Li uma matéria no jornal “Outras
Palavras” em que fica clara a atual crise na Grécia, seus desdobramentos e
realidade. Resumo abaixo uma conclusão do seu raciocínio:
O
que vem acontecendo na Grécia não é de maneira alguma um fato isolado, tem
atingido vários outros países, como a grande imprensa muitas vezes procura
insinuar, no intuito de minimizar os efeitos da crise profunda que o sistema
capitalista como um todo está vivendo, a maior crise de sua história. Crise
inerente a uma ordem socioeconômica fundada na propriedade privada e na busca
do lucro como objetivo primordial.
A
Grécia é hoje o palco onde ocorre, em escala reduzida, o desdobramento de uma
crise mundial. Sua população foi colocada diante da alternativa de abandonar a
moeda da zona monetária a que pertence, por não suportar os custos sociais
inerentes à política que lhe está sendo exigida, como condição para renegociar
sua dívida externa.
Essa
dívida externa, que se tornou não pagável, foi constituída para estimular as
exportações dos demais países da União Europeia para a Grécia, sob a
cumplicidade dos bancos que a financiaram. Portanto, nada mais injusto do que
atribuir inteiramente ao povo grego a culpa por não poder arcar com os elevados
custos do endividamento, mormente num contexto em que o mercado internacional
está em crise e a produção do país não se mostra capaz de competir
externamente.
O
caso da Grécia é apenas um exemplo do que pode vir a ocorrer com os países da
América Latina, com a persistência da crise e o acúmulo de dívida externa junto
aos grandes bancos que controlam as finanças internacionais.
Diante
desse quadro caótico da economia internacional, faz todo sentido indagar-se até
quando a humanidade vai suportar a existência da ordem social capitalista, na
qual a busca incessante do lucro empresarial e da acumulação de riqueza privada
conduz a crises tão destrutivas como a atual. Crise profunda, num contexto em
que a abundância é perfeitamente realizável.
Tem
sido crescente a resistência que a população vem manifestando para submeter-se
ao plano de austeridade que a União Europeia, em articulação com o Fundo
Monetário Internacional, negociou com o governo do país, como condição para
rolagem de sua dívida externa em condições de perdão parcial do valor devido.
O
impacto inicial da execução do plano, que implica fortes reduções nos gastos
públicos, tem agravado sensivelmente a situação social do país, em decorrência
dos cortes nos salários, dispensa de funcionários públicos e outras medidas de
contenção, produzindo queda no nível da produção e aumento nas já elevadas
taxas de desemprego.
Para os menos informados, fica a impressão de que o que vem
ocorrendo na Grécia é um fenômeno localizado, fruto da inapetência de sua
população para o trabalho e de seu governo para com a austeridade fiscal. A
“grande” imprensa não tem se furtado a atribuir a esses fatores a causa
principal das dificuldades gregas atuais.
Conclui-se que é necessária a
criação de bodes expiatórios para que 1% continue empilhando riquezas,
controlando produção e alimentando crises localizadas cada vez mais profundas
como forma de acobertar as razões da crise sistêmica por que passa o
capitalismo mundial. Agora, por exemplo, a bola da vez é a Espanha.
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