Um dia depois de ser anunciado como o candidato a
vice na chapa de Jair Bolsonaro (PSL), o general da reserva Hamilton Mourão fez
uma declaração infeliz na noite da última segunda-feira (6), na qual os seus
alvos foram os negros e os indígenas.
"E o nosso Brasil? Ainda existe o famoso
'complexo de vira-lata' aqui no nosso país, infelizmente", disse. "(...)
Temos uma certa herança da indolência, que vem da cultura indígena. E a
malandragem. Que é é oriunda do africano", afirmou.
A declaração do general Mourão foi feita durante um
evento em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, sob o contexto das condições de
subdesenvolvimento do Brasil e da América Latina, em relação a outros países.
"Então, esse é o nosso cadinho cultural", completou.
Ao ter relacionado os negros à malandragem e os indígenas
à indolência, Mourão foi acusado de racismo. Em sua defesa, porém, disse que
seu comentário não foi racista, mas "muito pelo contrário".
Além das críticas recebidas nas redes sociais, o
comentário do general Mourão
também foi alvo da reprovação por parte dos demais presidenciáveis. Afinal,
pelo menos o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, e a candidata da Rede, Marina
Silva, comentaram sua declaração.
Boulos afirmou que Bolsonaro e Mourão são a junção
do "preconceito" e a "estupidez". Marina, por sua vez,
avaliou o comentário como preconceituoso e alertou: "Extremismo e racismo
são uma combinação perigosa. Não podemos tolerar racismo numa corrida presidencial".
Manuela D'Ávila disse que "o que o Brasil
herdou, como demonstra a fala do general, foi um racismo abjeto, oriundo de
mais de 300 anos de escravidão".
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo , o
candidato Jair Bolsonaro não
quis comentar a declaração do seu vice. Pelo contrário, disse que isso é
assunto exlusivamente de Mourão. "Ele que explique para vocês, se é que
ele falou. Eu não tenho nada a ver com isso", afirmou.
A fala do vice
de Bolsonaro lhe rendeu uma posição nos assuntos mais comentados do
Twitter nesta terça-feira (7).
1. Febeapá: Festival de Besteiras
que Assola o País é uma expressão criada por Stanislaw Ponte Preta (Sergio Porto)em
1966 no jornal Última Hora, que originou três livros criticando os militares no
poder após o golpe de 1964.
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