Enquanto a
imprensa burguesa critica Chávez, os fatos demonstram o outro lado da moeda: em
1998, quando assumiu o poder, havia 1.628 médicos para uma população de 23,4
milhões. Dez anos mais tarde, chegavam a cerca de 20.000 médicos para uma
população de então 27 milhões.
Os gastos
sociais subiram de 8,2% do PIB, em 1998, para quase 14%. “Se comparamos a taxa
de pobreza pré-Chávez (43,9%) com a registrada dez anos depois (27,5%),
chegamos a uma queda de 37% no número de venezuelanos pobres”, afirma o estudo.
E o índice de desemprego, que era de 19% em 1998, caiu pela metade.
E a disputa entre os campos chavista
e antichavista se intensifica na medida
em que o país se torna socialmente mais homogêneo, alcançando o topo do ranking sul americano de distribuição da
renda. O ponto nevrálgico da tensão é que os proprietários dos meios de
produção estão deixando rapidamente de ser os donos do poder político, o que
provoca forte reação dos extratos mais altos e seu entorno”. A renda média dos
20% mais ricos não foi afetada, e nem o seu estilo de vida, mas eles percebem
que não detém mais o comando sobre o Estado e a sociedade.
Nos setores mais pobres, atendidos por um amplo repertório de
políticas sociais, o comportamento é ditado por motivações que extrapolam
conquistas ou expectativas econômicas. A combustão dessas camadas, tendo na
melhoria de vida seu pano de fundo, determina-se também pelo esforço do
presidente em travar permanentemente batalhas por ideias e valores.
Desde o início de seu governo, mas de forma mais ampla depois da
tentativa do golpe de Estado em 2002, Chávez tratou de ocupar o máximo de
espaço nos meios de comunicação. Seu discurso é voltado, quase sempre, para
identificar cada movimento de seu governo como parte de um processo
revolucionário, ao mesmo tempo em que fermenta entre seus seguidores um
sentimento de repulsa aos adversários das mudanças em curso.
A princípio, o fio condutor da
pedagogia chavista foi o resgate da
história – e do pensamento – de Simón
Bolívar, o patriarca da independência venezuelana e chefe político militar da
guerra anticolonial contra os espanhóis no século XIX. Por esse caminho, Chávez
imprimiu ao seu projeto forte marca nacionalista, que contrapôs aos senhores
coloniais (Estados Unidos) e seus aliados internos representados pela elite
local.
A oposição, animada pela
predominância nos meios de comunicação, colocou suas fichas no enfrentamento
aberto. Além das reservas midiáticas, sempre contabilizou a seu favor forças
econômicas e relações internacionais para mobilizar as camadas médias contra o
governo. Mesmo após o golpe de 2002, no auge da polarização, os partidos antichavistas deram continuidade a uma
estratégia de colisão.
Mas ambos os lados atualmente têm
que levar em conta um novo fenômeno. Mais de 30% da população trocou de extrato
social. Migraram dos segmentos mais pobres para a classe média. E o campo
opositor se vê obrigado a reconhecer certos avanços no terreno social, ao
contrário da política de “rechaço absoluto” anteriormente praticada. Tanto que
a campanha de Capriles promete preservar as “missões” sociais.
Para os governistas também surgem
novas questões. O problema do processo é disputar corações e mentes desse novo
contingente de classe média. As pesquisas diversas apontam que emergiu, nos
últimos anos, um grupo sem alinhamento, tanto com Chávez, como com seus
adversários. A maioria de seus integrantes deste setor é oriundo dessas camadas
ascendentes.
O presidente vem beirando, nas
pesquisas mais confiáveis, os 60% de intenção eleitoral para o pleito de
outubro, abrindo vantagem de 15% a 30% contra seu oponente. O candidato
oposicionista, representante de uma aliança formada por grandes empresários precisa
convencer que é capaz de absorver ao menos parte das medidas que, desde 1999,
favoreceram os 80% de eleitores que não estão nas classes mais privilegiadas da
sociedade.
O programa de governo desta oposição não ajuda muito. Mesmo tendo
abrandado suas críticas às políticas sociais do presidente, o ímpeto privativista
está presente... E com força. Não apenas fala em reduzir o Estado, reverter
nacionalizações ou tirar a PDVSA do controle estatal, mas defende
explicitamente que as terras desapropriadas dos grandes latifundiários voltem
às mãos dos antigos donos. “Primeiro, precisamos acabar com as expropriações,
devemos trazer a segurança ao campo, dar confiança a partir do governo”,
afirmou Capriles em recente coletiva de imprensa.
Qualquer que seja o resultado, no entanto, a administração de Hugo
Chávez terá conseguido um feito que merece análise apurada de cientistas
políticos. Ao contrário do que acontece na maioria dos países, nos quais o marketing “domesticou a política” e
oculta a disputa de ideias, na Venezuela, sequer as necessidades eleitorais
diluem a batalha frontal entre programas.
9 comentários:
Uma injustiça. Ridicularizam-no como a um palhaço. Fico 'puta da vida' com isso.
Aliás, gostei da foto que você postou.
Deve ter sido difícil encontrar uma tão legal dele. Propositadamente só publiam fotos para ridicularizar a sua imagem.
Como também fazem com Ahmadinejad.
Joelma tem toda razão. A imagem que você escolheu do Cháves é a de um homem normal. Coisa rara na imprensa brasileira e provavelmente na de outros países-colônias dos Estados Unidos como nós infelizmente o somos.
E idem com Ahmadinejad. Sempre põem uma fotos dele parecendo um louco!
É propaganda subliminar!
L.P.
Concordo plenamente quanto à foto!
E torçamos para que Hugo Chávez consiga se reeleger e continuar a sua tarefa histórica de emancipação e independêncisa da América Latina.
Opinião pessoal: não gosto de Hugo Chavez!
André, a propaganda contra Hugo Chávez é muito eficiente. Uma verdadeira "lavagem cerebral".
Acabei de comprovar isto no "Bom dia Brasil"...
A imprensa burguesa participa da luta de classes "bonitinho".
André Setaro. Mais uma vítima da 'Propaganda' anti-Chávez!
É verdade o que você disse em mensagem: a imprensa procura as piores fotos, os piores ângulos, quando se trata de colocar imagens de Chávez.
Trata-se de uma campanha difamatória porque Chávez fez, Chávez faz e Chávez fará se deixafem ele continuar...
Postar um comentário