A crise geral do capitalismo atual
não tem termos de comparação com as crises anteriores de 1929 e 1973. O que implica
que as respostas para a superação desta não podem ser as mesmas utilizadas
naquelas, que foram as maiores crises registradas no século XX e que contribuíram,
naquela correlação de forças da luta de classes, para os “trinta anos dourados”
do capitalismo no pós guerra e a construção do Welfare State.
Podemos relembrar que já no Manifesto Comunista, Marx e Engels
salientaram a dimensão que percorrem as crises do modo de produção capitalista (vistas
como crises de superprodução) onde o sistema produtor do capital gera riqueza
em demasia, mas não consegue de fato absorve-las. Bom, na verdade, o sistema apenas
não as absorve, como as deforma, grande parte das vezes gerando efeitos contra o
próprio sistema.
Como? Um exemplo disto é a atual crise
financeira na União Europeia, que expõe de forma rasteira e muito clara o
desprezo que o capital financeiro global (transnacional) representado pelo FMI,
Banco Central Europeu e Comissão Européia tem pelas instituições políticas do próprio
Estado burguês. Na verdade, a ”democracia” política (oficial) tem um poder restrito
às injunções do capital financeiro globalizado em sua gula de sugar riqueza das
unidades nacionais a título de pagamento das dividas públicas. E é o que
acontece na Europa, especialmente nos países onde os investimentos foram mais
pesados, como na Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda.
O Euro, um outro exemplo, foi uma
aberração monetária tendo como propósito ser uma moeda sem Estado. O sonho do
capital global transnacional financeirizado de ter um referente monetário único
no espaço europeu demonstrou ser uma mistificação frustrada.
Na verdade, a função histórica da
crise das dividas soberanas na União Europeia foi apenas desmascarar o castelo
de sonhos do que podemos chamar de “experimento europeu" que por meio de
um truque ilusório da moeda única tentou ocultar a contradição entre o capital
global transnacionalizado e os Estados nacionais. É esta evidente contradição
estrutural do sistema do capital que irá demarcar e expor com mais clareza os
limites irremediáveis da “democracia” representativa burguesa nas condições do
novo tempo histórico do capital.
7 comentários:
Sentimos na pele as cobranças pelas autostradas e tantos outros investimentos que cá fizeram!
E o preço é alto. E, em Euros!
Esta das Multinacionais manterem as suas sedes em grandes plataformas no meio do oceano eu já havia ouvido falar (ou lido)em algum lugar.
Quanto a crise atual não tem muita saída mesmo!
Um esmiuçado 'ensaio' sobre a crise do capitalismo! Parabéns!
Ah, adorei a ilustração no estilo Coca-Cola, um dos símbolos iconicos do capitalismo!
Quando morava em Portugal nos anos 1990 eu dizia para minha mulher e alguns amigos que aqueles investimentos todos teriam que ter um retorno. Por que? Simplesmente pelo fato de que no sistema capitalista na há favores; não existem atos de “generosidade”... Mas sim interesses do capital.
A Alemanha, principalmente a Alemanha (a mais rica) investiu pesado nos “pobres” da UE. E agora, simplesmente estão cobrando. Com juros e correção monetária.
A crise avança. A saída, onde está a saída?
Mas... Que saída?
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