Publicado em abril de 2008 no Pensatas e neste blogue em fevereiro de 2009.
Estivemos em Buenos Aires no ano de 1985. Até então, eu nunca saíra do Brasil (1). E o contato com uma cidade “quase” européia foi simplesmente deslumbrante, apesar de termos chegado durante a implantação do “Plano Austral”, coisa que bagunçou todo o câmbio e deixava a gente “mais perdido do que cego em tiroteio”.
Buenos Aires é uma cidade fantástica. Andar pela Calle Florida, descobrir as Confiterias e suas delícias na hora do chá. Percorrer os bares da Ricoleta, devorar um bife de chorizo numa casa de Parrillas, passear pela maravilhosa “Feira de Santelmo”, ou pegar a “Linha 1” do metrô com seus “bondes” velhos mas poéticos (2), são programas que não se podem deixar de fazer. Isto sem contar a “visita obrigatória” à casa de tango.
Como em Madri ou Barcelona, é comum ver-se casais adentrar a madrugada, com seus bebês dormindo a tiracolo, catando lugares em algum barzinho da vida para saborear um bom vinho. Aliás, também como na maioria das cidades espanholas, Buenos Aires parece que morre entre as seis e nove da noite. Aí então começa o burburinho, a grande invasão dos amantes da noite. Acho isso fora de série. Costumo dizer que se não fosse a violência, o Rio de janeiro seria sempre assim. E até, em certo sentido, já é. Está aí a Lapa que não me deixa mentir.
Cinco anos depois eu estava morando na Europa. E me lembrava que Buenos Aires fora uma espécie de estágio para aqueles momentos. A emoção que tive quando percorri os Champs Elisées com o “Arco do Triunfo” ao fundo não foi muito diferente daquela na noite em que cheguei na Corrientes (3), cheia de gente alegre, e lembrei daquele número 348, que a imortalizou.
(1) Minha mulher já havia saído do Brasil, pois, trabalhara em turismo. Em 1972 a PanAm, ofereceu uma verdadeira volta ao mundo para ela e outros agentes de viagem. No início daquele ano, ela simplesmente conheceu Caracas, Nova Iorque, Tóquio, Hong Kong, Honolulu e Los Angeles, numa viagem de quase um mês de duração.
(2) O metrô de Buenos Aires, conhecido como “el subte” foi um dos primeiros do mundo. Inaugurada em 1913, a “Linha 1”, até hoje conserva seus carros originais. Por acaso, a estação dela ficava ao lado do nosso hotel, na esquina de Florida com 9 de Julho, quase em frente ao Teatro Colón.
(3) Este endereço da Avenida Corrientes foi imortalizado pelo tango “A media luz”, cuja letra narra os encontros amorosos entre jovens de classe alta e as mulheres da noite, “La Cumparsita” e outros.
8 comentários:
Irene é chilena e, em 1991, tirei uma licença prêmio para passar seis meses em Santiago. Na volta, fomos de trem a Buenos Aires onde passamos um mês. Gostaria de morar nesta cidade, pois tem uma atmosfera européia, a vida noturna é intensa, existem mais livrarias na capital do que em todo o Brasil. Nos hospedamos num hotel, se não há engano de memória, chamado Liberty. Andava muito pela cidade e ficava sentado na Praça de Mayo apreciando o movimento e seus habitantes.
A imagem apresenta o cartaz de Victor Victoria, uma comédia excepcional de Blake Edwards, com Julia Andrews e James Gardner. Creio que a última boa comédia do cinema americano.
É um país europeu... Melhor dizendo, específicamente Buenos Aires é uma cidade européia, um 'mix' de Paris com Madrí em narrativa de Borges, seu escriba maior.
Quanto a "Victor e Victoria", creio ser no caso desta foto um espetáculo teatral.
'Y me gosta mucho el cine argentino'
Quando fui a Buenos Aires pela primeira vez, ainda criança, o Harrod's tinha uma loja luxuozíssima no centro da cidade. O chão era tão encerado que chegava a parecer um espelho.
Voltei em 84 (um ano antes de você) e este mesmo piso chegava a levantar poeira.
É por isso (de Harrod's etc) que dizem que argentino é o italiano que pensa que é inglês e fala o espanhol. kkkkkkkkkkkk!
E é isso mesmo... Argentino é meio prepotente. Só acho que têm mesmo uma cultura européia...
Passei muitos anos indo a Buenos Aires quase todos os anos. Tinha uma tia que morava lá.
Adorava tudo! Inclusive los hermanos porque tinha (e ainda tenho) muitos amigos por lá.
L.P.
Ê gauchada, tchê!
Nunca fui a Buenos Aires. Curioso, tão pertinho. Mas a minha antipatia de portenhos é tão grande que nunca tiove nem sequer a curiosidade de chegar até lá.
Enquanto isso fui mais longe, tendo chegado à Turquia no ano passado.
Santelmo
O mais curioso é justamente você chamar-se Santelmo... 'Por supuesto, sin embargo'... hehehe!
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