Jorge
Vital de Brito Moreira
A semana
passada, o Departamento do Trabalho dos EUA, anunciou que a economia
estadunidense criou apenas 69.000 empregos no mês de maio e a taxa de
desemprego subiu para 8,2 por cento. A noticia tirou o sono daqueles que acreditavam
que os EUA tinham saído da crise econômica ou estavam no caminho certo para a
total recuperação econômica.
Para
aumentar o desconcerto das pessoas por aqui, a UNICEF informou esta semana que
a taxa de pobreza infantil nos EUA está entre as piores do mundo desenvolvido.
Segundo a UNICEF, dos 35 países ricos, só a Romênia tem uma taxa de pobreza
infantil maior que a dos EUA.
Enquanto
a situação dos trabalhadores e das crianças vai de mal a pior, o presidente
Barack Obama e o atual prefeito da cidade de Chicago, o sionista Rahm Emanuel (amigo
e ex-chefe de gabinete do Presidente Obama) organizaram e patrocinaram a reunião de cúpula da OTAN, realizada nos
dias 20 e 21 de maio, naquela cidade com o dinheiro público.
Mas a
reunião de cúpula da OTAN foi contestada pelas manifestações de milhares de
pessoas contra esta organização, contra a administração de Barack Obama, contra
as guerras no Afeganistão e a guerra do Iraque; e contra as guerras nos países
do Médio Oriente e da Ásia. Entre as
manifestações, destacou-se a marcha que
foi liderada conjuntamente por Membros Afegãos para a Paz e Veteranos
do Iraque Contra a Guerra (IVAW). "Estamos aqui para protestar contra
a OTAN e para convidar todos os representantes da OTAN para acabar com essa
guerra desumana, ilegal e brutal contra o nosso país e nosso povo", disse
a liderança afegã na manifestação.
No
sábado, milhares de manifestantes marcharam até a residência do prefeito Rahm
Emanuel para demonstrar seu repúdio pelos cortes nos serviços sociais que ele
fez para financiar a gigantesca operação de segurança dos participantes da
reunião de cúpula da OTAN, entre outras coisas.
Apenas um dia antes, um grupo de enfermeiras conduziram uma
marcha no centro de Chicago para protestar contra medidas de austeridade.
Durante a marcha, os manifestantes gritavam:"Eles dizem ‘corte’, nós
dizemos vamos nos defender”.
Não é
necessário ser um expert em ciências
políticas ou econômicas para se dar conta da relação entre a guerra de classes deflagrada pelos ricos
contra os trabalhadores e a classe media dos EUA (e do mundo), e as suas
guerras externas, imperialistas (financiadas com o dinheiro público) para
beneficiar Israel, as corporações petroleiras, os gigantescos bancos dos EUA (e
Europa), e a indústria de armas de
destruição massiva da população dos países do terceiro mundo que estão sendo
bombardeadas sistematicamente pelas
forças dos EUA e da OTAN.
Assim, a
administração de Barack Obama tem recebido não somente o repúdio das marchas de
protesto, mas também de destacados professores, intelectuais e escritores
estadunidenses. Recentemente, o eminente professor canadense Michel
Chossudovsky, atual diretor do Global Research afirmou no seu artigo “Quem era Osama? Quem é
Obama? (publicado por em castelhano pelo periódico rebelion.org em 07/05/2012/)
que “o presidente Barack Obama é um mentiroso político e um criminoso de
guerra”.
A
decepção com o governo do presidente Obama, já tinha sido antecipada
pelo prestigiado escritor e filosofo negro Cornel West (professor da
Universidade de Princeton). Na entrevista concedida ao novo website Truthdig,
Cornel West afirmou (para o jornalista Chris Hedges) que o
presidente Barack Obama é "a
mascote preta dos oligarcas de Wall Street e a marioneta preta dos plutocratas
corporativos. E agora tornou-se o chefe da máquina americana de assassinar e está orgulhoso disso.” (... a black mascot of Wall Street oligarchs and a black puppet of
corporate plutocrats. And now he has become head of the American killing
machine and is proud of it.)
Naturalmente,
Cornel West sabe muito bem do que está falando, porque foi um dos mais
destacados nomes no apoio da candidatura de Obama. West recebeu a eleição de
Barack Obama com grandes expectativas; a de que Obama iria se concentrar no que
ele, West, considera a grande luta pelos direitos civis do século XXI: a
pobreza e a desigualdade econômica. Mas
nada disso, como sabemos, aconteceu. Neste sentido, Obama é a maior decepção da
política estadunidense.
Atualmente,
o diretor do filme “INSIDE JOB,
Charles Ferguson, lançou um novo livro
intitulado "Predator Nation:
Corporate Criminals, Political Corruption, and the Hijacking of America (“Nação
Predadora: criminosos corporativos, a corrupção política e o desvio de
América") onde analisa os documentos judiciais ligados à crise econômica
divulgados recentemente e se pergunta: Where Are the Criminal Prosecutions
for the Financial Crisis? (Onde estão
os processos criminais da crise financeira?)
Podemos
repetir a pergunta anterior com uma pequenissima variação: Where are the Criminal Prosecutions for War Crimes? (Onde estão os processos criminais dos crimes de
guerra?) para nos referirmos à escandalosa notícia de que os esforços
feitos pelo fundador da Wikileaks,
Julian Assange, para evitar a extradição para a Suécia recebeu um significativo
revés. A Suprema Corte da Grã-Bretanha (uma instituição submissa aos interesses
dos EUA) ratificou o mandado de prisão que foi emitido, injustamente contra
ele, em dezembro de 2010. A recente decisão contra Assange (fruto da votação de
5 a 2) foi emitida dois anos depois da prisão do soldado Bradley Manning, por
ter supostamente vazado milhares de documentos confidenciais do governo dos EUA
para Wikileaks.
Ambos os
casos (o de Assange e o de Manning) servem para demonstrar que cada dia que
passa existe menos justiça e menos legalidade nos EUA (supostamente “a maior
democracia do mundo”) e nos países desenvolvidos pois enquanto os justos que
descobrem e revelam a verdade são punidos,
os criminosos de guerra continuam livres para continuar cometendo seus
crimes impunemente.
Como se
sabe, Assange não foi formalmente acusado de cometer qualquer crime, e ainda
assim teve que se submeter à prisão domiciliária por um "mandato de
detenção europeu”. É importante ressaltar que o “mandato de detenção” com a
acusação de estupro, coerção ilegal e assédio sexual não foi emitido por um
juiz, mas por um procurador que quer questionar Assange na Suécia. Julian
Assange já se ofereceu para se reunir com as autoridades suecas na Embaixada da
Suécia em Londres ou na Scotland Yard,
mas a proposta foi rejeitada. Assange e seus defensores argumentam que o mandato
é parte da tentativa do governo dos EUA para prender Julian Assange e encerrar
as revelações e denuncias de Wikileaks. Muitos outros estão convencidos de que “o
mandato” é uma tentativa do governo dos EUA para castigar publicamente a
Assange pois em abril de 2010, Wikileaks divulgou um vídeo do exército
dos EUA (sob o nome "Assassinato Colateral"), que mostra como um
helicóptero Apache mata pelo menos 12 civis iraquianos, entre os quais um
cinegrafista da Reuters e o motorista.
Por seu
lado, o brilhante filosofo e linguista Noam Chomsky defende WikiLeaks acusando o presidente Obama
pelos assassinatos no Afeganistão e Paquistão com os aviões não tripulados (drones).
Nesta entrevista, Chomsky compara os crimes do presidente Obama com os do seu
antecessor George W. Bush, Noam Chomsky diz: “Existe uma diferença entre Bush e
Obama. Se a administração Bush não gostava de alguém, ele era sequestrado e
enviado para um centro de tortura; se a administração Obama não gosta de
alguém, ordena matar para não ter centros de tortura em todos os lugares.”
Para
fortalecer a imagem de Barack Obama como um governante totalitário desprovido,
como George W. Bush, de qualquer escrúpulo moral ou legal, o jornal The New York Times revelou esta semana
que o presidente Obama supervisiona pessoalmente uma "lista secreta de
assassinatos" que contém nomes e fotografias de indivíduos que devem ser
assassinados como parte da guerra com os drones
dos EUA. Segundo o jornal, Obama aprova pessoalmente cada assassinato seletivo
a ser efetuado no Iêmen, na Somália, assim como nas operações mais complexas ou
de risco no Paquistão. Entre os que têm seu nome na lista secreta encontram-se
cidadãos norte-americanos, assim como adolescentes do sexo feminino de apenas
17 anos de idade.
Glenn
Greenwald, advogado constitucional que escreve sobre política e leis para a revista
Salon.com afirma: "O presidente
dos EUA acredita que ele tem o poder de ordenar o assassinato de pessoas, em
absoluto sigilo, sem o devido processo, sem transparência e sem controle de
qualquer tipo.” "Eu realmente acredito que o poder do presidente hoje é,
literalmente, o mais radical que um governo e um presidente pode obter, e Obama
tem aumentado este poder agressivamente sem que até agora tenha sido motivo de
controvérsia”.
Mas os
questionamentos e as denuncias contra a administração atual não param de
crescer. Recentemente, Vijay Prashad, professor
de Estudos Internacionais (International Studies) no Trinity College in Hartford, Connecticut, EUA, preocupado com o aumento da propaganda
em favor de uma guerra contra o presidente da Síria, Bashar -al-Assad, tem
pedido a reavaliação do ataque da OTAN à Líbia.
Depois de
um ano do “levante” que derrubou o coronel Muammar al- Gaddafi na Líbia, há uma
preocupação crescente com as guerras da OTAN, pois a Líbia permanece altamente
fragmentada em regiões e facções. De acordo com dados recentes, existem mais de
500 exércitos de milícias em todo o país, que perpetram contínuas violações aos
direitos humanos que são similares àquelas realizadas durante o regime de al-Gaddafi. Assim, Vijay Prashad, escritor e jornalista
da destacada revista Counterpunch, se manifesta: "Existe a necessidade de
avaliar o que aconteceu na Líbia, como resultado não só das atrocidades
cometidas pelo governo al-Gaddafi no momento da rebelião, mas também, das
atrocidades que foram cometidas como resultado da natureza da intervenção da
OTAN”. "Acredito que realmente devemos questionar o uso e o abuso dos
direitos humanos como um lubrificante para a intervenção militar em outros
países.”
Por seu
lado, a Rússia se opõe à resolução da
ONU contra o presidente da Síria al-Assad. Nas Nações Unidas, a
Rússia se recusa a apoiar uma resolução do Conselho de Segurança apoiado pelos
Estados Unidos para exigir que o presidente Bashar al-Assad entregue o poder a um presidente delegado. De
acordo com a Associated Press, a
Rússia insiste em que nenhuma força estrangeira será usada no país. A Rússia
também acusa as nações ocidentais e as árabes (como Arábia Saudita) de colocar
a Síria na "estrada para uma guerra civil." A Rússia e a China também
tem acusado os Estados Unidos e outros países ocidentais de usar e abusar do
mandato da ONU para derrubar o ditador líbio Muammar al- Gaddafi
Gostaria
de concluir sintetizando o que disse anteriormente sobre um conjunto de
relações sociais, econômicas e políticas, a partir das ultimas informações e
noticias que circularam pela imprensa e TV do país e do mundo. Estas são informações que me parecem cruciais para
compreender as relações fundamentais entre a crise econômica capitalista, a
política de austeridade do governo, o desvio de dinheiro publico pelo Estado
totalitário para expandir as guerras imperialistas dos EUA e da OTAN aumentando
o desemprego e a pobreza infantil, piorando a qualidade de vida da classe
trabalhadora e da classe média.
Em
síntese, a política militarista totalitária do governo capitalista imperialista
de Barack Obama dos EUA tem sido a principal responsável pela continuação da
crise econômica e das guerras
intermináveis contra os países do terceiro mundo. Cada dia que passa, o desemprego,
a fome, a miséria e as guerras vão aumentando a probabilidade de uma hecatombe
nuclear e a ameaça de extinção da vida dos habitantes deste planeta. Para que?
Para continuar ampliando o domínio de Israel nos territórios árabes e os lucros
capitalistas das corporações do petróleo, das armas de guerra e dos grandes
bancos e instituições financeiras de EUA e Europa.
Desde
nosso ponto de vista, ao contrário da esperança hipócrita do guerreirista
Barack Obama, a única esperança a que devemos nos dedicar é àquela fundada na
luta de resistência dos movimentos políticos e sociais que combatem a injustiça
social e as desgraças materiais produzidas há séculos pelo capitalismo. Somente
movimentos políticos e sociais como os “Indignados” na Espanha, “Ocupemos Wall
Street” nos EUA (e outros similares) em aliança com a reorganização da classe
trabalhadora em bases anti-capitalistas e revolucionárias, serão capazes de
lutar para produzir as mudanças políticas imprescindíveis para estabelecer uma
sociedade feliz para a maioria da humanidade.
Um comentário:
De um posto privilegiado, o Professor Jorge Moreira, morando e trabalhando nos EUA, pode, com mais acuidade, demonstrar, em seus artigos, a farsa do capitalismo na Uti.
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