No último dia 25 de novembro, um muro de uma
alameda em Maracanaú, Ceará, foi grafitado com a imagem de um beijo entre o
presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e o presidente dos Estados Unidos Donald
Trump. Criado pelo artista Yuri Sousa, de 21 anos, a obra faz alusão a um
icônico grafite do Muro de Berlim que mostrava um beijo fraternal entre dois
líderes do bloco soviético. O grafite no Ceará foi apagado em
menos de 48 horas depois de pintado.
Yuri Sousa, que assina seus grafites
como Bad Boy Preto, contou ao portal de notícias O Povo que o grafite era “uma resposta ou um contra-ataque por meio
da arte”. Não para constranger os que foram pintados, mas para colocar eles
(Trump e Bolsonaro) na mesma posição de quem (eles) são contra. No caso, os
homossexuais.
Ambos, Bolsonaro e Trump, são famosos
por suas declarações homofóbicas e discursos de ódio. Bolsonaro já chegou a
afirmar que “preferiria ter um filho morto a ter um filho gay, e que bateria em
dois homens que estivessem se beijando na rua.” Além disso, Bolsonaro tem
demonstrado grande afinidade com a figura de Donald Trump, chegando a bater
continência ao assessor de Trump, John Bolton, ao recebê-lo em sua casa no Rio
de Janeiro. Tal postura recebeu criticas pela oposição que a classificou como
subserviente e antipatriota.
Yuri afirmou também que esta foi a
primeira vez que teve um de seus grafites apagados. Ele faz grafites em
diversas cidades de seu Estado há três anos. Ele acredita que o grafite foi
apagado por algum apoiador de Jair Bolsonaro. “Dessa vez teve uma interpretação
política, logo foi contra a visão de algumas pessoas”, contou ao jornal O Povo.
Ele disse ainda que demorou cerca de 9 horas para concluir o trabalho.
A obra do brasileiro Yuri Sousa faz
alusão a um histórico grafite do Muro de Berlim que retratava um beijo entre o
russo Leonid Brejnev, secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética,
e o alemão Erich Honecker, presidente da Alemanha Oriental à época. O grafite,
do artista russo Dmitry Vrubel, ficou conhecido como Meu Deus, ajuda-me a sobreviver a este amor mortal e
era a reprodução de uma fotografia de 1979, em que Brejnev beijava Honecker na boca em um gesto de fraternidade
(comum em algumas regiões do leste europeu), durante o 30º aniversário da fundação
da Alemanha Oriental.
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