terça-feira, 16 de março de 2010

Mais sobre a crise do metrô

A privatização do metrô do Rio de Janeiro em 1998 foi um crime inafiançável. Ora, desde que aconteceu tem sido evidente a sua decadência.
Não me refiro à ampliação das obras, pois estas são feitas pelo governo, o que aliás torna a Opportrans (1) uma simples geradora de lucros e “manutenção”. Manutenção esta, que, aliás, tornou-se visivelmente questionável.
O metrô é limpo, embora já tenha sido mais. Mas à custa do lucro gerado pela propaganda estampada nas estações e nos trens, que cresceu bastante. De resto decaiu ao ponto de na Linha 1 terem reduzido um vagão em suas composições. Outro dia levei um susto, mas tive que correr porque o último estava desfalcado. Justo no lugar em que eu esperava. Pelo menos no carro em que entrei o ar estava a funcionar.
Quando o serviço foi inaugurado, em 1979, era pequeno porem decente. Os vagões eram modernos, o ar condicionado era perfeito em todos eles. Transportava pouca gente pelo fato de ter uma extensão mínima. Mas, poucos anos depois a Linha 1 já era quase o que é a atual, que hoje soma 38 km. Só não chegava a Copacabana (1998) e Ipanema (2009). Obras realizadas com o dinheiro de nossos impostos.
O advento da Linha 2 em 1983 (hoje com 24 km) aconteceu tambem na fase pré-privatização. Mas não gerou tumulto algum. Apenas encheu mais as plataformas da estação Estácio que servia de transposição de uma linha para a outra. Mas isto acontece em qualquer metrô do mundo. Até para evitar a conexão em Y, que eu só conhecera no metrô de Lisboa (2).
Carros velhos (30 anos de uso) circulam entre as duas linhas com defeitos no ar condicionado, goteiras em muitas das unidades e outras “coisinhas” mais. E o pior, o tal do novo traçado da Linha 2 gerou esta redução de composições. Era sabido que havia necessidade de novos trens para realizar a mudança operacional. Mas os novos trens só chegam em finais do próximo ano.
Até lá, como fica? Do jeito que está tende a piorar.
Ainda bem que o Ministério Público está a acionar a Opportrans. Agora vão exigir uma multa alta da operadora. E talvez voltar à bifurcação no Estácio até que cheguem as tão anunciadas novas composições.
Sou a favor de uma intervenção na empresa; que esta tenha cassada a sua concessão e que o metrô volte a ser propriedade do estado, seja o estadual, a prefeitura ou ambos, na verdade os responsáveis pela construção de novas linhas. Para que entregar a uma empresa de origem duvidosa que demonstra a cada instante não estar investindo praticamente nada em sua conservação?

(1) Leia-se Grupo Opportunity do corrupto Daniel Dantas.
(2) Com o novo traçado e a grande ampliação por que passou, o metrô de Lisboa suprimiu o famoso Y. Hoje o metrô de Lisboa possui mais de 40 km de extensão, sendo maior do que o carioca.

6 comentários:

Ieda Schimidt disse...

É mesmo lamentável a situação do metro do Rio. Naõ deveria ter sido privatizado.
Mas em termos de linhas não está muito longe do de São Paulo que tem pouco mais de 55 km, que também é pequeno, principalmente em se levando em consideração a população da cidade.
O da cidade do México (que começou a ser construido no mesmo ano do de SP) tem mais de 200 km.
É hoje um dos maiores do mundo.

Jonga Olivieri disse...

Bem informada sobre metrôs do mundo, hem?
Eu tambem gosto demais. Acho um meio de tranporte de massas muito eficiente e pouco poluitivo.
Em todas as cidades que visitei andei nem que fosse uma ou duas estações só para conhecer.
Viajei em cerca de 14 metrôs.

Jonga Olivieri disse...

E a situação do metrô do Rio não é somente lamentável. É calamitosa!

maria disse...

Li alguma coisa sobre esses problemas do metrô do Rio de Janeiro.
Mas o problema maior éo de cidades como Forteleza e Salvador que têm enfrentado dificuldades para inaugurar os seus metrõs.

Jonga Olivieri disse...

E o pior é que Teresina tem o seu desde 1991.
É pequeno (12 km) mas está a passar por uma expanção.
E aqui entre nós, 12 km em Teresina é bem melhor do que os 55 de São Paulo.
Ou não?

Jonga Olivieri disse...

Apenas para complementar, noícia lida hoje diz:
"A juíza Maria da Penha Victorino, da 6ª Vara Empresarial, considera que a inauguração da conexão direta Pavuna-Botafogo (Linha 1A) do metrô, no fim de 2009, foi “precipitada”. A conclusão faz parte de decisão em que ela dá 30 dias para a concessionária solucionar problemas como superlotação e panes.
Para a juíza, os passageiros não podem esperar a chegada dos novos trens, no ano que vem, para ter acesso a um bom serviço. Segundo ela, as panes devem ser solucionadas imediatamente, pois, já que o contrato de prestação do serviço foi prorrogado até 2038, “a concessionária tinha muito tempo para inaugurar a Linha 1A em condições adequadas de operação”."
Fonte: O Dia Online