tradicional--, altamente reacionária e parte integrante da divisão de classes na oligarquia brasileira foi a base de apoio para o golpe militar.
Lembro, ainda adolescente, das famosas “Marchas da Família com Deus pela Liberdade” ou de ações como “Doe Ouro para o Bem do Brasil”, inspiradas em movimentos criados por Mussolini na Itália fascista.
Golpe de 64. Uma acontecimento obscuro de nossa história...

Curiosamente, no caso de Carlos Lacerda (cujo apelido era o Corvo), o golpe saiu pela culatra. Os militares o perseguiram, isolando-o completamente. O canalha associou-se a inimigos antigos como Juscelino e o próprio Goulart, a quem depôs e formou um movimento intitulado Frente Ampla, cujo objetivo era a “redemocratização” do país restabelecendo um governo civil. Os “milicos” haviam prometido isto, mas a estratégia estadunidense à época previa governos militares fortes para combater as esquerdas em toda a América. Lacerda veio a falecer em 1977 sem alcançar seu objetivo.
Carlos Lacerda. Uma figura obscura de nossa história...

E já que o assunto é direita, somente para fins de registro, morreu esta semana Lily Monique de Carvalho Marinho (1921-2011), viúva de Roberto Marinho (que o diabo o tenha). Alemã nascida em Colônia, filha de pai inglês e mãe francesa, figurinha do soçaite, foi tambem casada com Horácio Gomes de Carvalho Filho, do Grupo Monteiro Aranha, que trouxe para o Brasil a fábrica da Volkswagen nos anos 1950.
Roberto Marinho, dono do império Globo foi uma das personalidades que mais prejudicou este país, monopolizando nos 21 anos da ditadura militar a comunicação no Brasil.
Roberto Marinho. Outra figura obscura de nossa história...

Mas por que não falar de coisas e pessoas que fizeram algo por este país? Afinal elas existem. Juscelino Kubtschek de Oliveira foi certamente uma delas. Considero-o um “visionário” que deu certo.
Brasília foi o seu sonho. Conseguir construí-la durante os cinco anos de seu governo. Execrado pelos setores mais conservadores, JK foi vítima de duas graves tentativas de deposição por intermédio de revoltas militares, naturalmente incentivadas pela UDN.
Tendo governado em período que nos trás muita saudade, ficou conhecido como “presidente Bossa nova”, até porque o movimento musical surgiu durante o seu governo.
Juscelino foi assassinado pelos militares em episódio até hoje nebuloso, no dia 22 de agosto de 1976 numa emboscada na Via Dutra, estrada que liga o Rio a São Paulo.
Juscelino Kubtschek. Uma figura notável de nossa história.

4 comentários:

André Setaro disse...

Concordo que Carlos Lacerda foi um golpista de primeira hora e um homem de Direita, um reacionário retumbante, como se gostava de dizer naquela época. Por outro lado, um orador excepcional, que deixava a platéia admirada pelo poder de convencimento de sua retórica.E um escritor também de primeira linha, como prova a estilística de seus discursos lidos e publicados e suas crônicas de prosa/poética como "Na casa de meu avô".

Lily Monique de Carvalho Marinho, socialite internacional, quando viúva e já em idade provecta, não queria morrer sozinha e encontrou refúgio nos braços de Roberto Marinho, homem forte, rico e poderoso, que muito ajudou, com o império global, a ditadura militar.
Dizem que Marinho, quando casou com Lily, mandou buscar Viagra, ainda em experimento, por preço astronômico, na Suiça. Mas será, pergunta que não quer calar, que deu mesmo 'no couro' da senhora Horário Carvalho? Ou, trocando em miúdos: foram mesmo às vias de fato?

Jonga Olivieri disse...

Neste aspecto, ou seja, no discurso Lacerda foi um dos maiores oradores que assisti. Daí, como Hitler, o seu perigo.
Foi o primeiro político que assisti na TV, sabendo usar este veículo de comunicação.
Havia as "viúvas" do Lacerda, como eram chamadas aquelas que formavam a vanguarda de seus seguidores. Eram fanáticas senhoras que discutiam e esbravejavam em sua defesa.
Lacerda iniciou suas atividades políticas no Partidão. Até hoje a sua saída daquela agremiação política é envolta em versões; uma das quais afirma que ele desviou dinheiro, quer dizer, embolsou mesmo...
Seu pai, Maurício de Lacerda foi um intelectual e político, um dos fundadores do Partido Socialista no Brasil.
Lily era uma socialaite, como Carmem Mayrink Veiga e tantas outras figurinhas vazias deste hediondo segmenio da sociedade. Agora, se o Roberto Marrinho usou Viagra não sei sobre isso, mas é bem capaz...

Anônimo disse...

Também sou um ntilacerdista emérito porque tinha uma vizinha dos mus pais que era Viúva do Lacerda.
Mas ô racinha desgraçada. Elas eram espécies de Kamikazes do CL. Uma verdadeira praga.
Outro dia conheci um cliente meu, mais velho com talvez uns 60 e muitos (eu tenho 60 e poucos) que iniciou falando do Lacerda. Será que tinham também os viuvos do Lacerda? KKKKKKKKKKKKKKKKKK

Jonga Olivieri disse...

Olha cara, eu conheci muita viúva do Lacerda. Era realmente uma doença. Isso porque o sujeito era bom de lábia. Assisti algumas palestras dele na TV Tupi, canal 6 do Rio de Janeiro, quando ele era governador e sua voz era grave, empostada. Ele hipnotizava as pessoas.
Por isso mesmo foi o perigo que foi. Uma ditadura do Lacerda seria pior do que a Médice... Isso eu garanto!