quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O desmonte do castelo de sonhos do “experimento europeu"


A crise geral do capitalismo atual não tem termos de comparação com as crises anteriores de 1929 e 1973. O que implica que as respostas para a superação desta não podem ser as mesmas utilizadas naquelas, que foram as maiores crises registradas no século XX e que contribuíram, naquela correlação de forças da luta de classes, para os “trinta anos dourados” do capitalismo no pós guerra e a construção do Welfare State.
  
Podemos relembrar que já no Manifesto Comunista, Marx e Engels salientaram a dimensão que percorrem as crises do modo de produção capitalista (vistas como crises de superprodução) onde o sistema produtor do capital gera riqueza em demasia, mas não consegue de fato absorve-las. Bom, na verdade, o sistema apenas não as absorve, como as deforma, grande parte das vezes gerando efeitos contra o próprio sistema. 
  
Como? Um exemplo disto é a atual crise financeira na União Europeia, que expõe de forma rasteira e muito clara o desprezo que o capital financeiro global (transnacional) representado pelo FMI, Banco Central Europeu e Comissão Européia tem pelas instituições políticas do próprio Estado burguês. Na verdade, a ”democracia” política (oficial) tem um poder restrito às injunções do capital financeiro globalizado em sua gula de sugar riqueza das unidades nacionais a título de pagamento das dividas públicas. E é o que acontece na Europa, especialmente nos países onde os investimentos foram mais pesados, como na Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda.
  
O Euro, um outro exemplo, foi uma aberração monetária tendo como propósito ser uma moeda sem Estado. O sonho do capital global transnacional financeirizado de ter um referente monetário único no espaço europeu demonstrou ser uma mistificação frustrada.
  
Na verdade, a função histórica da crise das dividas soberanas na União Europeia foi apenas desmascarar o castelo de sonhos do que podemos chamar de “experimento europeu" que por meio de um truque ilusório da moeda única tentou ocultar a contradição entre o capital global transnacionalizado e os Estados nacionais. É esta evidente contradição estrutural do sistema do capital que irá demarcar e expor com mais clareza os limites irremediáveis da “democracia” representativa burguesa nas condições do novo tempo histórico do capital.

Pensata: Li em determinada ocasião que o “sonho” das Multinacionais – o capital global – , era manter as suas matrizes em grandes plataformas nas águas internacionais, onde não teriam que pagar impostos a nada... Ou a ninguem!

 

7 comentários:

Nun'Alvares disse...

Sentimos na pele as cobranças pelas autostradas e tantos outros investimentos que cá fizeram!
E o preço é alto. E, em Euros!

Joelma disse...

Esta das Multinacionais manterem as suas sedes em grandes plataformas no meio do oceano eu já havia ouvido falar (ou lido)em algum lugar.
Quanto a crise atual não tem muita saída mesmo!

Mário disse...

Um esmiuçado 'ensaio' sobre a crise do capitalismo! Parabéns!

Mário disse...

Ah, adorei a ilustração no estilo Coca-Cola, um dos símbolos iconicos do capitalismo!

Jonga Olivieri disse...

Quando morava em Portugal nos anos 1990 eu dizia para minha mulher e alguns amigos que aqueles investimentos todos teriam que ter um retorno. Por que? Simplesmente pelo fato de que no sistema capitalista na há favores; não existem atos de “generosidade”... Mas sim interesses do capital.
A Alemanha, principalmente a Alemanha (a mais rica) investiu pesado nos “pobres” da UE. E agora, simplesmente estão cobrando. Com juros e correção monetária.

André Setaro disse...

A crise avança. A saída, onde está a saída?

Jonga Olivieri disse...

Mas... Que saída?