Manga em foto recente |
Acabei de assistir “Os Dois Ladrões”, direção de Carlos Manga (1960), com um
Oscarito, simplesmente brilhante, Cyll Farney, Eva Todor, Jaime Costa, Irma
Alvarez e outros.
Mas fico a pensar na injustiça que se fez com este riquíssimo tempo do cinema
brasileiro, em que batizaram de “chanchadas”,
as excelentes comédias da Atlântida.
Mas, bem a propósito disto, o filme abaixo, da primeira fase em que
trabalhei na VS (1988 a 1990), foi criado para uma campanha do Procel, empresa governamental voltada para a economia de energia,
e era inspirado em “Janela Indiscreta” de Hitchcock.
Quem ganhou a concorrência para a produção foi a Tycoon, empresa do
Carlos Manga e do Cyll Farney.
A ideia era boa, mas, nós não sabíamos que ia ficar tão bem realizada.
Graças à primorosa direção do Manga, que se apaixonou pelo roteiro, desde nossa primeira
reunião de pré-produção, e talvez também tenha visto no comercial a
oportunidade de homenagear um dos ícones dele e do cinema: Alfred Hitchcock.
Ele produziu, ou até reproduziu um cenário, com as luzes e outros detalhes
de tal forma semelhantes, que mais parecia um remake ou um trailer do filme original. Tinha até uma cena
dele, Manga, passando em determinado lugar, tal e qual fazia o mestre do
suspense em todos os seus filmes.
Grande Manga, ele também um dos maiores diretores que o Brasil já teve, da chanchada (1) ao comercial publicitário.
Isto sem contar o período em que passou pela televisão (2), quando foi
responsável por inúmeras novidades e programas que ficaram na história deste
veículo.
1. Levado à Atlântida por Cyll
Farney, dirigiu filmes como: Nem Sansão Nem Dalila (1954), Matar ou
Correr (1954), De Vento em Popa (1957) e O Homem do Sputnik (1958),
que são apenas algumas das dezenas de chanchadas com a sua assinatura e que
deixou com eles o seu nome na história do cinema brasileiro.
6 comentários:
E você conheceu o Manga pessolamente! Deve ser uma pessoa muito interessante, não?
Ele tem mesmo filmes que marcaram uma época.
Quanto à chanchada ela foi "menos pior" do que falam dela e "O Homem do Sputnik" é um filme excelente.
Carlos Manga é uma figura icônica do cinema brasileiro
Manga tinha um sentido de 'mise-en-scène inexistente na maioria dos chamados cinemanovistas. É um cineasta.
Ao assistir “Os Dois Ladrões”, chamou-me muito a atenção exatamente a ‘mise-en-scène’. E a luz, a montagem. Até a continuidade que é um fator determinante numa boa direção... Fatores que já havia notado quando dirigiu o nosso “Janela...”. Um homem inteligente que metia as caras e corria atrás. Lembro de uma entrevista dele em que disse que, na “cara de pau” foi a Roma e conheceu o... Fellini. E tambem a sua observação do cinema “hollywoodiano” certamente o consolidou como um diretor sólido.
Tenho registos na memória de comédias brasileiras desta época.
De facto eram divertidas, notando-se que havia boas equipas a executa-las.
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