Agostinho Neto, além de líder revolucionário e libertador de Angola do jugo da colonização portuguesa (1), foi um grande poeta. Aqui a minha homenagem à sua personalidade marcante com uma poesia de sua autoria:
Fogo e ritmo
Sons de grilhetas nas estradas
cantos de pássaros
sob a verdura úmida das florestas
frescura na sinfonia adocicada
dos coqueirais
fogo
fogo no capim
fogo sobre o quente das chapas do Cayatte.
Caminhos largos
cheios de gente cheios de gente
em êxodo de toda a parte
caminhos largos para os horizontes fechados
mas caminhos
caminhos abertos por cima
da impossibilidade dos braços.
Fogueiras
dança
tamtam
ritmo
Ritmo na luz
ritmo na cor
ritmo no movimento
ritmo nas gretas sangrentas dos pés descalços
ritmo nas unhas descarnadas
Mas ritmo
ritmo.
Ó vozes dolorosas de África!
1. A “colonização
portuguesa”, ao final dos anos fascistas de Salazar era algo imcompreensível.
Como podia um país atrasado, um dos poucos da Europa no terceiro mundo manter
um tão vasto “império d’ultramaire”? Somente mesmo com a exploração e o
sacrifício do trabalhador lusitano.
2 comentários:
Agostinho Neto foi um corajoso revolucionário e um artista sensível que morreu em Moscovo, às vésperas de completar 57 anos a 10 de Setembro de 1979.
Formou-se em Medicina na Universidades de Coimbra.
Intelectual, escreveu 'Quatro Poemas', 'Poemas', 'Sagrada Esperança' e 'A Renúncia Impossível' (poesia) além de 'Quem é o inimigo… qual é o nosso objectivo?', 'Destruir o velho para construir o novo' e 'Ainda o meu sonho' (políticos).
Em 1975 foi-lhe atribuido o 'Prémio Lenine da Paz'.
Governou Angola de Novembro de 1975 a Setembro de 1979, quando o cancro seifou sua vida.
Belo poema!
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