sábado, 20 de outubro de 2012

Um gênio chamado Manga

Manga em foto recente
Acabei de assistir “Os Dois Ladrões”, direção de Carlos Manga (1960), com um Oscarito, simplesmente brilhante, Cyll Farney, Eva Todor, Jaime Costa, Irma Alvarez e outros.
Mas fico a pensar na injustiça que se fez com este riquíssimo tempo do cinema brasileiro, em que batizaram de “chanchadas”, as excelentes comédias da Atlântida.

Mas, bem a propósito disto, o filme abaixo, da primeira fase em que trabalhei na VS (1988 a 1990), foi criado para uma campanha do Procel, empresa governamental voltada para a economia de energia, e era inspirado em “Janela Indiscreta” de Hitchcock.
Quem ganhou a concorrência para a produção foi a Tycoon, empresa do Carlos Manga e do Cyll Farney.
A ideia era boa, mas, nós não sabíamos que ia ficar tão bem realizada. Graças à primorosa direção do Manga, que se apaixonou pelo roteiro, desde nossa primeira reunião de pré-produção, e talvez também tenha visto no comercial a oportunidade de homenagear um dos ícones dele e do cinema: Alfred Hitchcock.
Ele produziu, ou até reproduziu um cenário, com as luzes e outros detalhes de tal forma semelhantes, que mais parecia um remake ou um trailer do filme original. Tinha até uma cena dele, Manga, passando em determinado lugar, tal e qual fazia o mestre do suspense em todos os seus filmes.

Grande Manga, ele também um dos maiores diretores que o Brasil já teve, da chanchada (1) ao comercial publicitário. Isto sem contar o período em que passou pela televisão (2), quando foi responsável por inúmeras novidades e programas que ficaram na história deste veículo.
  

1.  Levado à Atlântida por Cyll Farney, dirigiu filmes como: Nem Sansão Nem Dalila (1954), Matar ou Correr (1954), De Vento em Popa (1957) e O Homem do Sputnik (1958), que são apenas algumas das dezenas de chanchadas com a sua assinatura e que deixou com eles o seu nome na história do cinema brasileiro.


2. Passou pelas TV’s Rio, Excelsior e Record, dirigindo programas musicais, humorísticos e alguns até polêmicos, como
Quem tem medo da verdade. Na Rede Globo, foi realizador de mini séries como Agosto e Engraçadinha, além de diversos programas cômicos.


6 comentários:

Joelma disse...

E você conheceu o Manga pessolamente! Deve ser uma pessoa muito interessante, não?

Manuel Pinto disse...

Ele tem mesmo filmes que marcaram uma época.
Quanto à chanchada ela foi "menos pior" do que falam dela e "O Homem do Sputnik" é um filme excelente.

Mário disse...

Carlos Manga é uma figura icônica do cinema brasileiro

André Setaro disse...

Manga tinha um sentido de 'mise-en-scène inexistente na maioria dos chamados cinemanovistas. É um cineasta.

Jonga Olivieri disse...

Ao assistir “Os Dois Ladrões”, chamou-me muito a atenção exatamente a ‘mise-en-scène’. E a luz, a montagem. Até a continuidade que é um fator determinante numa boa direção... Fatores que já havia notado quando dirigiu o nosso “Janela...”. Um homem inteligente que metia as caras e corria atrás. Lembro de uma entrevista dele em que disse que, na “cara de pau” foi a Roma e conheceu o... Fellini. E tambem a sua observação do cinema “hollywoodiano” certamente o consolidou como um diretor sólido.

Nun'Alvares disse...

Tenho registos na memória de comédias brasileiras desta época.
De facto eram divertidas, notando-se que havia boas equipas a executa-las.