Jorge Vital
de Brito Moreira
Querido leitor,
Você me
pergunta se tenho realizado uma análise recente sobre as últimas e alarmantes
notícias dentro dos Estados Unidos da América (EUA): sobre os atuais massacres
humanos, sobre as crises das drogas e dos opioides, sobre as recentes denúncias
de violação e abusos sexuais contra os jovens (mulheres e homens)
estadunidenses por parte de membros ricos e poderosos ligados a Hollywood, ao
governo estadunidense e à mídia corporativa e qual é a relação entre todos
esses fenômenos e o aumento da doença mental conhecida pelo nome de Transtorno
de estresse pós-traumático (TEPT) e sua conexão com a luta de classes nos EUA.
O Transtorno
de estresse pós-traumático (TEPT), tem
sido associada a uma multiplicidade de eventos traumáticos de vários tipos,
principalmente com as tragédias e catástrofes provocadas pela mão e obra dos
seres humanos e as tragédias e catástrofes provocados pelos fenômenos naturais.
Entre as
tragédias e catástrofes provocadas por mão e obra dos seres humanos se
encontram as guerras, os assassinatos, as torturas, o terrorismo, os
sequestros, as agressões físicas violentas, as várias formas de abuso sexual e
as diferentes formas de abuso psicológico ou emocional, como o acosso laboral (mobbing)
e o acosso escolar (bullying). Voltarei as tragédias e catástrofes
provocadas pelos seres humanos um pouco mais adiante.
Neste
momento gostaria de mencionar que entre as catástrofes naturais se encontram os
terremotos, os tsunamis, os furacões, as erupções vulcânicas, os deslizamentos
de terra, as inundações, etc. Como muitos já sabem, as mais célebres
catástrofes naturais que se abateram recentemente sobre os EUA, foram o furacão
Katrina, o furacão Irma e o furacão Maria.
O furacão
Katrina do mês de agosto de 2005 foi um ciclone tropical extremamente
destrutivo e mortal que foi um dos desastres naturais mais caros e um dos cinco
furacões mais mortíferos na história dos Estados Unidos mas a administração
republicana de George W. Bush [supremacista, racista, militarista e notável
defensora dos interesses da camada mais rica e mais poderosa do país (menos de
1% dos estadunidenses) fez muito pouco ou quase nada para defender parte
da população daquela área destruída que era predominantemente povoada por
afroamericanos, ou seja gente pobre e discriminada. Em seu lugar,
George W. Bush preferiu continuar financiando as guerras contra o Iraque
e o Afeganistão, para destruir a infraestrutura e a população civil daquelas
nações invadidas e torturadas pelas tropas dos EUA.
O terrível furacão
Irma de agosto de 2017 causou danos generalizados e catastróficos ao longo
de seu percurso, particularmente nas partes do nordeste do Caribe e na Florida
Keys mas a administração do atual presidente Donald Trump [supremacista,
racista, militarista e notável defensora dos interesses da camada mais rica e
mais poderosa do pais (menos de 1% dos estadunidenses) também fez muito
pouco para ajudar a população pobre vítima daquele desastre supostamente
natural.
O assombroso
furacão Maria de setembro de 2017, que classificado dentro da categoria
5, atingiu a ilha de Puerto Rico causando danos devastadores em vidas humanas e
em bens materiais para a população da ilha (a rede elétrica da ilha, por
exemplo, foi em grande parte destruída, e a reparação levará meses para
completar, provocando a maior queda de energia na história americana.
Apesar dos
resultados catastróficos e trágicos para a população da sua colônia
porto-riquenha, o governo do presidente Donald Trump se negou a ajudar
devidamente (financeira e materialmente) a população
predominantemente latinoamericana da ilha. Em seu lugar, Donald Trump preferiu
aumentar o pressuposto militar para continuar financiando as guerras contra a
população do Oriente Médio e para continuar suas ameaças de deflagrar a
terceira guerra nuclear contra a Coreia do Norte.
Entre as
tragédias e catástrofes recentes provocadas pela mão e obra de cidadãos
estadunidenses, dentro EUA, se encontram o assassinato massivo na boate
de Orlando, no estado da Flórida, em 2016, e o extermínio na cidade de
Las Vegas, no estado de Nevada, em 2017.
O
assassinato em massa na boate de Orlando, sucedido em 12 de junho de
2016, foi realizado por Omar Mateen, um guarda de segurança de 29 anos, que
matou 49 pessoas e feriu outras 58 pessoas em um ataque escalofriante dentro da
boate Pulse, uma boate gay que celebrava uma "Noite latina" e,
portanto, a maioria das vítimas eram latinos. É o incidente mais mortal de
violência contra os povos LGBT na história dos EUA. Na época, foi considerado o
tiroteio mais mortal por um único atirador nos EUA, sendo superado apenas no
ano seguinte pelo de Las Vegas.
O
assassinato massivo na cidade de Las Vegas, sucedido na noite de 1 de outubro
de 2017, foi realizado por Stephen Paddock de 64 anos, um atirador que abriu
fogo contra uma multidão de 22 mil espectadores no festival de música “Route
91 Harvest” no Las Vegas Strip, deixando 58 pessoas mortas e 546
feridas. Naquela noite, Stephen Paddock disparou centenas de balas desde
sua suíte no 32º andar do hotel vizinho, Mandalay Bay. Este
assassinato massivo foi o mais mortal cometido por um indivíduo nos Estados
Unidos.
Os
assassinatos e tragédias massivas na boate de Orlando e na cidade de Las Vegas
reativaram o debate sobre as leis de armas nos EUA mas como sempre, até hoje,
infelizmente para os familiares das vítimas e da maioria da população, não
apareceu por parte da presidência, do senado, da câmara de representantes deste
país, nenhuma resposta legalmente apropriada e satisfatória para tratar de
invalidar a propriedade individual e privada de milhões de armas
mortíferas que são usadas diariamente contra a população estadunidense.
Quanto às
crises das drogas e dos opioides, recentemente, no dia 26 de outubro de 2017, o
presidente Donald Trump concordou com o relatório dos Centros de Controle e
Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention CDC),
um dos principais institutos nacionais de saúde pública dos Estados Unidos e
declarou a crise do opioides do país como uma "emergência de saúde
pública" no país. Já faz tempo que importantes sociólogos, psicólogos, e
médicos, analistas de saúde publica dos EUA, veem denunciando as
políticas do governo e das instituições médicas estadunidenses para as
companhias farmacêuticas dos EUA. Por exemplo, o notável sociólogo e
professor estadunidense, James Petras, recentemente denunciava a política
racista do ex presidente Barack Obama contra afroamericanos, pois, eles, quando
eram acusados de delitos não violentos relacionados com o uso de drogas
(traficantes e consumidores) tinham sido encarcerados a um ritmo muito maior
que os dos brancos, enquanto as gigantescas, poderosas, ricas elites
farmacêuticas e os médicos que prescrevem os narcóticos que estimulam a adição
com os opioides obtiveram benefícios (lucros econômicos) cada vez maiores, com
a total impunidade no governo de Obama (1).
Faz pouco
tempo, o jornal estadunidense, Democracy Now, publicou a seguinte
notícia: "O presidente Trump anunciou que está dirigindo o Departamento de
Saúde e Serviços Humanos para declarar a “crise dos opioides” como uma emergência
de saúde pública – mudando os seus planos, anunciado em agosto, de declarar a
“crise dos opiodes” como algo muito mais sério, como uma "emergência
nacional". Esta mudança significa que o governo federal não direcionará, a
partir de agora, novos fundos federais para enfrentar a crise dos opiáceos, que
já matou 64 mil americanos no ano passado"(2). E mais uma vez, os leitores
podem constatar que o presidente atual dos EUA (como o anterior) não é capaz de
compreender a principal contradição de sistema capitalista: sacrificar o
sistema de saúde pública estadounidense com o objetivo de continuar produzindo
uma gigantesca massa de lucros financeiros para as empresas farmacêuticas que
produzem opiáceos.
Quanto as
denúncias de acosso, abuso e violação sexual de jovens estadunidenses (mulheres
e homens) por parte de indivíduos pertencentes à classe social dos ricos e
poderosos na sociedade estadunidense, seria relativamente fácil fazer uma lista
abreviada de alguns casos recentes tanto do presente como do passado
registrando o nome das celebridades acusadas nestas denúncias. Começando por
Harvey Weinstein (o produtor de filmes e séries de televisão cujo poder e bons
contatos dentro e fora de Hollywood, contava com o apoio de aliados poderosos
pois doava grandes somas de dinheiro a políticos do Partido Democrata, tais
como Barack Obama e Hillary Clinton). Graças a essas credenciais
"progressistas", Harvey Weinstein conseguiu contratar a advogada Lisa
Bloom, conhecida por sua atividade a favor dos direitos das mulheres). Entre os
artistas de Hollywood, da indústria cinematográfica e discográfica (de hoje e
de ontem) se encontram Kevin Spacey, Bill Cosby, Al Franken, Michael
Jackson, Roman Polanski, Dustin Hoffman e outros. Entre os políticos destacados
se encontram os ex presidentes George Bush (o pai) e Bill Clinton, o senador
pelo estado de Alabama, Roy Moore (acusado por nove mulheres de abusar
sexualmente delas quando eram menores de idade).
Entre as grandes figuras da mídia corporativa estadunidense se encontram
o ex executivo da Fox News Channel, Roger Ailes, os apresentadores Charlie
Rose, Bill O'Reilly e outros. Os casos de acosso, abuso e violação sexual
também teem sido denunciados em quase todos os espaços de poder de inúmeras
instituições estadunidenses, principalmente entre os membros da igreja católica
de Boston e das forças armadas dos EUA.
Assim, as
recentes denúncias de acosso, abuso e violação sexual de jovens (mulheres e
homens) por parte de indivíduos pertencentes à classe social dos ricos e
poderosos na sociedade estadunidense estão relacionadas predominantemente com a
crise e com a decadência dos valores éticos e morais dentro da sociedade
capitalista dos EUA e se manifesta por todos os níveis sócioeconômico culturais
podendo ser melhor observada através da relação entre a luta de classes e o
abuso do poder exercido pela elite estadunidense dominante sobre os indivíduos
de classes subalternas.
Por último,
gostaria de voltar a me referir as tragédias e as catástrofes provocadas
por mão e obra dos seres humanos onde podemos encontrar as guerras, os
assassinatos, as torturas e o terrorismo provocados pelo governo dos EUA e seus
aliados ocidentais (3) pois, do ponto de vista das tragédias provocadas por
obra dos seres humanos, nenhum país tem provocado maior número de tragédias
associadas à guerra, à tortura, ao assassinato e aos sequestros provocados
terrorismo ocidental na história humana como a provocada pelos EUA.
No artigo
"Natural and Manmade Disasters and Mental Health" ("Saúde Mental
e Desastres naturais e humanos”), os autores Satcher, Friel e Bell nos mostram,
através de uma grande riqueza de dados, quanto uma descrição e uma avaliação
equilibrada dos fatores que causam crises, traumatismos e Transtornos de
estresse pós-traumático (TEPT), incluindo
os desastres naturais e os desastres criados por seres humanos.
Entre os desastres
causados pelo homem, uma das causas mais notáveis dos traumatismos psíquicos é
a violência causada por guerras constantes sendo esta o pior fator na produção
de TEPT. A violência das guerras (criadas pelo governo dos Estados Unidos e
suas forças militares) contra outras nações e contra os seres humanos são o
fator principal que provoca o aumento da violência, do trauma e das crises fora
e dentro da sociedade dos EUA. Os autores também mostram que o TEPT tem sido
particularmente alto nas áreas que sofreram baixas e deslocamentos em massa. Os
autores afirmaram que "após anos de sanções econômicas e duas guerras,
cerca de 5 milhões de iraquianos passaram a sofrer ‘sintomas psicológicos
significativos’ e pelo menos 300.000 pessoas relataram ter ‘condições graves’
de saúde mental"(4).
Historicamente,
um dos eventos que mais contribuíram para aumentar o foco estadunidense nas
crises e nos desastres (na área da doença mental e TEPT) foi o tremendo
desastre causado pela participação e derrota dos EUA na Guerra do Vietnã. Desde
a Guerra do Vietnã, os desastres causados pelo homem aumentaram em proporção
gigantesca e a principal força que provoca esses grandes traumas humanos
continuam a ser as guerras intermináveis e o bombardeio de outros seres humanos
liderados pelas "superpoderes" internacionais liderados pelos EUA.
Desde as
bombas atômicas estadunidenses que destruíram as cidades e exterminaram a
população de Hiroshima e Nagasaki, o governo dos Estados Unidos e o Complexo
Militar Industrial teem sido a principal causa das catástrofes e das tragédias
no planeta Terra.
Ao longo do
período em que tenho vivido nos EUA, assisti ao bombardeio estadunidense na
primeira Guerra do Golfo da administração Bush (o pai), assisti ao bombardeio
da administração Clinton sobre a Europa, assisti ao bombardeio do povo
iraquiano durante a Guerra do Iraque, assisti ao bombardeio do povo afegão
durante Guerra do Afeganistão, iniciada por George W. Bush (o filho) e depois
continuada pela Administração Obama com a sua Guerra de Drones (5) contra os
povos da África e do Oriente Médio (Líbia, Síria) cujo resultado mais notável é
a interminável produção de milhões de refugiados que circulam pela Ásia, África
e Europa.
Como se não
fosse suficiente, o atual presidente dos EUA, Donald Trump (um milionário
supremacista, racista e militarista) nos está ameaçando de começar uma nova
guerra (uma guerra nuclear) contra a Coreia do Norte: a terceira e última
guerra onde não haverá vencedores nem vencidos para contar a história da
barbárie capitalista imperialista: a história da ascensão, da queda e do
extermínio da civilização ocidental e cristã do nosso planeta terra.
1) Vejam a entrevista do professor James Petras
“Obama tiene el récord de expulsión de inmigrantes en toda la Historia de
EE.UU.” no link: http://www.globalresearch.ca/obama-tiene-el-record-de-expulsion-de-inmigrantes-en-toda-la-historia-de-ee-uu/5563686
2) Democracy Now (Oct 27,
2017). “Trump Declares Opioids a Public Health Emergency But Dedicates No New
Funds to Crisis” Retrieved from: https://www.democracynow.org/2017/10/27/headlines/trump_declares_opioids_a_public_health_emergency_but_dedicates_no_new_funds_to_crisis
3) Chomsky, Noam and
Vitchek, A. (2013). On Western Terrorism: From Hiroshima to DroneWarfare.
London: Pluto Press.
4) Satcher, D., Friel, S.,
& Bell, R. (2007). Natural and Manmade Disasters and Mental health. JAMA:
The Journal of the American Medical Association, 298(21), 2540–2542.
5) Ver a nota 3.
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