O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra) ocupou, no sábado 22, uma fazenda de cultivo de milho no interior do Rio
Grande do Sul em protesto contra a possível nomeação da senadora Kátia Abreu ¹
(PMDB-TO) para o Ministério da Agricultura.
A indicação da senadora, presidente da CNA
(Confederação Nacional da Agricultura), foi rechaçada por movimentos sociais e
setores mais à esquerda do próprio partido da presidente Dilma Rousseff, o PT.
Na ação de sábado, cerca de 2 mil membros do MST
e outros movimentos camponeses ocuparam a Fazendo Pompilho, à beira da BR 158,
que liga a cidade de Palmeira das Missões, no Rio Grande do Sul, à região oeste
de Santa Cantarina. Eles participavam de um acampamento internacional dos
movimentos agrários no município gaúcho antes de invadirem a fazenda de um
ex-prefeito da cidade.
O protesto na propriedade que, segundo o MST,
mantém 2 mil hectares de cultivo de milho transgênico, é a primeira
manifestação por parte do movimento agrário depois de ter sido divulgada a
informação sobre a escolha da senadora como futura ministra da Agricultura no
segundo mandato do governo Dilma.
Ruralista, Kátia Abreu é considerada por
dirigentes do MST um “símbolo do agronegócio”. “Katia Abreu é símbolo do
agronegócio, que tem como lógica a terra para produção de mercadorias, com uso
intensivo de agrotóxicos e sementes transgênicas destruindo os recursos
naturais e a saúde dos trabalhadores e de toda a população˜, disse Raul Amorim,
da coordenação da juventude do MST.
1. Recentemente,
como presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Kátia
Abreu contratou a organização Contas Abertas para descobrir quanto custou e
quem produziu a Campanha de TV e rádio "Carne Legal" (a campanha se
constitui de três peças intituladas "Churrasco de desmatamento",
"Picadinho de trabalho escravo" e "Filé de lavagem de dinheiro"),
encomendada pelo Ministério Público Federal.
Kátia
também defende a política de uso de sementes alteradas em laboratório
patenteadas por grandes corporações de biotecnologia como a Monsanto. O uso
dessas sementes é muito polêmica, pois não está claro o quão prejudicial é para
a população. Muitos países proíbem ou limitam o seu uso, pois estudos indicam
que podem causar diversos problemas a médio e longo prazo como, entre outros:
problemas de saúde para produtores e consumidores, aumento no uso de
agrotóxicos e aditivos nocivos, dependência exclusiva do produtor com as
empresas de biotecnologia, extinção de sementes naturais e monopólio das
empresas de biotecnologia e a conivência do Estado com propriedades
improdutivas.
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