O presidente Michel Temer nomeou o delegado Fernando Segóvia como o novo diretor-geral da Polícia Federal para o lugar de Leandro Daiello. O nome é uma escolha do Palácio do Planalto. Ao Ministério da Justiça, a quem a Polícia Federal é subordinada, coube apenas a confirmação.
Torquato Jardim é amigo pessoal
do presidente há mais de 30 anos, mas, nesse caso, Michel Temer preferiu ouvir
outros aliados e desconsiderou a indicação de Torquato, que sugeriu o nome do
delegado Rogério Galloro, o número dois na hierarquia da Polícia Federal. Em
nota, o ministério comunicou que o presidente Michel Temer escolheu nomear o
delegado Fernando Segóvia como novo diretor-geral da Polícia Federal. O
ministro da Justiça expressou ao delegado Leandro Daiello seu agradecimento
pessoal e institucional “pela competente e admirável administração da Polícia
Federal nos últimos seis anos e dez meses”.
Interlocutores que acompanharam
as negociações confirmaram que Temer escolheu Segóvia por indicação do ministro
da Casa Civil, Eliseu Padilha, do ex-deputado e
atual ministro do Tribunal de Contas da União Augusto Nardes e do ex-senador
José Sarney. Padilha é alvo de três inquéritos no Supremo, dois ligados à Lava
Jato por suposto recebimento de propina delatado por executivos da Odebrecht. Sarney é alvo de dois inquéritos ligados à
Lava Jato.
Reservadamente, delegados dizem
que Segóvia é ligado ao grupo político de José Sarney e que a aproximação
ocorreu quando ele foi superintendente da Polícia Federal no Maranhão, em 2008.
No sábado (4), o aliado Sarney esteve com Temer no Palácio do Jaburu. Aliados
do presidente vinham pressionando pela mudança na direção da PF. Torquato
Jardim chegou a dar declarações em setembro para confirmar que o delegado
Leandro Daiello estava mantido no cargo, mas não dizia até quando. O ministro
perdeu força na indicação após a repercussão negativa das declarações de que o
governo do Rio, também do PMDB de Temer, não controla a Polícia Militar e que o
comando da corporação estaria associado ao crime organizado.
Nesta quarta-feira (8), o
ministro da Justiça levou o delegado Fernando Segóvia para um encontro com
Temer, quando o convite a Segóvia foi oficializado. Internamente, a troca do
comando da PF já era esperada após a votação da segunda denúncia contra o
presidente, barrada pela Câmara. De forma reservada, delegados reagiram com
surpresa ao nome do novo diretor-geral. Achavam que ele não era o mais cotado e
disseram que a escolha sinaliza uma mudança brusca no grupo que atuará na
cúpula da PF. Segóvia não é ligado ao antecessor, Leandro Daiello. A mudança no
comando da PF foi assunto no Congresso. O senador Randolfe Rodrigues, da Rede,
viu a troca com desconfiança. “Eu espero que ele dê continuidade ao trabalho do
seu antecessor. Continue apoiando indistintamente todas as ações, notadamente
da Operação Lava Jato e de outras operações, que são um marco importante no
combate à corrupção no país. À essa altura, uma mudança de comando na Polícia
Federal, eu considero temerosa e eu considero que pode ameaçar a autonomia da
atuação da Polícia Federal”, disse o senador.
Ao que tudo indica, a
desconfiança de Randolfo procede... e este é mais um golpe do sinistro Michel
Temer!
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