segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A complexa situação síria

Charge de Latoff

Desde a antiguidade, a região compreendida entre a Península de Anatólia, a Turquia e a Península do Sinai já era denominada como Síria. O domínio deste território foi um objetivo constante das antigas civilizações egípcias, que consideravam aquela região como a porta de entrada de seu país, e para persas, que a viam como uma ponte para a ampliação de seu Império.
Num resumo de sua história mais recente, o domínio Otomano que se iniciou no século XVI, estendeu-se até o fim da I Grande Guerra, quando a França passou a administrá-la... O Emir Faisal foi proclamado rei como um desdobramento da “Revolta Árabe”. Na época, as intenções da França e do Império Britânico eram desconhecidas, mas, por meio do Acordo Sykes-Picot Paris e Londres haviam dividido o crescente fértil deixando a Síria e o Líbano sob controle e influência francesa, enquanto que o Império Britânico exerceria o seu sobre a Palestina, a Jordânia e o Iraque.
Em 1920, a França ocupou militarmente o país, forçando a retirada de Faisal. Dois meses depois, a Síria foi dividida em cinco Estados coloniais: Grande Líbano (que agregava outras regiões ao território do Pequeno Líbano), Damasco, Alepo, Djabal Druza e Latakia, sendo que os quatro últimos foram reunificados em 1924.
A Síria conseguiu a sua independência em 1946. Em 1948, entrou em guerra com Israel, saindo desta perdedora. Sofreu ainda numerosos golpes militares. Em 1958, uniu-se ao Egito e formou a República Árabe Unida República (R.A.U.), da qual separou-se depois do levante militar de 28 de setembro de 1961, convertendo-se em República Síria, e, depois da tomada de poder em 1963 pelo Partido Baath, “socialista” e nacionalista, que empreendeu uma série de profundas reformas sociais e econômicas, ficando constituída como República Popular da Síria em 1964.
Em 10 de junho de 2000, ocorreu a morte Hafez-al-Assad, que foi sucedido por seu filho, Bashar-al-Assad, que assumiu o cargo em julho. Em junho de 2001, a Síria completou a retirada de suas tropas de Beirute, um ano após a retirada das tropas israelenses do sul do Líbano.
A Síria é um dos elementos mais emblemáticos da região árabe, por ter guerreado com Israel, ter-se aliado e recebido armamentos da antiga União Soviética, por proteger o Líbano e por acobertar o Hezbollah, no Líbano e o Hamas no território árabe/palestino em plena guerra contra o “terror” (guerra estadunidense, diga-se de passagem).
Sendo assim, a Síria foi classificada pelos EUA como parte do “Eixo do Mal”, na gestão George W. Bush, em função do seu passado de resistência e de persistência contra as propostas (nada decentes) dos Estados Unidos e Israel para o Mundo Árabe.
Hoje, derrubar o regime da Síria para o Ocidente, principalmente EUA e seu cúmplice sionista (1) é enfraquecer o Irã, e minar as forças do Hamas e Hezbollah, ou seja, abrir caminhos para que os projetos e imposições do Ocidente sejam aceitos e a ampliação de poder  geopolítico seja feita. A Síria é hoje o foco nervoso da complexa região, e a mudança de seu governo não somente mudará o país, mas todo o balanço de poder da região, onde, em virtude disso dificilmente a supremacia estadunidense/israelense será abalada.
Um detalhe é que a crise na Libia deixou lições às forças imperialistas. Enquanto naquele país a intervenção foi direta através de bombardeios e tropas da Otan (2), desta feita estão apenas armando a oposição ao governo de Bashar-al-Assad. Mas as reais intenções de Israel e dos estadunidenses é atacar o Irã. E para tal, tratam de excluir do mapa todo e qualquer país que possa se aliar ao “inimigo” número um...
Em matéria de conflito real, os EUA e/ou Israel só admitem a guerra combinada de todos os países do Oriente Médio ao seu lado, contra a República Islâmica do Irã, tendo como objetivo final garantir o domínio e os preços do petróleo.

1. Ou o correto seria “os sionistas e seu cúmplice EUA”?

2. A situação da “oposição” na Libia era militarmente fraca e extremamente caótica porque dividida em tribos secularmente antagônicas o que gerou a necessidade inicial de bombardeios e a posterior invasão por tropas.

3 comentários:

Joelma disse...

Tem toda razão quando diz que "Em matéria de conflito real, os EUA e/ou Israel só admitem a guerra combinada de todos os países do Oriente Médio ao seu lado, contra a República Islâmica do Irã, tendo como objetivo final garantir o domínio e os preços do petróleo."
É isso mesmo!
Hitler rompeu o "pacto" com a URSS só para alcançar o petróleo.

Manuel Pinto disse...

O imperialismo neo-fascista de nossos tempos - compreenda-se Sionistas & Ianques - não vão sossegar enquanto não invadirem (de forma sangrenta) o Irã.
Esta é a pedra no calcanhar deles no momento.
Na primeira chance, catapuuuuuuum!!!

Anônimo disse...

Veja bem. A nota abaixo eu acabei de ler e copiei da Folha de hoje. Ela mostra o quanto Israel provoca uma situação de guerra, por enquanto "fria". Mas que não deve demorar muito a esquentar:

"O presidente de Israel, Shimon Peres, acusou nesta segunda-feira o Irã de ser o centro do terrorismo mundial, em visita oficial a Atenas.
Nos últimos anos, o governo do Estado judeu acusa o Irã de envolvimento em diversos atentados terroristas, envolvendo israelenses ou não.
No dia 23, Peres disse que Teerã está em "guerra aberta" contra Israel após acusar o governo do país persa de ter planejado o ataque contra turistas do Estado judaico na Bulgária, no dia 18".

Mais claro do que isso?
L.P.