quarta-feira, 13 de junho de 2012

A verdadeira face da crise na Grécia


Li uma matéria no jornal “Outras Palavras” em que fica clara a atual crise na Grécia, seus desdobramentos e realidade. Resumo abaixo uma conclusão do seu raciocínio:

O que vem acontecendo na Grécia não é de maneira alguma um fato isolado, tem atingido vários outros países, como a grande imprensa muitas vezes procura insinuar, no intuito de minimizar os efeitos da crise profunda que o sistema capitalista como um todo está vivendo, a maior crise de sua história. Crise inerente a uma ordem socioeconômica fundada na propriedade privada e na busca do lucro como objetivo primordial.
A Grécia é hoje o palco onde ocorre, em escala reduzida, o desdobramento de uma crise mundial. Sua população foi colocada diante da alternativa de abandonar a moeda da zona monetária a que pertence, por não suportar os custos sociais inerentes à política que lhe está sendo exigida, como condição para renegociar sua dívida externa.
Essa dívida externa, que se tornou não pagável, foi constituída para estimular as exportações dos demais países da União Europeia para a Grécia, sob a cumplicidade dos bancos que a financiaram. Portanto, nada mais injusto do que atribuir inteiramente ao povo grego a culpa por não poder arcar com os elevados custos do endividamento, mormente num contexto em que o mercado internacional está em crise e a produção do país não se mostra capaz de competir externamente.
O caso da Grécia é apenas um exemplo do que pode vir a ocorrer com os países da América Latina, com a persistência da crise e o acúmulo de dívida externa junto aos grandes bancos que controlam as finanças internacionais.
Diante desse quadro caótico da economia internacional, faz todo sentido indagar-se até quando a humanidade vai suportar a existência da ordem social capitalista, na qual a busca incessante do lucro empresarial e da acumulação de riqueza privada conduz a crises tão destrutivas como a atual. Crise profunda, num contexto em que a abundância é perfeitamente realizável.
Tem sido crescente a resistência que a população vem manifestando para submeter-se ao plano de austeridade que a União Europeia, em articulação com o Fundo Monetário Internacional, negociou com o governo do país, como condição para rolagem de sua dívida externa em condições de perdão parcial do valor devido.
O impacto inicial da execução do plano, que implica fortes reduções nos gastos públicos, tem agravado sensivelmente a situação social do país, em decorrência dos cortes nos salários, dispensa de funcionários públicos e outras medidas de contenção, produzindo queda no nível da produção e aumento nas já elevadas taxas de desemprego.
Para os menos informados, fica a impressão de que o que vem ocorrendo na Grécia é um fenômeno localizado, fruto da inapetência de sua população para o trabalho e de seu governo para com a austeridade fiscal. A “grande” imprensa não tem se furtado a atribuir a esses fatores a causa principal das dificuldades gregas atuais.
Conclui-se que é necessária a criação de bodes expiatórios para que 1% continue empilhando riquezas, controlando produção e alimentando crises localizadas cada vez mais profundas como forma de acobertar as razões da crise sistêmica por que passa o capitalismo mundial. Agora, por exemplo, a bola da vez é a Espanha.

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