Já falei aqui sobre o embuste da “democracia”
ocidental. Principalmente nos Estados Unidos, cuja intenção igualitária à época
de sua independência em fins do século XVIII – comandada pela então
revolucionária burguesia – com o passar do tempo transformou-se num reacionário
poder da máquina industrial financeira, manipulada pela grande mídia. O que
existe hoje e de fato é uma “ditadura da burguesia”. Com vícios e contradições
semelhantes aos que a história propiciou às distorções das teses de Marx (1)
através da burocracia soviética.
Na verdade a livre manifestação de opinião, tão
decantada pelo sistema, só existe enquanto essas opiniões não ameaçam
verdadeiramente a manutenção do status quo. Tudo é aparência, tudo um
jogo de propaganda que visa enganar o cidadão comum, dando-lhe a sensação de
estar vivendo uma situação democrática.
A origem da definição de demokratia
(democracia) é encontrada em Aristóteles no seu livro Politica. Na
Grécia antiga talvez tenha funcionado, mas daí em diante as tentativas foram desastrosas.
Tanto na França pós queda da Bastilha quanto nos EUA e outros países da Europa,
as “aventuras” redundaram em fracassos, que, em grande parte das vezes
culminaram em regimes totalitários, como foram os exemplos da própria França
revolucionária a qual sucedeu o império napoleônico, quanto posteriormente o da
República de Weimar na Alemanha, em que uma constituição considerada das mais
democráticas de todos os tempos deu lugar ao governo nazista.
No entanto a grande maioria dos países nunca
conseguiu alcançar nem mesmo a farsa democrática. Na América ibérica, não indo
muito longe, no Brasil, democracia (mesmo em arremedo) é uma realidade que
jamais conhecemos. Falam em prosa e verso que vivemos um período democrático,
mas, na verdade nossa tradição de excessões vem desde os tempos da colônia (2)
e impede que alcancemos ao menos uma encenação (como a estadunidense). No
império ela era um “teatro mambembe” em que somente votavam a nobreza e as
classes dominantes em partidos que também as defendiam. A história de república
é uma sucessão de votos de “bico de pena”, levantes e golpes militares, além de
longos períodos de ditadura explícita.
Enquanto isso, os estadunidenses tentam impor à
força das armas o que “pensam” ser um pensamento democrático em países como o
Iraque ou o Afeganistão, que nem sabem o seu significado e teriam que procurar
seus próprios caminhos para alcança-lo. Na realidade, a democracia ainda é um
sonho a ser alcançado pela humanidade. Talvez um dia, se resistirmos à
destruição do planeta, que nós mesmos estamos ajudando, conseguiremos chegar
lá. E digo isso porque democracia e socialismo são metas a serem alcançadas em
um conjunto de “liberdade, igualdade e fraternidade”. Um conceito inexiste sem
o outro.
(1) O
termo “ditadura do proletariado” não significava em suas origens a ditadura de
um só partido, mas uma forte presença revolucionária para extinguir o poder das
diferenças sociais geradas pela exploração ao longo de séculos. O que aconteceu
na URSS foi a instalação de uma ditadura de partido único que burocratizou,
corrompeu e apodreceu o regime.
(2) No Brasil Colônia eram proibidos tanto o ensino
universitário quanto a imprensa. Somente a vinda da família real portuguesa –
que transformou este país tropical na sede do reino – possibilitou uma abertura
para o ensino e a publicação de livros e jornais.
Um comentário:
É isso mesmo!
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