segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Carnaval de Arlequim - Miró - 1924/25


Esta importante fase da vida de Miró é marcada pelas obras: O Carnaval de Arlequim, 1924-25, e Maternidade, 1924, pois inauguraram uma linguagem cujos símbolos de fantasia remetem a uma mescla de estilos: A arte naïf e o Surrealismo.

Naïf é a arte que é produzida por artistas sem preparação acadêmica na arte que executam, o que não implica que a qualidade das suas obras seja inferior. Caracteriza-se, em termos gerais, pela simplicidade e, por vezes, ausência de alguns elementos ditos característicos pelo academicismo.

Carnaval do Arlequim, a notável pintura de Miró – que revela inconfundivelmente seu estilo pessoal – consiste em inúmeros desenhos que exprimem uma espécie de autoanálise. Esta, por sua vez, foi obtida através de momentos de profunda concentração, abdicando inclusive de alimentar-se.

Mais tarde, ao recordar esse período de sua vida, em que alternava os verões em Montroig e os invernos em Paris, o próprio Miró diria que havia uma diferença básica entre eles e os colegas ligados ao surrealismo. Enquanto estes utilizavam substâncias artificiais para "abrirem livremente as portas da percepção", seu principal canal com o mundo da alucinação e do delírio era mesmo a fome. "Eu voltava tarde da noite para casa e, por falta de dinheiro, não jantava. Assim, rabiscava no papel as sensações que a fome provocava em meu organismo", revelaria. Sem conseguir vender um número suficiente de quadros que lhe permitisse uma vida apenas razoavelmente digna, Miró chegou a enfrentar o rigoroso inverno de 1925 tremendo de frio, pois não tinha recursos para sequer mandar consertar o aquecedor que estava quebrado.


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