A mídia internacional burguesa
desgasta o governo Maduro e esconde o dedo dos EUA em uma crise provocada pelo
capital ianque, suas sanções e boicotes à Venezuela. Alem de toda a propaganda
canalha desta imprensa ligada aos setores mais próimperialistas – que não se
acanham em chamar Maduro de ditador -, o imperialismo já disparou uma série de
boicotes contra a Venezuela. E com esses boicotes, os estadunidenses não
somente esperavam levar a economia Venezuelana à ruína, como estão de fato
conseguindo.
Aqui no Brasil a grande mídia comenta
enfaticamente a evasão de venezuelanos (mormente os que migram para o país (1) –
via Roraima), as prateleiras vazias em supermercados e farmácias, e a
inflação de 1.000.000%. Para alem disso, o desgaste da imagem de Maduro,
colocando-o como um ridículo “bobo da corte”, enquanto na verdade ele já provou
sua força por resistir aos criminosos governos estadunidenses (Obama e Trump)
ao longo dos últimos anos.
O imperialismo, embora tenha
conseguido depor muitos governos nos últimos anos, como o do Brasil e o de
Honduras, ainda não conseguiu derrubar o presidente Nicolás Maduro. As
investidas golpistas teem sido várias; no entanto, ainda não surtiram o efeito
esperado. Embora já colecione derrotas nos confrontos contra o chavismo, o
imperialismo continua tentando desgastar cada vez mais o governo legítimo da Venezuela.
Enquanto isso, um porta-voz da
extrema direita no Congresso estadunidense pediu descarada e publicamente um
golpe militar contra o governo de Nicolás Maduro. A ameaça contra o povo
venezuelano é tambem uma ameaça a todos os povos latinoamericanos e um reforço
à direita e aos militares fascistas que pretendem executar um novo golpe no
Brasil antes das próximas eleições presidenciais, caso não consigam números suficientes
nas pesquisas (2) para eleger Bolsonaro, seu candidato.
O senador do Partido
Republicano, Marco Rubio, declarou recentemente que “o mundo apoiaria um golpe
militar” na Venezuela. Ao falar em nome do “mundo”, é preciso que fique claro,
Rubio se referia ao imperialismo ianque, o dono do mundo. A condição para este
apoio, segundo ele, seria o comprometimento dos militares com a “proteção do
povo” e o “restabelecimento da democracia, removendo um ditador”.
Ele apelou abertamente as forças
armadas venezuelanas a se “rebelar”. “O regime de Maduro é um governo ilegítimo
que trouxe sofrimento e miséria para o povo da Venezuela”, disse. “Enquanto ele
permanecer no poder não há esperança para o retorno da democracia”. O
republicano do estado da Flórida é um expoente do “Tea Party”, a ala de extrema direita dentro do Partido de Donald
Trump.
Dias antes, Rex Tillerson
discursou na Universidade do Texas dizendo que “na história da Venezuela e dos
países sulamericanos, os militares frequentemente são agentes da mudança quando
as coisas estão tão ruins e os governos não servem mais ao povo”. e “Quando a
paciência do povo acaba, os militares conduzem uma transição pacífica”. Na ocasião,
Trump acenou com a possibilidade de uma operação militar. “Uma opção militar
pode ser conduzida”, disse. O Pentágono, é claro, negou que estivesse
planejando um golpe (rs).
O Partido Democrata, por sua
vez, reforça esta política. O senador pelo estado de Nova Jérsei, Bob Menendez,
reivindicou mais sanções do governo à Venezuela como resposta à suposta
repressão do governo Maduro contra a oposição. As declarações não deixam
dúvidas. O governo dos Estados Unidos, os serviços de inteligência, a CIA estão
organizando ativamente um golpe militar na Venezuela.
Os representantes do
imperialismo falam em “restabelecer a democracia”, o que significaria impor um
governo constitucional após o golpe. Para eles, é desejável estabelecer um
regime de tipo ditatorial sob uma fachada parlamentar, legal. Seria mais fácil
controlar a situação, mas trata-se de uma operação complexa, que depende do
nível de tensão política. Dada a situação na Venezuela, em que claramente a
maioria da população está ao lado do governo nacionalista de Nicolás Maduro, um
golpe militar teria que se desenvolver em uma ditadura militar para esmagar a
resistência das organizações do movimento operário e popular.
Uma intervenção como esta pode
levar a uma crise total na Venezuela e não se pode descartar também a
possibilidade de uma guerra civil. A direita vem conseguindo avanços desde o impeachment
de Dilma Rousseff e a eleição de Maurício Macri na Argentina. E conseguiu impedir
que Rafael Correa se reelegesse no Equador.
Esta mobilização em torno ao
golpe militar na Venezuela é também parte preparação para um novo golpe de
Estado no Brasil e, com isso, a abertura da possibilidade de novos golpes
militares em todo o continente. Na medida em que a tensão aumenta, em que a
perspectiva de reação popular coloca um obstáculo ao plano de golpes sob a via
“legal”, o imperialismo deixa claro que o caminho está desimpedido para um
golpe militar e sua consequência mais provável, uma ditadura militar. A via
“institucional”, em tese indolor, é preferível, mas as evidências de que uma
operação de força está em preparação são incontestáveis.
As ditaduras não estão excluídas
do repertório do imperialismo para controlar a crise política em todo o
continente latinoamericano. Não se trata simplesmente de um esforço para manter
sua dominação sobre a economia destes países. É uma questão de sobrevivência,
que se mede apenas pela relação entre o custo de uma ditadura e o de deixar que
a situação política fique fora de controle.
A
única defesa dos povos latinoamericanos contra o imperialismo é a sua
mobilização, a luta política travada pelas massas nas ruas contra a direita
golpista.
1. apesar do rebu sobre a “invasão”
de venezuelanos no Brasil, apenas uma pequena parte deles vem para cá, enquanto
a grande maioria vai para a Colômbia, o Equador e o Peru. Até pela facilidade
da língua espanhola que facilita sua adaptação a um novo país, enquanto aqui
falamos o português.
2. no momento, o “capitão” Jair
Bolsonaro está à frente nas pesquisas de intenção de votos sem a participação
do ex presidente Lula, mas nada impede que este quadro se altere pois dia 31/08
é o início da propaganda eleitoral gratuita na TV.
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