Ontem publiquei
aqui um texto de Florestan Fernandes (1920/1995)
extraído do excelente Marxismo21. Gostaria
de falar um pouco mais sobre ele.
Segundo seus relatos, Florestan Fernandes
teve, ainda criança, o interesse pelos estudos despertado, principalmente pela
diversidade dos lugares onde passou sua infância. Afilhado de Hermínia Bresser
de Lima, filha de Carlos Augusto Bresser, Florestan aprendeu com ela a
dedicação aos estudos. Filho de mãe solteira, não conheceu o pai Começou a
trabalhar, como auxiliar numa barbearia, aos seis anos de idade. Estudou até o
terceiro ano do primeiro grau. Só mais tarde, voltaria a estudar, fazendo curso
de madureza.
Em 1941, ingressou na Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da USP, formando-se em ciências sociais ciências. Iniciou
sua carreira docente em 1945, como professor assistente na cadeira de
Sociologia II. Na Escola Livre de Sociologia e Política, obteve o título de
mestre com a dissertação "A Organização Social dos Tupinambá”. Em 1951, defendeu, na Faculdade de Filosofía,
Letras e Ciências Humanas da USP, a tese de doutoramento "A Função Social
da Guerra na Sociedade Tupinambá”, posteriormente
consagrado como clássico da etnologia brasileira, que explora o método
funcionalista.
Uma linha de trabalho característica de
Florestan nos anos 50 foi o estudo das perspectivas teórico-metodológicas da
sociologia. Seus ensaios mais importantes acerca da fundamentação da sociologia
como ciência foram, posteriormente, reunidos no livro "Fundamentos
Empíricos da Explicação Sociológica".. Seu comprometimento
intelectual com o desenvolvimento da ciência no Brasil, entendido como
requisito básico para a inserção do país na civilização moderna, científica e
tecnológica, situa sua atuação na Campanha de Defesa da Escola Pública, em prol
do ensino público, laico e gratuito enquanto direito fundamental do cidadão do
mundo moderno.
Durante o período, foi assistente catedrático,
livre docente e professor titular na cadeira de Sociologia, substituindo o
sociólogo e professor francês Roger Bastide em caráter interino até 1964, ano
em que se efetivou na cátedra, com a tese "A Integração do Negro na Sociedade
de Classes". Como o título da obra permite entrever, o período
caracteriza-se pelo estudo da inserção da sociedade nacional na civilização
moderna, em um programa de pesquisa voltado para o desenvolvimento de uma
sociologia brasileira.
Nesse âmbito, orientou dezenas de dissertações
e teses acerca dos processos de industrialização e mudança social no país e
teorizou os dilemas do subdesenvolvimento capitalista. Inicialmente no bojo dos
debates em torno das reformas de base e, posteriormente, após o golpe de
Estado, nos termos da reforma universitária coordenada pelos militares,
produziu diagnósticos substanciais sobre a situação educacional e a questão da
universidade pública, identificando os obstáculos históricos e sociais ao
desenvolvimento da ciência e da cultura na sociedade brasileira inserida na periferia
do capitalismo monopolista.
3 comentários:
Que currículo!
Um pensador que acrescentou muito à cultura neste país.
Sem dúvida nenhuma!
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