sexta-feira, 14 de março de 2014

A desgraçada situação da Hungria sob o sistema capitalista




Jorge Vital de Brito Moreira

Sinto indignação quando  observo tanta gente inteligente iludida e mistificada pela propaganda da mídia corporativa dos EUA! Para inicio de conversa é preciso falar e escrever que se queremos defender a possibilidade de existência de uma sociedade democrática neste planeta no futuro, temos de levantar as nossas vozes em defesa dos países e dos povos invadidos e saqueados pelos EUA; e denunciar, através de blogues progressistas e mídia alternativa,  o papel dos meios de comunicação de massas em prol do imperialismo estadunidense.
Não nos deixemos enganar: os grandes jornais, as revistas, os canais de TV e os filmes holywoodianos, são, na sua imensa maioria, veículos da permanente desinformação do povo estadunidense. Estes meios estão acostumados a enganar a opinião publica mundial sem nenhuma vergonha ou escrúpulos morais. Eles funcionam como o Ministério de Propaganda do Governo e do Poder Corporativo desta nação. Assim, eles são incansáveis no seu esforço para ajudar ao governo na tarefa de denegrir a Rússia, a China, a Venezuela; enfim, a qualquer nação que se atreva a questionar ou a tratar de impedir a expansão, a anexação e a dominação politica-econômico-militar-territorial do imperialismo estadunidense.

A ultima campanha propagandista do governo e da mídia corporativa dos EUA que estamos presenciando é pintar a Rússia e seu presidente com os piores adjetivos que possam existir. Por que? Porque o presidente russo Putin (em vez de atuar como o bêbado Boris Yeltsin ou o deslumbrado Mikhail Gorbachev, que traiam a União Soviética por qualquer garrafa de vodka ou caros abrigos de peles) decidiu oferecer resistência e defender os interesses do povo russo (e sua cultura eslava) contra a sanha anexadora dos EUA, da Europa ocidental e da OTAN sobre o leste europeu. O escritor-jornalista Stephen F. Cohen, editor do jornal the Nation e professor de Russian Studies and History na New York University, descreve com indignação a cobertura propagandística que realizam os meios dos EUA sobre a Rússia como um “tsunami de artigos politicamente incendiários, vergonhosamente falsos e carentes de toda profissionalidade” (“tsunami of shamefully unprofessional and politically inflammatory articles in leading newspapers and magazines” portraying Russia in a narrow-minded way, missing some larger things happening in the region) (1). Por outro lado, a mídia corporativa dos EUA realiza uma gigantesca apologia deste sistema celebrando interminavelmente a globalização neoliberal capitalista,  tratando de oferecer aos povos do leste europeu que se deixem conquistar, uma sedutora recompensa econômica e moral (ainda que os EUA não tenham nenhuma condição moral a oferecer) equivalente ao paraíso na terra.

             Se pudéssemos neutralizar  o caráter falsificador da mídia corporativa e informássemos honestamente qual é a realidade sócioeconômica atual dos países que foram seduzidos pelo discurso neoliberal e caíram na estupidez de entrar para o sistema capitalista, grande parte da fantasia e consenso obtido em prol  do modelo capitalista desapareceria.
 E podemos ter uma prova do que acabo de me referir se escutamos a letra da composição musical "Rendszerváltás (A Nagy Csalódás)"- “A Decepção com a Mudança de Sistema”-  que trata da situação desgraçada que se abateu na Hungria depois que saiu do socialismo e entrou no capitalismo.  
Assim, Mouksa, o ex-cantor/compositor/guitarrista dos “Psychedelic Cowboys” (Cowboys psicodélicos) uniu-se com o letrista e presidente da ATTAC, Hungria (2),  Matyas Benyik em agosto de 2013, para escrever esta canção sobre os sentimentos generalizados da decepção com os resultados da mudança de sistema na Hungria desde 1990. A composição musical "Rendszerváltás (A Nagy Csalódás)"- “A Decepção com a Mudança de Sistema”- quer ir além da medíocre política partidária para falar das terríveis condições da realidade da desigualdade social que explode na forma da pobreza, da falta de emprego e da falta de moradia generalizada na Hungria durante os últimos 25 anos de capitalismo. Em seguida colocarei o link do vídeo com a gravação que foi feita pela nova banda de Mouksa, “The Mouksa Underground” nesse mes de fevereiro de 2014. Também colocarei em seguida a tradução para a língua portuguesa. A composição foi realizada em húngaro, mas a tradução que fiz para o português foi baseada na tradução à língua inglesa.



Por mais de vinte anos 
Temos estado à espera da vida boa
Para o cidadão comum
Em vez de riqueza tem pobreza
Exploração sem limites
Esta é a grande mudança de sistema
Isto é o que você esperava
Sem casa. Sem comida. Sem trabalho.
Mas isso é o que nos foi prometido que não  aconteceria
Os poderosos nos devoram
Os pobres sofrem todos os dias.
Esta é a grande mudança de sistema
Isto é o que você esperava
Quando haverá uma mudança real?
Quando haverá um mundo que vale a pena?
Quando haverá uma solução decisiva?
Quando este sistema econômico for abandonado para sempre
Esta é a grande mudança de sistema
Isto é o que você esperava 

Over twenty some years now
We've been waiting for the good life
For the average citizen
Instead of wealth we have poverty
Unrestrained exploitation
So this is the big system change
So this is what you waited for
No housing, no food, no work
But that's what was assured wouldn't happen
Those on top prey upon us
The poor suffer everyday
So this is the big system change
So this is what you waited for
When will real change occur?
When will there be a livable world?
The ultimate solution will arise
When this economic system is forever abandoned
So this is the big system change
So this is what you waited for
There is no solution but revolution

Não há outra solução que não seja a revolução

1) Vejam a contribuição de Stephen F. Cohen para Here and Now no link abaixo: http://hereandnow.wbur.org/2014/02/20/media-coverage-russia

2) ATTAC é uma organização internacional envolvida no movimento alternativo contra a globalização. ATTAC se posiciona contra a globalização neoliberal e trata de desenvolver alternativas sociais, ecológicas e democráticas como um modo a garantir os direitos humanos fundamentais para todos os seres humanos explorados.


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