Os diversos textos abaixo são muito importantes para que se entenda a
principal teoria de León Trotsky, a “Revolução Permanente” e como ele estava
correto em suas críticas a Stalin e o que ocorreu na URSS. É conveniente
lembrar que as situações citadas pelo autor referem-se às condições e conflitos
históricos da época, finais dos anos 1920, início dos 30.
(...) A teoria da revolução permanente exige, na atualidade, a maior
atenção da parte de todo marxista, uma vez que o desenvolvimento da luta
ideológica e a da luta de classe fez o problema sair definitivamente do domínio
das recordações de velhas divergências entre os marxistas russos, para
apresenta-lo em ligação com o caráter, os laços internos e os métodos da
revolução internacional em geral...
...Quaisquer que sejam as primeiras etapas episódicas da revolução nos
diferentes países, a aliança revolucionária do proletariado com os camponeses
só é concebível sob a direção política da vanguarda proletária organizada como
partido comunista (1)...
... A revolução socialista não pode realizar-se nos quadros nacionais.
Uma das principais causas da crise da sociedade burguesa reside no fato de as
forças produtivas por ela engendradas tenderem a ultrapassar os limites do
Estado nacional. Daí as guerras imperialistas, de um lado, e a utopia dos
Estados Unidos burgueses da Europa, de outro lado. A revolução socialista
começa no terreno nacional, desenvolve-se na arena internacional e termina na
arena mundial. Por isso mesmo, a revolução socialista se converte em revolução
permanente, no sentido novo e mais amplo do termo: só termina com o triunfo
definitivo da nova sociedade em todo o nosso planeta...
... Com a criação do mercado mundial, da divisão mundial do trabalho e
das forças produtivas mundiais, o capitalismo preparou o conjunto da economia
mundial para a reconstrução socialista (2)...
... A teoria do socialismo num só país, brotada no estrume da reação
contra Outubro, é a única que se opõe, de maneira consequente e definitiva, à
teoria da revolução permanente.
Ao tentarem os epígonos, compelidos pela crítica, limitar à Rússia a
aplicação da teoria do socialismo num só país, por causa de suas peculiaridades
(extensão territorial e riquezas naturais), as coisas só fazem piorar, em lugar
de melhorar. A renúncia à atitude internacionalista conduz, inevitavelmente, ao
messianismo nacional, isto é, ao reconhecimento de vantagens e qualidades
peculiares ao país, capazes de lhe conferir um papel que os demais países não
poderiam desempenhar.
A divisão mundial do trabalho, a subordinação da indústria soviética à
técnica estrangeira, a dependência das forças produtivas dos países avançados
em relação às matérias primas asiáticas etc., etc., tornam impossível a
Construção de uma sociedade socialista autônoma e isolada em qualquer região do
mundo...
... A teoria do nacional-socialismo degrada a Internacional Comunista,
que fica reduzida ao papel de arma auxiliar na luta contra a intervenção
armada. A política atual da Internacional Comunista, o seu regime e a escolha
dos seus dirigentes correspondem perfeitamente à sua decadência e transformação
num exército de emergência, que não se destina a resolver, de maneira autônoma,
as tarefas que se lhe apresentam...
... O programa da Internacional Comunista, obra de Bukhárin, é eclético
do princípio ao fim. É uma tentativa desesperada de ligar a teoria do
socialismo num só país ao internacionalismo marxista, que não pode, entretanto,
ser separado do caráter permanente da revolução mundial (3). A luta da Oposição
de Esquerda por uma política justa e um regime são na Internacional Comunista
indissoluvelmente ligadas à luta por um programa marxista. A questão do
programa, por sua vez, é inseparável da questão das duas teorias opostas: a
teoria da revolução permanente e a teoria do socialismo num só país (4). O
problema da revolução permanente já ultrapassou, há muito tempo, o limite das
divergências episódicas entre Lênin e Trotsky, inteiramente esgotadas pela
história. Trata-se, agora, da luta entre as idéias fundamentais de Marx e de
Lênin, de um lado, e o ecletismo centrista, de outro lado.
1. À época ainda era o partido que, na concepção de Trotsky deveria
comandar a revolução mundial.
2. O próprio Marx havia dito isto numa etapa anterior do capitalismo.
Trotsky a repetiu, mas hoje isso está mais claro ainda.
3. Note-se a visão internacionalista de L. T. quanto à revolução que se
oponha ao poder burguês, este sim em contradição com a globalização.
4. A história contou o que aconteceu ao stalinismo e sua política
suicida e irresponsável de “construir o socialismo num só país”...
5 comentários:
A atualidade de seu pensamento é um fato exposto no decorrer da história.
Atualidade mesmo!
Muito bom.
Uma visão atual enquanto o capitalismo perdurar!
L.P.
Tem toda a razão.
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