domingo, 16 de dezembro de 2018

Pensatas de Domingo. Verdades e mentiras


No dia 14, publiquei neste Bogue uma postagem sobre os nove meses do assassinato de Marielle Franco e do motorista Anderson Pedro Gomes, e insistia que as conclusões são poucas e pouco convincentes. Dois dias depois, continuo a achar a mesmíssima coisa, apesar de tentarem dizer que não!

Alegam que uma testemunha revelou à polícia que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e o chefe de milícia de Curicica, Orlando Oliveira de Araújo, tramaram as mortes dos dois. Mas esta história não é de hoje! Prosseguindo: em quatro depoimentos — um feito à Polícia Federal, dois ao Exército, e outro à Delegacia de Homicídios (DH) — a citada (e desconhecida) testemunha disse ter presenciado quatro conversas entre Siciliano e Orlando, conhecido como “Orlando de Curicica”, desde junho de 2017. Quatro meses depois, Orlando foi preso, mas mesmo de dentro de Bangu 9 continuou a mandar na milícia. Em uma das conversas, a testemunha disse que Siciliano encontrou Orlando, que já estava foragido, e xingou Marielle, associando seu nome ao do deputado estadual Marcelo Freixo (1). Na ocasião, disse: "precisamos resolver isso logo". 

Segundo a versão, foi de dentro da penitenciária que Orlando teria dado a ordem para matar a vereadora. Um mês antes da execução, o plano começou a ganhar corpo com a clonagem do carro utilizado no crime. Além disso, quatro homens foram indicados para participar da execução.

A testemunha não soube afirmar com certeza qual seria o motivo da rixa entre Marielle e Siciliano. Mas disse que supõe que tenha sido a expansão das ações comunitárias da vereadora em comunidades na Zona Oeste, áreas majoritariamente dominadas pela milícia, algumas ainda sob influência do tráfico. Investigadores da DH descartaram a hipótese de queima de arquivo na morte do PM reformado Anderson Claudio da Silva, 48 anos, atingido por tiros de fuzil no Recreio dos Bandeirantes.

Inicialmente, a testemunha procurou a Polícia Federal e foi encaminhada para a Polícia Civil. Apesar dos depoimentos, ela ainda não entrou no programa de Proteção à Testemunha, pois seus relatos ainda não foram feitos judicialmente. A testemunha informou a policiais que estava saindo do Rio de Janeiro.

Na época da morte de Marielle, Siciliano divulgou uma nota de luto. "Durante o tempo em que esteve conosco, ela fez tudo pela sua localidade e estava sempre disponível para ajudar no que fosse necessário. Me solidarizo com a dor dos familiares e amigos. Podem contar comigo para ajudar no que for preciso", disse o parlamentar.
Em nota, Sicilliano negou as acusações. "Expresso aqui meu total repúdio a acusação de que eu queria a morte de Marielle Franco. Ela é totalmente falsa. Não conheço 'Orlando da Curicica' e acho uma covardia tentarem me incriminar dessa forma. Marielle, além de colega de trabalho, era minha amiga. Tínhamos projetos de lei juntos. Essa acusação causa um sentimento de revolta por não ter qualquer fundamento. Eu, assim como muitos, já esperava que esse caso fosse elucidado o mais rápido possível. Agora, desejo ainda mais celeridade".

Gente, li tudo isso fazem alguns meses. Não quero dizer com isso que não tenham sido eles os autores da bárbara ação. Pelo menos, até o momento foi o que de mais possível e crível foi divulgado. Mas sabemos o que o poder das milícias e sua força política é capaz de ocultar evitando que se cheguem aos verdadeiros mentores e executores do que de fato ocorreu no Estácio, na sangrenta noite de 14 de março deste ano. Afora o sigilo que cerca a investigação que não permite que se saia aos quatro ventos falando de nomes suspeitos com a finalidade de não afugentá-los. Isso procede e nos obriga a uma espera mais paciente.

O que virá por aí?

1. Freixo também foi ameaçado de morte esta semana, porém o plano para matá-lo foi descoberto a tempo.


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