Em momento difícil para mim, devido ao falecimento de uma querida irmã, Jorge Vital de Brito Moreira envia para Novas Pensatas esta oportuna postagem sobre um assunto polêmico.No dia 4 de Junho de 2014, os Rolling Stones realizaram pela primeira vez um concerto em Tel-Aviv, Israel. O concerto dos Stones, no entanto, foi interpretado por muitos seguidores não apenas como uma falta de solidariedade para com o povo palestino mas como falta de respeito contra o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que tem tido o apoio de diversos artistas internacionais.Não foi por falta de conhecimento (ou por falta de aviso) da terrível condição humana em que vive o povo palestino. No mês passado, por exemplo, o contrabaixista Roger Waters (1) e o baterista Nick Mason, líderes do extraordinário grupo musical Pink Floyd, publicaram uma carta aberta dirigida à banda de Mick Jagger e Keith Richards, pedindo que eles não tocassem suas músicas no país acusado de cometer apartheid contra o povo palestino: “Pedimos a vocês, colegas artistas, que se perguntem o que vocês fariam caso fossem forçados a viver sob regras militares e leis discriminatórias durante décadas”, dizia um trecho da carta (... we encourage you, fellow artists, to ask yourselves what you would do if forced to live under military rule and discriminatory laws for decades) (2).
É surpreendente que os Rolling
Stones ignorem o trabalho por parte da resistência internacional aos crimes
de guerra do Estado de Israel contra o povo palestino (apartheid, limpeza
étnica, invasão e roubo de terra, entre outros crimes), e tenha viajado para
realizar o show musical naquele país. Naturalmente muito fãs da banda musical
continuam indignados e decepcionados diante desta condenável ação dos Stones.
Olhando
para o passado recente, o concerto no país Israelita também aparece como uma
grave contradição ideológica-política dos Stones, pois, em 2004, eles compuseram
uma música de rock intitulada "Sweet Neo Con" (3) contra o grupo de
ultradireita, os Neo Conservadores (The New Conservatives =The Neo Cons) dos
EUA: um grupo formado principalmente por políticos e intelectuais de origem
judia e orientação sionista (4).
Assim,
muitos dos seus seguidores perguntam surpresos e indignados: como é possível que
os Rolling Stones sejam, em 2014,
capazes de ignorar a própria posição política anterior (que tinham quando
escreveram o rock "Sweet Neo Con") para realizar um concerto num
país hegemonizado por
Neo-conservadores e sionistas?
Foi
devido ao conhecimento da importância e da influência cultural e ideológica
da música “Sweet Neo Con” que uma parte significativa dos fãs dos Rolling
Stones no mundo ocidental e os membros da banda Pink Floyd, reagiram contra a
ação contraditória e inconsistente da banda de Mick Jagger.
Em resumo, a falta de solidariedade com o povo palestino, e a falta de respeito contra o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) por parte dos Rolling Stones é uma tendência ideológica inteiramente retrograda e uma ação político-cultural completamente condenável que não deveria receber nenhuma justificativa ética ou estética no sentido de legitimar e justificar politicamente tão indignante prática musico-cultural por parte dos Rolling Stones.
1) Previamente, Roger
Waters fez um discurso diante dos delegados no Dia Internacional de
Solidariedade com o Povo Palestino, pois esse dia marcava um importante
desenvolvimento no projeto dos palestinos de serem reconhecidos como um
Estado observador não-membro da ONU.
Atualmente sabemos que o
contrabaixista do Pink Floyd, Roger Waters também tem se destacado como um
importante ativista cultural e político do tribunal criado pelo filosofo
Bertrand Russell (O Tribunal Russell) para lutar pela defesa dos povos
oprimidos pelo imperialismo americano e judeu. Assim, no dia 29 de novembro
de 2012, Waters, falando em nome do Tribunal Russell, denunciou na ONU, os
crimes contra a humanidade (apartheid e limpeza ética) do Estado de Israel
contra o povo palestino.
2) O conteúdo integral da carta de Rogers e Mason, intitulada “Pink Floyd’s Roger Waters and Nick Mason: Why Rolling Stones shouldn’t play in Israel” pode ser encontrado na revista americana Salon no link:
3) A música “Sweet Neo Con” está na 13 faixa do disco Bigger Bang, o
último álbum de músicas inéditas gravadas em estúdio pela banda britânica The Rolling Stones, que foi lançado pela Virgin
Records em setembro de 2005.
4) O Neoconservadorismo é um
movimento político-ideológico de
ultradireita que nasceu durante os
anos 1960 nos EUA que chegou à fama política durante
as administrações presidenciais
republicanas do recente passado e
atingiu o clímax de sua influência
durante a presidência de George W.
Bush.
Entre os mais proeminentes neoconservadores da administração de G.W.
Bush, se encontram nos EUA, o ex-vice presidente
Dick Cheney, o ex-secretário da defesa, Donald Rumsfeld, o ex-subsecretario
israelita Paul Wolfowitz e
outros judeus extremistas de direita tais como, Elliott
Abrams, Richard Perle, além de John Bolton e Paul Bremer. Como sabemos,
os New Cons, baseado em falsas alegações, graves mentiras e
massiva mistificação, desempenharam um papel
fundamental na promoção da abominável invasão e a guerra do EUA contra o povo do Iraque.
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Este blogue é uma miscelânea de pensamentos sobre os mais variados assuntos. Tem recuerdos, críticas variadas, abordagens da situação política e social no Brasil e no mundo, pensamentos diversos, contos, lixo cultural. Tudo sem sequência e sem compromisso de continuidade.
sexta-feira, 13 de junho de 2014
O Concerto Musical dos Rolling Stones no País do Apartheid
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