domingo, 27 de maio de 2012

Pensatas dominicais e o socialismo permitido


Quando Barack Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos, em meio àquela onda de euforia generalizada, publiquei algumas postagens alertando que tudo aquilo não passava de uma grande ilusão, que ele ia fazer um governo tão reacionário quanto o de seus antecessores, etc e etc. Alguem ainda duvida disso? Em alguns aspectos ele foi alem disso e conseguiu ser pior até do que Bush II.
Surpreendente para mim foi o fato de um afro descendente conseguir vencer aquela eleição, num país profundamente retrógrado e racista.
Agora é a vez de François Hollande, socialista (leia-se social democrata) que se elegeu presidente da França. Há um exagerado e inexplicável otimismo pelo fato dele ter saído vitorioso na disputa. Já até comentei aqui que seu governo não será tão “diferente” quanto imaginam alguns; ou seriam muitos? E que, na realidade, limitar-se-á à “assistência social”, característica de seu partido ao longo de grande parte do século passado.
Quando alardeiam por aí que a “esquerda” ganhou as eleições na França, resta saber o que consideram esquerda. Existe uma --permitida pelo sistema-- que sem dúvida nenhuma não tem nada a ver com o real significado da palavra. É apenas o embuste usado para enganar otários... E como existem otários! Exemplo de como a grande mídia oficial consegue através da mentira institucionalizada repetir uma mentira mil vezes e tentar transformá-la em verdade!
A social democracia surgiu no seio da II Internacional, ainda no século XIX. E, apesar de correntes de esquerda sempre terem tido expressão no seu todo ao longo do tempo [como os  espartaquistas na Alemanha ou os bolcheviques na Rússia], com o passar das décadas foi-se inclinando cada vez mais para a direita, rebatizando-se como Internacional Socialista, e, na segunda metade do século 20 abandonou completa e oficialmente suas ligações e compromissos com o pensamento marxista. Obviamente porque já não dava mesmo, pois desde o início do século, setores dos partidos que a compunham alinhavam-se mais e mais à burguesia.
Na I Grande Guerra, alguns dessas correntes defenderam o apoio do proletariado a seus países no conflito em uma clara manifestação de “social chauvinismo”. Com o advento da revolução soviética, tornaram-se os principais instrumentos das reformas sociais do sistema com a finalidade de enfrentar o perigo da “bolchevização” da luta de classes. Em essência, passaram a ser a direita com uma fachada de esquerda. Conseguiram até alguns “feitos” na Europa, mais especificamente na Inglaterra e nos países escandinavos em que se “estatizaram” a saúde, a educação e os transportes. Mas nunca, em hipótese alguma ameaçaram o sistema capitalista nem sequer cogitaram substitui-lo por algum outro caminho.
Mas voltando a Hollande, é claro que tomará medidas demagógicas e de cunho espalhafatoso que aparentem uma posição esquerdista. Foi o caso do anúncio da retirada de 2.000 soldados das tropas francesas no Afeganistão até o final do ano. Mas é importante lembrar que a França ainda é a terceira força de ocupação estrangeira daquele país.

4 comentários:

André Setaro disse...

Praticamente não existem mais nações, mas um poder comandado pelas grandes corporações internacionais. Como de hábito, considerações pontuais e pertinentes. O que reclamo é das postagens bissextas. Bom domingo, se isso for possível.

Simey Lopes disse...

Ensinamentos de Hitler : "invente uma mentira, simplifique-a, e repita-a com convicção mil vezes, e todos pensaram que é verdade."

. . . acredito que existem bons alunos.

Jonga Olivieri disse...

É André. Ando sem tempo, sem inspiração e sem motivação para escrever. Daí... Postagens mais esparças.

Jonga Olivieri disse...

Frase atribuida a joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler.