domingo, 25 de janeiro de 2015

Pensatas de domingo. Maduro pede que “guerra econômica” contra o Governo seja investigada


O governo da Venezuela comemorou o 57º aniversário da queda da última ditadura, a do general Marcos Pérez Jiménez, anunciando medidas para enfrentar a escassez e o desabastecimento que assolam o país.
O ato, encabeçado pelo próprio Nicolas Maduro, parece ter tido o objetivo de unir o eleitorado chavista mais fiel. Durante seu discurso, o governante venezuelano pediu ao presidente da Assembleia Nacional e homem número dois do regime, Diosdado Cabello, que iniciasse na próxima sessão do Parlamento, prevista para a terça-feira, uma averiguação sobre o que o relato oficial denomina “guerra econômica”. O Governo diz enfrentar uma conspiração empresarial que procura derrubá-lo e que consiste em esconder os alimentos e insumos básicos para provocar o caos.
Foi a estratégia escolhida para explicar ao país por que as prateleiras estão vazias.O chavismo evita mencionar os argumentos dos empresários, que decidiram não produzir para ter prejuízo, já que na Venezuela os preços da maioria dos produtos mais demandados estão regulados pelo Estado, e trabalham com os poucos dólares que o Governo disponibiliza. O colapso do controle de divisas, vigente desde 2003, convertido em um foco de corrupção e pelo qual já foram roubados, segundo cifras oficiais, ao redor de 25 bilhões de dólares (64,5 bilhões de reais), e a queda do preço do petróleo fizeram com o setor privado não recebesse a grande quantidade de moeda estadumidense, como nos tempos do falecido Hugo Chávez.
Maduro anunciou que na última quinta-feira o vice-presidente Jorge Arreaza se reuniu com 70 distribuidoras do país para que assinassem um documento mediante o qual se comprometiam a regularizar a distribuição de produtos. “É o último chamado que faço para que respeitem o povo. Não quero proceder da maneira mais drástica”, disse o chefe de Estado para seus seguidores reunidos na praça O'Leary, no centro de Caracas. E mais adiante, afirmou: “Quando tiver que tomar medidas duras, preciso do apoio das pessoas nas ruas, que não haja vacilos, que não haja dúvidas. Contem comigo que vou até o fim. Vamos derrotar a guerra econômica. Tremam, oligarcas.”
A fina linha entre monopólio e estoque é o novo motivo de enfrentamento entre empresários e o regime, e deu argumentos para a posição do governo. Este ano houve intervenção em uma fábrica processadora de leite, a Zuly Milk, que guardava 160 toneladas de matéria-prima para produzir um bem escasso nestes dias, e uma distribuidora, a Herrera, que armazenava produtos prontos para consumo. Os dois procedimentos, amplamente divulgados pelos meios oficiais, reforçam entre o chavismo a ideia de que a burguesia esconde os alimentos exigidos pelo povo.
Durante o discurso de Maduro foi impossível não se lembrar das bravatas do finado Chávez. De muitas maneiras, ele esteve presente: no início do ato, no hino nacional emanado de sua inconfundível voz forte e reproduzida através dos alto-falantes; nas constantes alusões feitas por seu sucessor a seu legado e que pareciam sugerir que jamais se desviaria do caminho ao socialismo de inspiração cubana contido no Plano da Pátria, o programa de governo para o período de 2013 a 2019. E também nas desqualificações: “Esses são os traidores da pátria. A oligarquia parasita e traidora da Venezuela. A oligarquia não pode voltar nunca mais ao poder político, não importa o que acontecer. O povo deve ser o poder, só o povo.”
Maduro se encarregou de dar uma hostil mensagem de boas-vindas: “Quero dizer a eles que podem entrar no país, mas deve ficar claro que eles estão apoiando um grupo de extrema-direita que não reconhece o governo.” E finalizou: “Damos as boas-vindas e afirmamos que o povo os repudia e rechaça. Eles se transformaram em um clube de presidentes vagabundos que recebem dinheiro sujo para vir apoiar um golpe de Estado.”


Um comentário:

Joelma disse...

Maduro, aos poucos AMADURECE!