quarta-feira, 29 de agosto de 2018

O imperialismo acelera o bote para um golpe militar na Venezuela


A mídia internacional burguesa desgasta o governo Maduro e esconde o dedo dos EUA em uma crise provocada pelo capital ianque, suas sanções e boicotes à Venezuela. Alem de toda a propaganda canalha desta imprensa ligada aos setores mais próimperialistas – que não se acanham em chamar Maduro de ditador -, o imperialismo já disparou uma série de boicotes contra a Venezuela. E com esses boicotes, os estadunidenses não somente esperavam levar a economia Venezuelana à ruína, como estão de fato conseguindo.

Aqui no Brasil a grande mídia comenta enfaticamente a evasão de venezuelanos (mormente os que migram para o país (1) – via Roraima), as prateleiras vazias em supermercados e farmácias, e a inflação de 1.000.000%. Para alem disso, o desgaste da imagem de Maduro, colocando-o como um ridículo “bobo da corte”, enquanto na verdade ele já provou sua força por resistir aos criminosos governos estadunidenses (Obama e Trump) ao longo dos últimos anos.

O imperialismo, embora tenha conseguido depor muitos governos nos últimos anos, como o do Brasil e o de Honduras, ainda não conseguiu derrubar o presidente Nicolás Maduro. As investidas golpistas teem sido várias; no entanto, ainda não surtiram o efeito esperado. Embora já colecione derrotas nos confrontos contra o chavismo, o imperialismo continua tentando desgastar cada vez mais o governo legítimo da Venezuela.

Enquanto isso, um porta-voz da extrema direita no Congresso estadunidense pediu descarada e publicamente um golpe militar contra o governo de Nicolás Maduro. A ameaça contra o povo venezuelano é tambem uma ameaça a todos os povos latinoamericanos e um reforço à direita e aos militares fascistas que pretendem executar um novo golpe no Brasil antes das próximas eleições presidenciais, caso não consigam números suficientes nas pesquisas (2) para eleger Bolsonaro, seu candidato.

O senador do Partido Republicano, Marco Rubio, declarou recentemente que “o mundo apoiaria um golpe militar” na Venezuela. Ao falar em nome do “mundo”, é preciso que fique claro, Rubio se referia ao imperialismo ianque, o dono do mundo. A condição para este apoio, segundo ele, seria o comprometimento dos militares com a “proteção do povo” e o “restabelecimento da democracia, removendo um ditador”.

Ele apelou abertamente as forças armadas venezuelanas a se “rebelar”. “O regime de Maduro é um governo ilegítimo que trouxe sofrimento e miséria para o povo da Venezuela”, disse. “Enquanto ele permanecer no poder não há esperança para o retorno da democracia”. O republicano do estado da Flórida é um expoente do “Tea Party”, a ala de extrema direita dentro do Partido de Donald Trump.

Dias antes, Rex Tillerson discursou na Universidade do Texas dizendo que “na história da Venezuela e dos países sulamericanos, os militares frequentemente são agentes da mudança quando as coisas estão tão ruins e os governos não servem mais ao povo”. e “Quando a paciência do povo acaba, os militares conduzem uma transição pacífica”. Na ocasião, Trump acenou com a possibilidade de uma operação militar. “Uma opção militar pode ser conduzida”, disse. O Pentágono, é claro, negou que estivesse planejando um golpe (rs).

O Partido Democrata, por sua vez, reforça esta política. O senador pelo estado de Nova Jérsei, Bob Menendez, reivindicou mais sanções do governo à Venezuela como resposta à suposta repressão do governo Maduro contra a oposição. As declarações não deixam dúvidas. O governo dos Estados Unidos, os serviços de inteligência, a CIA estão organizando ativamente um golpe militar na Venezuela.

Os representantes do imperialismo falam em “restabelecer a democracia”, o que significaria impor um governo constitucional após o golpe. Para eles, é desejável estabelecer um regime de tipo ditatorial sob uma fachada parlamentar, legal. Seria mais fácil controlar a situação, mas trata-se de uma operação complexa, que depende do nível de tensão política. Dada a situação na Venezuela, em que claramente a maioria da população está ao lado do governo nacionalista de Nicolás Maduro, um golpe militar teria que se desenvolver em uma ditadura militar para esmagar a resistência das organizações do movimento operário e popular.

Uma intervenção como esta pode levar a uma crise total na Venezuela e não se pode descartar também a possibilidade de uma guerra civil. A direita vem conseguindo avanços desde o impeachment de Dilma Rousseff e a eleição de Maurício Macri na Argentina. E conseguiu impedir que Rafael Correa se reelegesse no Equador.

Esta mobilização em torno ao golpe militar na Venezuela é também parte preparação para um novo golpe de Estado no Brasil e, com isso, a abertura da possibilidade de novos golpes militares em todo o continente. Na medida em que a tensão aumenta, em que a perspectiva de reação popular coloca um obstáculo ao plano de golpes sob a via “legal”, o imperialismo deixa claro que o caminho está desimpedido para um golpe militar e sua consequência mais provável, uma ditadura militar. A via “institucional”, em tese indolor, é preferível, mas as evidências de que uma operação de força está em preparação são incontestáveis.

As ditaduras não estão excluídas do repertório do imperialismo para controlar a crise política em todo o continente latinoamericano. Não se trata simplesmente de um esforço para manter sua dominação sobre a economia destes países. É uma questão de sobrevivência, que se mede apenas pela relação entre o custo de uma ditadura e o de deixar que a situação política fique fora de controle.

A única defesa dos povos latinoamericanos contra o imperialismo é a sua mobilização, a luta política travada pelas massas nas ruas contra a direita golpista.



1. apesar do rebu sobre a “invasão” de venezuelanos no Brasil, apenas uma pequena parte deles vem para cá, enquanto a grande maioria vai para a Colômbia, o Equador e o Peru. Até pela facilidade da língua espanhola que facilita sua adaptação a um novo país, enquanto aqui falamos o português.



2. no momento, o “capitão” Jair Bolsonaro está à frente nas pesquisas de intenção de votos sem a participação do ex presidente Lula, mas nada impede que este quadro se altere pois dia 31/08 é o início da propaganda eleitoral gratuita na TV.

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