2012, o ano que não terminou
Infeliz ou até felizmente, assisti a retrospectiva do ano da
Rede Globo em sua reprise no canal GloboNews.
Uma demonstração claríssima de como falar sobre tudo e não dizer nada sobre
alguma coisa. Uma técnica que, aliás, é marca registrada da emissora.
São frases cortadas, raciocínios incompletos, cenas não
explicadas. Tudo feito de forma perfeita para que ao se chegar ao final o
espectador na se lembre de quase nada do que foi mostrado ao longo de quase um
hora. A ciência da desinformação...
E quando disse: “... ou até felizmente...” é porque é sempre
importante comprovar na prática aquilo que sempre falamos, mas nem sempre assistimos,
até porque não sou um espectador assíduo da emissora.
Mas 2012 foi um ano que não terminou --ou se explicou-- por
outros motivos. Taí o “Mensalão” e seu longo e caro processo que chegou ao seu
ápice sem um desfecho muito claro. Ou com um “cheirinho de pizza” no ar. Quem
garante que penas serão cumpridas? Quem é capaz de afirmar que pela primeira
vez as elites vão mesmo ser presas? Chegou o fim do ano... E com ele o recesso.
O ano que vem, bem, o ano que vem a conversa pode ser outra.
O jogo político no Brasil é cercado de jogos viciados. E
entre eles a chantagem é um dos que mais pesam. A “oposição” tem o rabo preso e
o pé na lama. O risco eminente de uma CPI do Valereoduto envolvendo o PSDB e
acusações recentes contra Álvaro Dias pode desarticular todas as jogadas desta
dita oposição depois do carnaval. Na verdade, a classe política se defende como
um todo acusando-se e defendendo-se de “pecados” muito semelhantes.
Até agora, o que aconteceu foi um grande show da mídia, que
pode ser rapidamente substituído por outro qualquer, mormente em ano de eleições
e Copa das Confederações. Um prato feito para se trocar de assunto. Por outro
lado, a crise nos Estados Unidos e seu “abismo fiscal”, cada vez mais evidente,
reflexo da crise do capitalismo mundial e a precária situação na Europa, podem
de um momento para outro se transformarem nas notícias do momento. E tudo
indica que sim!
Obama, apesar de estar em seu último governo, poderia até
mudar a sua política e tornar-se mais incisivo em direção à “esquerda”. Mas,
particularmente não creio que o fará. Ele já provou por A mais B que é incapaz
de peitar alguma atitude em prol das classes menos privilegiadas. Pelo
contrário, está comprometido até o fundo com o 1% que o mantem no poder. O
resto é discurso e mise-en-cène. Simplesmente...
Enquanto isso, aqui na América ao sul do Rio Bravo, o
agravamento da doença de Hugo Chávez só faz aumentar as nuvens cinzentas sobre
o futuro. Uma chance para o imperialismo consolidar posições frente à sua maior
e efetiva oposição.
3 comentários:
Na verdade a retrospectiva da Globo é um exemplo das coisas que não terminam!
Realmente!
O que mais me preocupa de fato é o estado da saúde de Chávez. Está de mal a pior!
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