No mundo, de
acordo com Mapa da Desigualdade em 2013, os 10% mais ricos do planeta detêm
atualmente 86% da riqueza mundial. Destes, 0,7% tem US$ 98,7 trilhões e a posse
de 41% da riqueza mundial, maior valor já registrado na História da Humanidade.
Com uma enorme soma de capital em suas mãos, um reduzido grupo de
multimilionários, donos de grandes bancos, fundos de investimentos e monopólios
espalhados pelo planeta, controla a indústria, o comércio e a agricultura.
Estudo realizado
pelo Instituto Federal de Tecnologia da Suíça enfocando 43 mil empresas
multinacionais concluiu que 174 delas (na maioria bancos) controlam 40% da
economia mundial. Nos Estados Unidos, maior país capitalista do mundo, apenas
cinco bancos (JP Morgan, Goldman Sachs, Citigroup, Bank of América e Weels
Fargo) teem ativos de US$ 8,5 trilhões, cerca de 56% do PIB, e 10 empresas
controlam 85% dos alimentos de base negociados no mundo.
Alem disso,
desde o início da crise, governos e bancos centrais repassaram mais de US$ 30
trilhões a essa oligarquia financeira, provocando o maior endividamento público
da história. Somente o Tesouro dos EUA, segundo relatório do U.S. Government Accountability Office entregou
16 trilhões de dólares em empréstimos a juros negativos às grandes empresas e
bancos do país, embora tenha demitido milhares de funcionários públicos.
O resultado
desses planos de ajuda aos bancos foi o crescimento exponencial das dívidas
públicas, dívidas dos Estados, mas pagas pelos impostos cobrados dos trabalhadores.
Em 2007, a dívida pública dos EUA era de 66,5% do PIB, e pulou para 106,5% em
2012, levando o país a viver em estado permanente de calote. A dívida pública
do Japão é superior a 200% do PIB e a da França, segundo o próprio governo,
chegará a 95,1% do PIB em 2014. Por sua vez, dados do FMI indicam que a dívida
do governo central da China soma 46% de tudo o que o país produz.
Para pagar
essas dívidas, a solução dos governos capitalistas são os chamados planos de
austeridade, ou seja, jogar esse endividamento nos ombros dos trabalhadores.
Por isso, medidas como redução de salários dos funcionários públicos, cortes
das verbas para a saúde e educação, privatização de empresas públicas,
eliminação de direitos trabalhistas, diminuição das aposentadorias e,
consequentemente, destruição de pequenas e médias empresas.
Ao lado do
crescimento da concentração de capital, do aumento de fusões e aquisições entre
as empresas em todo o mundo, temos o aumento exponencial da especulação
financeira. Segundo relatório do Mackinsey Global Institute, em números
absolutos, o estoque total de ativos financeiros – depósitos bancários,
financiamentos, títulos de dívida privada e pública, ações de companhia –
atingiu US$ 225 trilhões no ano passado. Um volume 10% maior que em 2007, ano
de início da crise, e o equivalente a 312% da produção global. Já o montante
dos derivativos no mundo atingiu US$ 600 trilhões em 2011, segundo números do
Bank for International Serrlements (BIS).
É esta
oligarquia financeira que impõe sua vontade e seus interesses em todos os
países e obrigam os governos e os bancos centrais da Europa, América Latina,
África ou da Ásia, a adotarem a mesma política de ampla proteção ao capital
financeiro. Ocorre, assim, uma verdadeira fusão do Estado com o capital
financeiro.
Dessa forma,
a globalização da economia nada mais é que a extensão do domínio desse pequeno
e poderoso grupo de bilionários dos países imperialistas em aliança com a
grande burguesia dos demais países, para obter superlucros.
Há, ainda, o
acirramento das contradições interimperialistas, isto é, entre EUA, Rússia,
China, Alemanha, Japão, Inglaterra e França. Essas contradições ficam
evidentes, quando verificamos que não existe um acordo comercial amplo no
âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC); prossegue a chamada “guerra
cambial” ou a tentativa de impor o dólar e o euro como únicas moedas no mundo;
bem como a feroz disputa pelo controle de regiões estratégicas do planeta, como
se verifica na África, e em particular, no Oriente Médio, para ter a posse do
petróleo, gás e de minérios estratégicos.
Na outra
ponta, as potências capitalistas realizam acordos e tratados comerciais,
visando a enfraquecer concorrentes e redividir os mercados, como fica claro,
nos acordos dos EUA com a União Europeia para formar uma área de livre comércio
e com o Japão no Pacífico, procurando isolar a China; da França com a Alemanha
na Europa, ou com os acordos comerciais e investimentos da China na África e na
América Latina.
São ainda
características da crise, além da destruição de empregos, elevação do preço dos
alimentos e do custo de vida e o empobrecimento das massas, o enriquecimento da
grande burguesia mundial, em particular da alemã e da norte-americana, o
surgimento de um reduzidíssimo número de milionários na China e o aumento das
intervenções militares e guerras para saquear nações e controlar suas riquezas.
Em resposta
a essa situação, os trabalhadores e a juventude organizam greves gerais,
enfrentam os governos e seus aparelhos de repressão e promovem protestos e
lutas. Os levantes populares na Tunísia, Egito, e em outros países da África;
as greves gerais na Europa, a revolta de junho em nosso país, etc., são
exemplos claros dessa tendência. Também, em função das medidas econômicas
adotadas pelos governos burgueses em favor de bancos e monopólios, cresce o
descrédito das massas no Estado burguês e em suas instituições, como Parlamento,
União Europeia, FMI, OMC e ONU.
Com sua base
social cada vez mais reduzida, os governos burgueses ampliam os gastos militares
visando a enfrentar as revoltas populares e manter este carcomido sistema
econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção. O orçamento
militar dos Estados Unidos cresceu 90% nos últimos 13 anos. A Rússia, em 2011,
aumentou orçamento militar em 9,7% e a China elevou em 11,2% os gastos
militares no ano passado.
Em outras
palavras, os governos capitalistas aumentam a repressão sobre as massas,
criminalizam os protestos e os movimentos sociais e montam uma rede de
espionagem mundial na telefonia e na internet, violando as mais elementares
liberdades democráticas.
O fato é
que, neste século 21, temos um aumento extraordinário das guerras e
intervenções militares imperialistas, como no Mali, Afeganistão, Iraque, Líbia,
Síria e Haiti, e, em outros países ocorre um processo de fascistização dos
governos com a supressão de vários direitos democráticos, comprovando, como
afirmou Lênin em sua obra O Imperialismo,
fase final do capitalismo, que este sistema, em sua fase imperialista,
tende para a violência e o autoritarismo.
Em síntese,
o plano da burguesia mundial é resolver a crise, aprofundando a exploração das
massas trabalhadoras, invadindo países, dominando povos e se apoderando, por
meio de guerras, das riquezas naturais e dos mercados para garantir uma nova
partilha do mundo e a escravização de bilhões de pessoas por um minoria de
exploradores capitalistas.
Portanto,
diferente do que prometeu a burguesia mundial, o século 21 não é o século da
paz nem da harmonia entre capital e trabalho. Pelo contrário, em vez do “estado
do bem-estar social”, temos crises econômicas, fome, ampliação do comércio de
drogas e da prostituição, e o acirramento da luta de classes em todos os
continentes.
Ingressamos
em um novo período de confrontos entre as classes, caracterizado, de um lado,
pelo aumento da exploração dos trabalhadores, uma enorme destruição das forças
produtivas, e o desencadeamento de novas guerras imperialistas e, de outro
lado, pela resistência das massas exploradas e por um impressionante avanço das
greves operárias e das lutas da juventude e demais oprimidos.
Os próximos
anos serão, assim, anos de uma acirrada disputa por mercados e pelas riquezas
naturais, como petróleo, minérios, pela água, e de grandes enfrentamentos entre
as classes.
Porém, como
afirma a Conferência Internacional de Partidos e Organizações
Marxista-Leninistas (CIPOML), “os resultados da crise econômica capitalista
dependerão das forças políticas atuantes e da sua inteligência para aproveitar
a conjuntura. De uma crise econômica e uma guerra mundial surgiu a primeira
revolução socialista, a de outubro de 1917 na Rússia, mas também, de uma grande
crise econômica surgiu o fascismo alemão, o nazismo, encabeçado por Hitler.
Quer dizer, a crise pode contribuir para a revolução, se existir uma força
política com influência nas massas e capacidade para desenvolver os movimentos
táticos que permitam derrubar os governos burgueses e pró-imperialistas”.
Portanto,
caminhamos para duros combates entre os exploradores e explorados. As potências
imperialistas não vacilarão e não têm vacilado em tudo fazer para salvar seu
injusto sistema econômico e político e para que as riquezas continuem nas mãos
de uma ínfima minoria, da oligarquia financeira internacional e seus sócios,
embora isso signifique crianças morrendo de fome, milhões de operários
desempregados, famílias vivendo sem casa, mais guerras e destruição do
meio-ambiente.
Com efeito,
a classe capitalista nunca ficou de braços cruzados vendo sua riqueza derreter,
sempre agiu para proteger o lucro, a acumulação capitalista e a reprodução do
capital. Não importa o que tenha que fazer nem quantas guerras tenha que
realizar. Mas é verdade também que, por toda parte, avança a luta por uma vida
nova, para libertar a humanidade das guerras, da exploração do capital e a
perspectiva da revolução e do socialismo torna-se a cada dia mais concreta.
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