Anna Malm (correspondente de Pátria Latina
na Europa).
Publicado na Tribuna na Internet na quarta-feira, 31 de outubro de 2012.
Publicado na Tribuna na Internet na quarta-feira, 31 de outubro de 2012.
”Tem
sido dito que Obama seria o menor de dois males a serem escolhidos na eleição
presidencial dos EUA mas para tirar quaisquer ilusões a respeito, Bill Van
Auken apresentou convincentemente em seu estudo muitos pontos importantes, dos
quais aqui apresentamos alguns que são centrais ao nosso ponto de vista.
Van
Auken ressaltou que assassinatos são orquestrados pela administração de Obama e
isso diretamente da Casa Branca, e que o que denominam por Matriz Disposicional
é um termo astuciosamente apresentado pelos conselheiros de Obama. Este termo
serviria então para descrever o sistema de codificação das torrentes de
informação a serem tratadas de forma dinâmica por sistemas computacionais
especializados para poderem por sua vez resultar em ordens de assassinatos
extrajudiciais dadas pelo presidente. Podemos acrescentar que é difícil de
acreditar mas que, ao que tudo indica, pura verdade.
Ressaltamos
aqui que há um macabro jogo de palavras em ação. O que normalmente chamamos de
assassinato é denominado pelos envolvidos nos Estados Unidos como por ex.
“disposições extrajudiciais”.
Van
Auken ressalta nesse contexto que a mídia institucional também se especializa
em apresentar a realidade sangrenta das guerras dos Estados Unidos de forma que
essas sejam percebidas de forma extremamente diluida e difusa. As reportagens
da mídia institucional referem-se, por ex. a aeronaves de controle remoto
embatendo em conjuntos de construções quase que anônimos, e outras afirmações
do gênero.
E A REALIDADE?
Este
tipo de linguagem serve o propósito de esconder a realidade das guerras
conduzidas pelos Estados Unidos, que só no Paquistão transformou em pedaços não
identificáveis muitos mil de civís inocentes, entre homens, mulheres e
crianças. Comunidades inteiras vivem então lá em estado de terror. Um número
incontado de civis inocentes tambem foram mortos, ou para ser mais precisa,
incinerados em Yemem e Somália da mesma forma através do tipo das bombas
lançadas. Isso também é assim, e isso sem sombras de dúvidas, em muitos outros
países que se encontram abaixo da mira dos EUA.
No
estudo que aqui apresentamos também se chamou a atenção para os que implementam
as decisões extrajudiciais mencionadas acima. Teríamos então uma combinação de
paramilitares da CIA e comandos militares do Pentágono, que teriam suas
operações fora do regime de comando normal, como encarregados dessas ações.
Tem-se
que se admitir não só baseando-se no que foi apresentado no estudo aqui
apresentado, mas tambem como em muitos outros estudos de peso, que o que está
se instalando nos Estados Unidos de hoje é um estado ditatorial sustentado pela
força das armas. Tendo-se em conta a atuação global dos Estados Unidos, toda a
cautela será pouca.
Infelizmente
o aspecto a ser discutido abaixo tem que ser colocado em relação ao todo acima
apresentado.
NA AMÉRICA LATINA
Andrei
Akulov em um estudo publicado recentemente ressalta que o ministro da Defesa
dos Estados Unidos, Leon Panetta, apresentou um novo conceito americano de
defesa para o nosso hemisfério a ser, em princípio, implementado nos próximos
dez anos.
A
declaração da política americana de defesa para o nosso hemisfério (de 10 de
outubro de 2012, a chamada “the Western
Hemisphere Defense Policy Statement”) mostra em detalhe como o guia de
defesa estratégica (de janeiro de 2012, o chamado “the Defense Strategic Guidance”) deverá formar a relação do
Ministério de Defesa dos EUA com a região da América Latina, e ao que
compreendi, também com os Caribenhos.
Na
oportunidade o ministro da Defesa, Leon Panetta, tinha então ressaltado a
oportunidade histórica de renovar e consolidar parcerias na região. A
declaração oficial, de onze páginas, descreve os objetivos principais da mesma
como:
a)
promover na região instituições de defesa nacional efetivas.
b)
desenvolver a integração e a interoperacionalidade entre as mesmas para que
possam agir contra ameaças compartilhadas.
c)
tendo o apresentado sido obtido, desenvolver instituições de defesa integrada,
assim como mecanismos para politicamente poder estabelecer concensus quanto a direção a ser tomada.
Esta
seria então uma declarada intenção de renovar laços militares com a América
Latina, depois de dez anos de afastamento relativo dado as guerras no Iraque e
no Afeganistão.
Tendo
mencionado assistência humanitária e socorro em situação de desastre, assim
como ressaltado as ações coletivas já assumidas pela nossa região junto a ONU o
ministro relevou que o interesse americano é o de trabalhar com os países que
desejem ajuda americana para desenvolver suas capacidades de defesa e
segurança, sendo que querem trabalhar em conjunto e não contra a vontade de
ninguém.
Como
dito, a declaração é longa sendo de onze páginas e também é assim que
conhecemos a nossa história de perto. A apresentação até pode ter sido
simpática mas há que ressaltar-se os riscos e as conhecidas artimanhas dos
envolvidos na implementação. Para começar há o aspecto das conhecidas
interferências com as manipulações informativas da mídia. Há também a USAID e
sua dúbia reputação em destabilizações de regimes legítimos, em um bom número
de países na América Latina e Caribenhos.
Sem
que se queira ofender ninguem que tenha vindo ou ainda queira vir com propostas
honestas há que se ressaltar que o tempo passou e que as coisas mudaram. O
Brasil de hoje, por ex. já não é o mesmo de 1964.
Há
agora organizações coletivas no nosso continente e Akulov ressalta entre elas a
União das Nações Sul Americanas, formada em 2008, que é uma organização de doze
países para defesa conjunta, desenvolvimento econômico e projetos de
infraestrutura.
Há
a Mercosul dentro de um sistema de mercado e alfândega comum há já 21 anos.
Há
a ALBA de 2004 que organiza esforços conjuntos no continente nas áreas de
saúde, educação, comunicação assim como na do sistema bancário, comercial e
econômico.
A
nossa CELAC –Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos mostra-se
como alternativa a OEA –Organização dos Estados Americanos. A CELAC tem uma
população de 600 milhões de habitantes, a ser comparada por ex. com a população
do Brasil de aproximadamente 194 milhões de habitantes, ou com a população dos
Estados Unidos de aproximadamente 313 milhões de habitantes.
Seiscentos
milhões de habitantes da CELAC significa muito em termos de potencial humano e
econômico e Akulov ressalta que sendo o produto nacional bruto –BNP da CELAC de
$6 triliões a CELAC é uma força de muito peso na arena internacional.”
9 comentários:
Quando ela se referena que o governo Obama somenre no Paquistão transformou em "pedacinhos não identificáveis" muitos milhares de civís inocentes a gente avalia que n naquele país não há mesmo diferença entre um governo republicano e um democrata.
Todos uns canalhas da mesma laia!
Nós conhecemos bem a força dos americanos. Que o digam os Açores!
Mas ó Nuno, o que exatamente aconteceu --ou está acontecendo-- entre os 'estadunidenses' e os Açorianos?
Os EUA (e o Canadá) deportaram para os Açores 1.175 emigrantes portugueses nos últimos 25 anos, indica um estudo apresentado em Ponta Delgada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores.
O documento, que descreve os efeitos e causas sociais da emigração nesta região autónoma, baseia-se em dados fornecidos pelos dois países, principais destinos da emigração dos Açores, e identifica que os EUA são o "principal emissor de cidadãos deportados" para o arquipélago.
As deportações dos EUA representam 78,7 por cento do total das que foram contabilizadas até ao primeiro trimestre de 2012. Um documento refere que, desde 1930, as autoridades dos EUA concederam 280 mil autorizações de residência legal permanente a cidadãos portugueses, supondo-se que a esmagadora maioria provenientes dos Açores, sobretudo nas décadas de 60 e 70.
Este estudo, apresentado em Ponta Delgada pelo Centro de Estudos Sociais da Universidade dos Açores, indica que, entre os 1.175 casos de deportação contabilizados desde 1987, quase 57 por cento aconteceram nos últimos 10 anos.
Não desfazendo, achei que o problema fosse maior... Algo como uma invasão ou uma grande agressão territorial, já que os FDPs teem base lá desde a II Grande Guerra.
De qualquer forma, a questão denota uma visão 'racista' (no caso anti-latina) da chamada "democracia" estadunidense que, reza a lenda convive e aceita todas as raças e credos e bláu, bláu, bláu, bláu e bláááu...
Pôrra Olivieri, quando você afirma: "...achei que o problema fosse maior...", o que que é isso?
A questão é grave para os Açorianos, um povo emigrante que é expulso do país que escolheu; como você mesmo disse: por explícita discriminação racial.
Quero dizer com tudo isso, querido, que o problema é tão grave quanto os que você enumerou, a saber: "uma invasão ou uma grande agressão territorial"..
Certamente, Ana Paula, fiz um comentário sem tê-lo revisado anteriormente, o que, certamente causou enmbaraços...
Errei ao dizer: "Não desfazendo, achei que o problema fosse maior...", coisa que logo depois corrigí ao dizer: "(...) De qualquer forma, a questão denota uma visão 'racista' (no caso anti-latina)...".
Mas obrigsdo pelo justíssimo "esporro".
O imperialismo tornou-se imperial mesmo!
J. Caesar
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