Fui morar em Portugal, especificamente na cidade do Porto em
1990. À época já havia um certo número de brasileiros por aquelas bandas,
principalmente nas áreas de odontologia e publicidade. Mas nada comparável ao
que ocorreu, principalmente na década seguinte, já neste século 21, quando
aconteceu uma enxurrada em direção ao outro lado do Atlântico.
Um exemplo mais recente: nos primeiros anos deste século, o
número dos pedidos de entrada de brasileiros em Portugal disparou: foi de 320
para 1.791, crescendo mais rapidamente do que a média de todas as
nacionalidades. Em 2011, os brasileiros representavam 88% do total de imigrantes,
ante 69% em 2007.
Portugal passou a abrigar uma das maiores colônias
brasileiras no exterior. Segundo relatório do Itamaraty, em 2008, era a
5ª maior do mundo. Os brasileiros ainda constituem a principal comunidade
estrangeira no país, de acordo com o governo português, com 119.363 imigrantes
legais.
Em 2003, o desemprego português era de 6,3%, quase a metade
do brasileiro naquela época, de 12,4%. Mas com a crise na zona do Euro,
as coisas mudaram do vinho para a água.
Dados do Instituto de Emprego e Formação Profisisonal (IEFP)
indicam que o número de brasileiros inscritos em centros de emprego saltou de 5
mil em março de 2008 para 10,7 mil no mesmo mês de 2011. A taxa média de
desemprego entre os imigrantes como um todo, em 2010, foi quase o dobro da
média nacional – 19% contra 10,8%.
A pequena cidade de Ericeira, a
50 km de Lisboa é um dos redutos de imigrantes do Brasil. Com a crise, porém,
os brasileiros retornaram ao país, secando a economia desta e de outras cidades
inteiras.
Nos povoados da Costa da
Caparica, onde a baixa de brasileiros foi maior, supermercados vendem até 60%
menos, pequenos shoppings foram abandonados, restaurantes ficaram vazios e 40%
de agências imobiliárias pararam de funcionar. Com menos contribuições, a
prefeitura teve de cortar salários de funcionários.
Lá, o número de brasileiros
chegou a 4.000, de uma população de 13 mil. No primeiro trimestre de 2012,
restavam 1.500.
Segundo o anuário de 2010 do
Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), observa-se um crescente movimento
de retorno ao Brasil. O número de emigrantes brasileiros em retorno
voluntário é o melhor indicador deste fenómeno: 1.444.
Isto faz-me lembrar de quando
morei lá. Em uma conversa com o tio português de um conhecido, ele dizia: “Isto
cá é um país pequeno, ó pá... Se muitos brasileiros vierem não vão caber...” E
tinha lá suas razões. O sonho de uma vida melhor e mais estável por terras
lusas acabou. Mas, o mais curioso é que agora os portugas estão voltando a
invadir o Brasil já que por lá a fonte secou!
2 comentários:
Agora os portugueses virão em massa.
Mas apesar do tamanho do Brasil, será que vão caber todos aqui?
Ainda bem que desta vez, pelo menos não vem a corte inteira! RsRsRsRs
Esta é uma situação séria. Durante décadas aguentamos a chuva de transmontanos abrindo padarias no Brasil. E pelo jeito vai voltar. Mas para abrir o que agora?
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